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Diana Santiago: “O objetivo deste livro é fazer com que as crianças se sintam especiais”

Estávamos no ano de 2017 quando quis o destino levar até Diana Santiago, uma amante…

Texto de Isabel Marques

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Estávamos no ano de 2017 quando quis o destino levar até Diana Santiago, uma amante da escrita e da leitura, uma reportagem sobre o cancro infantil. Na altura, inquieta com o que vira não tardou em começar a investigar livros que aligeirassem o momento. Pesquisou, pesquisou, mas nada encontrou.

Face a isto, e como “estava ali sem nada para fazer durante uns tempos”, decidiu-se aventurar na escrita de um livro infantil. Assim, nasceu o Orcnac e o Segredo dos Invencíveis. Apesar de não haver certezas quanto ao seu lançamento há sim certezas quanto ao seu objetivo. Fazer com que as crianças, com doença oncológica, “sejam vistas como os super-heróis, os invencíveis, e que sejam, também, vistas como invencíveis/super-heróis pelas outras crianças”. A verdade é que aqui a palavra cancro não existe. Aliás, aqui, só existe o “mundo dos monstros salvados”.

À parte do contributo literário, o livro vai ainda apoiar materialmente através de um protocolo com o IPO do Porto. Assim sendo, parte dos direitos de autor, 50 cêntimos, reverterão para a ala de pediatria desta instituição.

O Gerador embarcou na leitura, com Diana Santiago, e foi tentar descobrir mais sobre o “mundo dos monstros salvados”. Ao longo da conversa, a autora procurou refletir sobre o propósito do livro, sobre a importância da Orcnac, personagem principal, e sobre o apoio material fornecido ao IPO–Porto.

Gerador (G.) – Em breve, vais lançar um livro infantil sobre a doença oncológica intitulado de Orcnac e o Segredo dos Invencíveis. Queres-nos explicar como surgiu esta obra? Já, agora porquê o público-alvo dos miúdos?

Diana Santiago (D. S.) – Isto é um bocadinho complicado porque eu já o escrevi em 2017, então já não me lembro muito bem dos pormenores.

Basicamente, eu sempre gostei de escrever para mim e houve uma altura em que estava numa fase de transição em que tinha acabado o mestrado, ia começar o estágio, e estava ali sem nada para fazer durante uns tempos. Vi uma reportagem sobre cancro infantil, e aquilo começou a mexer comigo, comecei a pensar naquilo.

Na altura, o que pensei é quão difícil deve ser passar por uma doença destas numa fase de excelência que é a infância. Portanto, comecei a investigar livros porque sempre gostei muito de ler, em criança, relacionados com este tema, que tivessem o objetivo de fazer com que esse momento fosse menos pesado. E, não encontrei. Encontrei, sim, livros a explicar a doença, de uma forma mais pedagógica, que faz todo o sentido, mas sentia que faltava ali alguma coisa. Então, decidi desafiar-me a mim própria e pensei que se não existe vou escrever um.

O único objetivo deste livro é fazer com que as crianças se sintam especiais, ou seja, que sejam vistas como os super-heróis, os invencíveis, e que sejam, também, vistas como invencíveis/super-heróis para as outras crianças. Até porque acredito que seja uma coisa estranha para as outras crianças verem o miúdo, de repente, sem cabelo.

Entretanto, a ideia surgiu… Primeiro o título que, anteriormente, era outro, Os Guerreiros de Orcnac, e a partir disto comecei a escrever. Eu acho que a primeira palavra do livro é um olá porque eu não sabia de todo o que ia escrever.

G. – Neste caso, a Orcnac é a personagem principal desta história. Porquê esta personagem? Que papel representa a Ornac para a narrativa?

S. D. – Orcnac é o anagrama do cancro e foi aí que surgiu a ideia do título. No fundo, o que ela representa é o contrário do cancro e o que faz é salvar o mundo dos monstros malvados.

G. – Que sensações pretendes despertar nos minileitores?

S. D. – Em relação às crianças que estão a passar pela doença oncológica, o que eu queria é que se sentissem extremamente especiais, uns super-heróis, e que trouxesse alguma leveza no período de tempo. Em relação às outras, queria que normalizasse, para que isto não fosse encarado com estranheza.

G. – Tendo em conta outros livros que conheças dentro do género infantil, com a mesma mensagem, em que aspetos achas que o teu livro se distingue dos existentes?

S. D. – Eu acho mesmo que é pegar num tema como o cancro e decidir que a palavra cancro não existe. Não existe mesmo. Eu nunca falo da palavra cancro, a não ser a contracapa, mas não é a história. Portanto, acho que se distingue nessa medida e também na medida em que não existe um foco na doença. O cancro não é tratado como uma doença, mas sim como monstros malvados.

G. – Como agora me falavas, o livro tem a particularidade de não abordar o cancro enquanto doença. Que estratégias usaste, ao longo deste, para dispersar o leitor da doença?

S. D. – Não sei bem porque não pensei sobre elas. O que pensei foi que ia escrever um livro que podia ser perfeitamente para crianças e, portanto, acho que isso tornou a estratégia. Aliás, se eu tirasse as últimas três palavras do livro já não era sobre o cancro.

G. – Para além do contributo literário, o livro vai ainda apoiar materialmente causas relacionadas com o tema. Podes-nos explorar de que modo irá funcionar estes apoios?

S.D – No fundo estabeleci um protocolo com o IPO do Porto, liguei-lhes e foram superacessíveis, achei que fazia todo o sentido doar uma parte das receitas ao IPO porque queria contribuir com algum atributo material para esta causa. O que está estabelecido é doar 50 cêntimos, dos direitos de autor, por cada livro vendido. Mas gostava de poder dar mais…

G. – Costuma-se dizer que grão a grão enche a galinha o papo…

S. D. – Exatamente! É esse o pensamento.

G. – Por curiosidade, já existe uma data para o lançamento? Por onde é que as pessoas o vão poder encontrar?

S. D. – A data de lançamento ainda não existe. Os livros estão agora a ser impressos, mas em princípio sairá no final do mês. Vão estar no site da Flamingo Edições, que é a editora, vai estar na Fnac, na Bertrand, na Wook…

G. – Há algo que gostasses de acrescentar?

S. D. – Para fazer este livro, desafiei uma amiga, a Tatiana Oliveira, a embarcar nesta aventura comigo, que é a responsável por dar cor e imagens a esta história. Sem ela seriam só palavras e para as crianças é muito mais fácil sonhar com imagens.

Texto de Isabel Marques
Fotografia da cortesia de Diana Santiago

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