fbpx
Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

É bom ter medo

Muito se fala de uma “nova” pandemia, a do medo. Mas medo de quem, do…

Opinião de Ana Pinto Coelho

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Muito se fala de uma “nova” pandemia, a do medo. Mas medo de quem, do quê e porquê? Do que estamos a sofrer, sim, mas, e também, por antecipação, do que viremos a sofrer.
Fala-se abertamente de uma grande crise humanitária, da falta de emprego (o que é diferente de trabalho, mas já lá vamos), da fome e de futuro. Sim, o futuro do planeta que deixamos aos filhos.

Recentemente, a discussão científica passa, não pela falta de produção de bens de primeira necessidade, como alimentos, nem mesmo do seu transporte mas sim do que virá a acontecer às pessoas e como vão sobreviver a uma anunciada hecatombe.

Afinal, grande parte da agricultura e pecuária, para citar exemplos, são manobrados por máquinas e o transporte feito por super cargueiros com mínima tripulação ou comboios sem fim que rasgam milhares de km com ajuda de pilotos automáticos. Ou seja, não haverá falta de emprego neste sector porque, afinal, já nem existe.

É, portanto, um medo infundado porque ainda haverá produção e distribuição global.

Mas, no entanto, estamos cheios de medo. De tudo e dos outros. E é aqui que a confiança no próximo começa a fazer parte da equação.

Sabemos que o mundo, ou parte dele, se divide entre os que acreditam que o vírus que nos afastou da vida é mesmo muito perigoso e que é melhor seguir à risca os conselhos e ordens das autoridades, sejam científicas ou governamentais. Mas a fileira dos que acreditam que tudo isto é uma cabala e um atentado aos direitos e liberdades conquistados ao longo dos séculos, vai engrossando. E com isso, o vírus descobre atalhos e auto estradas para prosseguir o seu caminho.

O mundo está cada vez mais dividido e desconfiado. Os erros políticos acumulam-se por toda a parte, a má gestão no fabrico, dispensa e inoculação da vacina(s) tem sido grosseiro, o tempo passa, a saúde mental degrada-se, a paciência esgota-se e preparamo-nos para mais e maiores manifestações contra o estado das coisas.

Um estado que nos leva a criticar o vizinho porque ao fim de semana vai apanhar sol porque, logo a seguir, somos confrontados com o aumento dos números de vítimas. Portanto, a pandemia do medo resulta de uma acumulação de tentativa e erros, mas estes erros são, acima de tudo, políticos. E é esse medo que também começa a ser perceptível. O medo das más decisões.

Até que ponto pode um governo trocar dados sensíveis por vacinas? Bom, só para citar um dos vários que o já fez, Israel deu uma enorme quantidade de data para sair bem na fotografia interna. E quem ficou com essa data? A farmacêutica e os seus aliados. Há razão para ter medo ao tentar adivinhar como vão ser tratados os dados de um indivíduo, de uma sociedade, de equipamento militar.

Este campo é fértil em discussões mas também é terreno livre para que a paranóia cresça também como um vírus. E, sem saber como (ou talvez sabendo), uma pandemia que nos enche de medo provoca outras paralelas que se alimentam e multiplicam.

E ninguém fica indiferente a tudo isto. Como se pode ficar? Parece que estamos já a viver alguns episódios da série Black Mirror, ou a total narrativa do Years and Years, os segredos da Utopia, o combate de Mr. Robot, tudo séries televisivas recentes que nos mostram antecipadamente um possível futuro.

E sim, isto provoca medo, pois sabemos que sozinhos, não podemos combater um conjunto de erros que não são apenas provocados pelo nosso comportamento de querer sair de casa para esticar as pernas e respirar um ar que nos faz falta.

*Texto escrito ao abrigo do antigo Acordo Ortográfico

-Sobre Ana Pinto Coelho-

É a directora e curadora do Festival Mental – Cinema, Artes e Informação, também conselheira e terapeuta em dependências químicas e comportamentais com diploma da Universidade de Oxford nessa área. Anteriormente, a sua vida foi dedicada à comunicação, assessoria de imprensa, e criação de vários projectos na área cultural e empresarial. Começou a trabalhar muito cedo enquanto estudava ao mesmo tempo, licenciou-se em Marketing e Publicidade no IADE após deixar o curso de Direito que frequentou durante dois anos. Foi autora e coordenadora de uma série infanto-juvenil para televisão. É editora de livros e pesquisadora.  Aposta em ajudar os seus pacientes e famílias num consultório em Lisboa, local a que chama Safe Place.

Texto de Ana Pinto Coelho

Publicidade

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

18 Abril 2024

Bitaites da Resistência: A Palestina vai libertar-nos a nós

16 Abril 2024

Gira o disco e toca o mesmo?

16 Abril 2024

A comunidade contra o totalitarismo

11 Abril 2024

Objeção de Consciência

9 Abril 2024

Estado da (des)União

9 Abril 2024

Alucinações sobre flores meio ano depois

4 Abril 2024

Preliminares: É possível ser-se feliz depois de um abuso?

4 Abril 2024

Eles querem-nos na guerra

2 Abril 2024

Defesa da Europa

2 Abril 2024

O dia em que o relógio parou

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Narrativas animadas – iniciação à animação de personagens [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

O Parlamento Europeu: funções, composição e desafios [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Pensamento Crítico [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Práticas de Escrita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online ou presencial]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação à Língua Gestual Portuguesa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online e presencial]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Planeamento na Comunicação Digital: da estratégia à execução [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Soluções Criativas para Gestão de Organizações e Projetos [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Planeamento na Produção de Eventos Culturais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

22 ABRIL 2024

A Madrinha: a correspondente que “marchou” na retaguarda da guerra

Ao longo de 15 anos, a troca de cartas integrava uma estratégia muito clara: legitimar a guerra. Mais conhecidas por madrinhas, alimentaram um programa oficioso, que partiu de um conceito apropriado pelo Estado Novo: mulheres a integrar o esforço nacional ao se corresponderem com militares na frente de combate.

Saber mais

1 ABRIL 2024

Abuso de poder no ensino superior em Portugal

As práticas de assédio moral e sexual são uma realidade conhecida dos estudantes, investigadores, docentes e quadros técnicos do ensino superior. Nos próximos meses lançamos a investigação Abuso de Poder no Ensino Superior, um trabalho jornalístico onde procuramos compreender as múltiplas dimensões de um problema estrutural.

A tua lista de compras0
O teu carrinho está vazio.
0