“People Think” é o primeiro single de Almost Young, o novo disco dos Dream People, a ser editado a 12 de março. O videoclipe já foi lançado e conta com a participação do dançarino João Reis Moreira.
Depois de se estrearem com Soft Violence – considerado um dos melhores discos portugueses de 2020 pelo blog espanhol Mindies – e de se apresentarem em festivais emblemáticos como o Festival Vodafone Paredes de Coura (Sobe à Vila), a banda apresenta agora o primeiro single do segundo álbum.
“Hoje lançamos a “People Think”. É a música mais alegre do nosso novo disco, mas também aquela que tem a mensagem mais dura: por vezes, em certas alturas das nossas vidas, acabamos por nos esquecer daquilo que éramos na juventude. Todos temos esse medo de nos perdermos a nós mesmos e esta música acaba por refletir isso mesmo”, dizem os Dream People - Francisco Taveira (voz), Bernardo Sampaio (guitarras e synths), Nuno Ribeiro (guitarra e synths), João Garcia (baixo) e Diogo Teixeira de Abreu (bateria).
É com base nesta contradição, entre um passado ideal e um presente em que o sujeito se confronta com a vida desperdiçada, que João Reis Moreira - dançarino conhecido principalmente pelo seu trabalho com Conan Osiris - empresta a sua performance ao videoclipe, realizado por Andreia Pereira da Silva e produzido pela Maus da Fita.
“Terminei um ano improvável a interpretar uma música imprevista, que me fez chegar a um sentido de cooperação e colaboração, mais do que nunca necessárias. Dei o corpo a esta música projetando todas as ânsias e necessidades dum ano", afirma o dançarino João Reis Moreira. "Dancei o empate da vontade com a apatia, corri atrás do tempo que não se agarra, até perceber que a canção falava diretamente comigo: sinto a falta de tudo sobre aquele miúdo que dançava a noite inteira, porque o perdi de vista.”
Sobre Almost Young, os Dream People contam que será acima de tudo um disco dialético, um exercício assumido de chiaroscuro musical, em que a leveza e o amor coabitam com a dor, a perda e a solidão, muitas vezes dentro do invólucro de uma só canção. A banda não renuncia a mostrar as várias cores e dimensões das suas canções, mesmo que isso implique músicas de maior duração.
Em “People Think”, encontramos uma canção aparentemente optimista e até eufórica - reminiscente os anos oitenta - mas que é acompanhada por uma letra confrontativa, em que se aponta o dedo a quem, com o decorrer da vida, se deixa tornar obsoleto. A quem com a idade adulta cai numa rotina entorpecente e perde a sua própria essência. A quem se esquece da juventude.
Esta ideia de abandono e de perda da juventude, é transversal a todo disco. Ela espelha receios e angústias dos cinco membros da banda: o receio da mudança de pele, da transformação. O receio de sair do ninho e aterrar no mundo real. A enorme angústia de se ser quase jovem mas não se poder voltar a sê-lo, porque esse tempo simplesmente não volta. Almost Young é um disco sobre o fim de uma era. E é também, mais uma vez, um disco feliz e triste, que mesmo nos momentos altos esconde uma camada negra de melancolia e dor.