Acontece nas salas da Culturgest, Cinema São Jorge, Cinemateca Portuguesa e Cinema Ideal entre os dias 6 e 16 de outubro e vai agora abordar a memória histórica.
A 20ª edição do Doclisboa acontece sob o título A Questão Colonial, propondo um ciclo de cinema “que se desdobra entre o passado colonial de França e Portugal”, segundo informação divulgada pela organização.
A escolha do tema prende-se com o facto de estes dois países coincidirem “no período de guerra com os territórios africanos que clamavam para si e que foi camuflado em narrativas benignas, resistindo a um confronto com a sua própria história”, lê-se no comunicado enviado às redações.
Para Amarante Abramovici, a curadora da retrospectiva, “a sequência de Actualidades no final do Acto da Primavera, de Manoel de Oliveira, representa de algum modo tudo o que da guerra colonial transpirou para o cinema português até muito recentemente – está lá, e quase não está”.
Segundo a responsável “a guerra a que não se chamava “guerra”, fura a censura, e, nesse mesmo gesto, revela-a. No caso de França, onde a guerra de Argélia era apoucada no termo “évènements”, já para não falar dos anteriores conflitos na África subsaariana – esses totalmente ocultados -, a lei da censura fora reforçada em 1955 e o cinema era um dos seus alvos mais notórios”.
O programa vai, assim, explorar a “diversidade de representações cinematográficas realizadas pelos e sobre os vários protagonistas destas guerras, bem como as suas ligações e diferenças”. Para isso são convocados testemunhos directos de quem viveu o período colonial e revisitadas as memórias e feridas do colonialismo.
O ciclo integra a programação da Temporada Portugal França 2022 e terá uma segunda parte a ser realizada em França, em colaboração com a Shellac Films, durante o mês de Outubro.