E passaram 23 dias, queria que fossem apenas boas notícias, mas não. Continuamos no caos total, novo confinamento, mortos todos os dias, e esta covid não parece querer abrandar. É inevitável falar dela. Toda a esperança que parecia vir com 2021 parece estar a desaparecer a cada dia que passa.
Vejo mais pedidos de ajuda, e os casos de pobreza extrema começam a ficar mais próximos. Por outro lado, os Estados Unidos viram-se livres de um Trump que se julgava o dono do mundo, e acredito que, no fundo, pensava que aquele lugar seria seu para sempre, parabéns USA.
E por cá, como estamos de política? Eu digo mal, mal como sempre, mas esta é altura certa para demonstrarmos que não estamos a dormir, e discursos fascistas não passam nem entram.
De onde venho, quando se falava em política, eu imaginava logo um tipo engravatado com um monte de gente à volta a distribuir umas bandeirinhas e umas canetas. Ele era fixe, dava coisas aqui ao pessoal das barracas e ficávamos todos contentes. Com o tempo o pensamento foi mudando e eu e muitos jovens metemos os políticos todos num saco e fechamos. Sinceramente, acho que voltei a falar e ter algum interesse por política depois dos 30.
Tenho visto por vários grupos de Whatsapp a preocupação e interesse em ir votar. Toda esta campanha da extrema direita tem ganho muitos apoiantes, mas também tem despertado muitos jovens que não vêem com bons olhos estas políticas e ideias da extrema-direita. Os jovens querem ir votar, querem fazer parte, querem dar cabo desses fascistas que só querem ver separação e desigualdade.
E, se o nosso poder é o voto, vamos começar a usá-lo. No meu meio posso, com certeza, dizer que sei de mais de 20 pessoas que vão votar pela primeira vez, porque acham que agora a situação é grave. Mais que nunca, as pernas estão a tremer, não podemos sequer imaginar o que seria deste país a ser liderado por um “artista” que defende tudo aquilo que está escrito no programa do seu partido, apesar de tentar fugir quando é confrontado para falar sobre as ideias que defendem.
Espero que o resultado seja histórico e que, quem nunca votou, e vai votar, se habitue e veja, assim, que o estado e o país somos todos nós.
Eu não tenho muitas dúvidas de que o professor Marcelo vai ser o grande vencedor destas presidenciais. O que é importante e devia ter uma especial atenção é onde vai ficar a extrema direita, isso, sim, acaba por ser o grande problema, e a força e apoio que vão ter. Esperemos que corra tudo pelo melhor e que tenham o pior resultado alguma vez visto, era bom era hehehe.
Sendo eu responsável por uma grande plataforma de divulgação , neste caso a Hip Hop Sou Eu, achei importante termos uma voz sobre este assunto e deixo aqui algumas palavras que foram escritas no nosso site pelo nosso colaborador Airton:
“No próximo dia 24 terão lugar em Portugal as eleições presidenciais. Em quase 47 anos de democracia, o país nunca teve um partido que a ameaçasse tanto quanto o partido de um dos candidatos destas eleições. Como agentes diretos da, ou apenas amantes, da cultura hip-hop, devemos saber o que ela representa. O hip-hop não tolera discursos de ódio, discriminação e divisão. O hip-hop representa o respeito, a igualdade e a união. A nossa cultura anda de mãos dadas com a verdade. Tal como entre nós não aceitamos que um wack seja a cara do movimento, não podemos aceitar que um wack seja a cara dos portugueses. Apelamos, assim, ao voto com consciência.” — Por Airton Caeser
Que 2021 deixe para trás a covid e todos os fascistas!!!
-Sobre Nuno Varela-
Nuno Varela, 36 anos, casado, pai de 2 filhos, criou em 2006 a Hip Hop Sou Eu, que é uma das mais antigas e maiores plataformas de divulgação de Hip Hop em Portugal. Da Hip Hop Sou Eu, nasceram projetos como a Liga Knockout, uma das primeiras ligas de batalhas escritas da lusofonia, a We Deep agência de artistas e criação musical e a Associação GURU que está envolvida em vários projetos sociais no desenvolvimento de skills e competências em jovens de zonas carenciadas.Varela é um jovem empreendedor e autodidata, amante da tecnologia e sempre pronto para causas sociais. Destaca sempre 3 ou 4 projetos, mas está envolvido em mais de 10.