Sandra Gonçalves documenta dez anos de travessia do rio Tejo em 27 fotografias, numa mostra que conta com curadoria de Eva Mendes, e que está patente no Chasing Rabbits - Record Store até ao dia 10 de janeiro.
Em pequenos formatos expositivos, a artista, que é também jornalista, crítica literária e contista, reuniu fotografias, bem como algumas notas. Esta exposição é composta por “instantes observados a minutos largos, durante a travessia diária do rio Tejo. Dez anos a fotografar esta viagem, sem nenhuma pretensão", refere Sandra Gonçalves, no nota enviada aos jornalistas.
A artista conta que lhe foi sugerido que contextualizasse a exposição como sendo um corte abrupto, e urbano, entre Lisboa e Almada. Mas a mesma refere nunca ter sentido esta travessia dessa forma: "Não importa a viagem, mas sim o que cada um faz com sete precisos minutos de tempo. Quase táctil. Muitas vezes, não se faz nada. O que é maravilhoso. Uma dádiva. Sete precisos minutos só nossos", reflete.
De acordo com a curadora, Sandra Gonçalves é uma artista cujo registo visual remete "para uma intensa sensação de distância familiar perante uma viagem de seres fragmentados e anónimos, eternizados em imagens cândidas e, contudo, intocáveis."
"Neste seu imaginário, encontramos a consciencialização das infinitas possibilidades, dos eixos de norte e sul parados no tempo, as metades e, acima de tudo, os meios, iguais na inevitabilidade de algo que chega ou que parte na união da separação", acrescenta.
A curadora nota ainda: "Ao observarmos os reflexos, luzes, gestos e os rostos que contemplam, revemo-nos na harmonia insustentável da complexidade inerente ao ser que se move, que avança e recua nas margens da existência e que propõe, na sua fatalidade, uma narrativa de dúvida eterna, uma vulnerabilidade intrínseca à flutuação e à transformação do espaço que existe entre o princípio e o fim."