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Ensino artístico em Portugal: três gerações sentam-se à mesa

O concurso nacional de acesso ao ensino superior aproxima-se. A primeira fase para a apresentação…

Texto de Raquel Rodrigues

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O concurso nacional de acesso ao ensino superior aproxima-se. A primeira fase para a apresentação da candidatura decorrerá entre 7 e 23 de Agosto. Possivelmente, os artigos/listas com os 10 cursos com maior e menor empregabilidade serão publicados em breve em vários órgãos de comunicação social. Este artigo propõe-se ser, em vez de um gráfico, uma mesa em que cada um(a) se senta na primeira pessoa, um lugar de diálogo entre três gerações: a que se vai candidatar no próximo ano lectivo (2020/ 2021) a um curso superior na área das artes, a que já se encontra em formação e a que a concluiu recentemente. Com percursos muito particulares, cada entrevistado/a partilhou as suas expectativas, experiências, questões e reflexões.

Pontos de partida

Na segunda aula de música do 5º ano do ensino básico, Rui Nunes, de 17 anos, natural de Santiago do Cacém, descobriu que queria seguir música. Quando partilhou esse desejo, os pais “acharam graça”, dada a convicção com que o afirmava naquela idade. Mas as idades foram passando e a Orquestra Filarmónica da sua localidade era apenas uma parte da semana para quem queria tocar clarinete durante a semana inteira. No 9º ano, aconselhado por uma professora, a sua decisão tomou uma direcção: o Curso Profissional de Instrumentista de Sopros e Percussão, da Orquestra Metropolitana de Lisboa. “Os meus pais ficaram apreensivos, porque era muito longe, a duas horas de distância. Mas nunca desisti de lhes demonstrar que era aquilo que queria fazer, que me fazia feliz e que seria mais difícil seguir este sonho se não estivesse lá a cem por centro.” Esteve. “Passei o Verão inteiro à espera do início das aulas. Se aqui [Santiago do Cacém] vivo a música, lá posso vivê-la inteiramente.” Com 15 anos de idade, foi viver sozinho para Lisboa. Com alegria, Rui partilha que já preencheu os formulários de candidatura. Juntamente com as gravações, enviou-os para a Escola Superior de Música de Lisboa, a Academia Nacional Superior de Orquestra, a Escola Superior de Música e Artes de Espectáculo, no Porto, e a Universidade de Aveiro. A maioria dos seus colegas também seguirá formação superior.

Sebastião Bergmann, de 24 anos, natural de Sagres, baterista da banda They Must Be Crazy, Gume e Gapura, recebeu a sua primeira bateria aos 10 anos de idade, quando começou a ter aulas privadas deste instrumento, as quais frequentou durante dez anos. Também gostaria de ter ingressado num curso profissional na área, contudo, nessa altura, ainda sentia algum estigma em relação a esse percurso, ao contrário de Rui. Por opção dos pais, naquele momento, este não se concretizou. Porém, quando decidiu inscrever-se na licenciatura de Jazz e Música Moderna, na Universidade Lusíada, já não encontrou impedimento. Depois da sua primeira banda, criada quando tinha 12 anos, não teve mais nenhum projecto de música. Durante o primeiro ano do curso, entrou em três bandas. Após este período, mudou de estabelecimento de ensino, ingressando na Escola Superior de Música de Lisboa, por várias razões, “primeiro, pela questão económica”, pois a Universidade Lusíada é privada, “mas também por uma questão de ambiente”, na medida em que esta não comportava apenas cursos de música. Na ESML, “há muitos cursos relacionados com música. Isso seria melhor para fazer contactos.” Sebastião entrou “sem saber o que esperar”. “Nunca tinha estudado ou tido aulas com aquele nível de exigência, que é esperado no ensino superior, ainda por cima ligado à música, que tinha sido um hobbie. Demorei algum tempo a entrar no ritmo.” Foi à conta de muitas relações que aí estabeleceu, inclusive com professores, que se tornaram colegas, que conseguiu vários trabalhos.

Se Sebastião gostaria de ter começado mais cedo a estudar música exclusivamente, João Motta Guedes, de 24 anos de idade, natural de Lisboa, levou um pouco mais tempo até chegar ao lugar “vital”. Licenciou-se em Direito, que “surgiu como segurança”, mas, na verdade, nunca pensou exercê-lo profissionalmente. “Sempre soube que não era para mim. É uma experiência um pouco tola. Já devia ter desistido há mais tempo, mas, se calhar, por uma certa teimosia interior, ou pressão familiar ou das circunstâncias, acabei por insistir.”

João considera que, por vezes, as decisões mais pressionadas, menos ponderadas e convictas, são resultado do sistema de ensino. “Somos completamente afunilados e não temos grande margem. Estou a referir-me às áreas, que nos acabam por encaminhar para uma coisa, que, muitas vezes, não é a decisão mais acertada.” Jorge Charrua, de 29 anos, pintor e muralista, natural de Vila Franca de Xira, concorda. Finalizou a licenciatura em Pintura, na Faculdade de Belas Artes, em Lisboa, área e instituição onde, actualmente, João é estudante de mestrado. Realizou o ensino secundário na Escola Artística António Arroio e, a partir da sua experiência, reflecte sobre o propósito da escola. Assistiu às aulas na área de Artes Visuais numa freguesia vizinha e, comparando-as, diz que “não tem absolutamente nada a ver”. “Adquiri bastantes ferramentas no que toca a arriscar coisas, experimentar ideias novas, fazer colidir áreas que não teriam muito sentido e arranjar ali um mecanismo para as fundir. A própria escola já é propícia a um ambiente multicultural, onde convivem pessoas de várias perspectivas e de extractos sociais.” Jorge não tomou essa decisão a pensar num futuro profissional e não viveu esta etapa com essa orientação. Apercebeu-se de que, em muitos casos, a família impossibilitava os/as filhos/as de estudar artes, devido à grande incerteza no que diz respeito à empregabilidade. “Lembro-me de que os meus colegas do básico foram practicamente todos para Ciências. Nem eles sabiam a razão. Os pais direccionavam-nos.” Jorge observava que, muitos dos adolescentes podiam não ter “uma aptidão artística muito evidente”, mas, que na Escola António Arroio, “deixava-se-lhes fazer o que sentiam e expressar-se. Aquela escola permite isso, dá-te ferramentas, sem te incutir nada.” Repara, assim como os/as restantes entrevistados/as de cada geração, que este comportamento já não é tão constante e que as famílias sabem que “ainda não é altura de serem exigidas obrigações à criança ou adolescente. Este é o momento perfeito de ‘faz o que sentires, depois, logo se vê’.”

Embora noutra etapa, foi o que João fez. “Quando entrei em Direito, nunca diria que ia tirar o mestrado em Pintura. As coisas, simplesmente, aconteceram.” Sentiu-se “enclausurado”. “É um curso extremamente fechado com professores dogmáticos, com uma forma de ensino quadrado. Claro que foi duro para mim, fazer esse percurso. Mas deu-me uma preparação analítica muito grande quanto ao mundo, quanto à sociedade em que vivemos, uma composição mais jurídico-política, histórico-política, que são coisas que importam para o meu trabalho artístico”. Antes do mestrado, havia tido formação na Nextart. Porém, considera que o facto de não ter iniciado este percurso desde o início do secundário, dificultará o que, já por si, é bastante difícil, uma dedicação profissional, exclusivamente. Reconhece o risco, por vezes aplica o termo “imprudência”, mas, mais frequentemente, reforça que se trata de “uma questão vital”. “Fala-se muito que os artistas têm um dom. Existe sempre uma sensibilidade base que nos empurra para isso. Se tiver de fazer Direito ou uma coisa relacionada com Direito, a nível profissional, será por uma questão de sobrevivência. Mas aquilo que me impele a criar e a seguir um projecto artístico tem que ver com uma questão vital essencial.”

“É uma pergunta infinita: com tanta porcaria já no mundo, porque é que nós, artistas, temos necessidade de pôr alguma coisa no mundo e que essa coisa tenha um valor partilhável?” “Faço-o, porque acredito que o que posso fazer pode fazer pensar, sentir, reflectir sobre o que vivemos, quem somos…” Viver tal credo, tem sido “uma grande alegria”. Uma alegria que é libertadora, mas não tranquila. “Agora vou poder tirar tempo da minha vida só para me dedicar ao meu projecto artístico. Mas, ao mesmo tempo, foi muito paradoxal. É muito assustador. O panorama artístico é muito complicado, pequeno, competitivo… É muito difícil conseguir, e isso intimida muito. Seguramente que, para muitos jovens, é um elemento de exclusão para não seguir as artes. Temos de ser fiéis a nós mesmos. Acho que foi isso… Mesmo assim, conhecendo, tendo noção dessa realidade, das dificuldades todas, é uma ousadia e é preciso ter coragem. No fundo, se calhar, não seria tão feliz, se não tivesse mudado.” O testemunho de João fala-nos que, para viver, é preciso folgar a vida. “O que o meu caso e outros demonstram é que as pessoas não são estanques e as coisas não são unidimensionais. Kandinsky, um grande pintor, era jurista e também dava aulas de Direito. Estou a dar o exemplo de uma pessoa que também era outra coisa. Quantos artistas não são outras coisas, além de artistas?”

A história de Catarina Neves, embora diferente, conta-nos algo semelhante. Catarina, com 20 anos de idade, natural de Santarém, saiu do curso de Dança, da Escola Superior de Dança. “O meu pai dizia-me muitas vezes que eu o podia fazer como hobbie, mas também tirar outra coisa. Há sempre esse estigma de que é um hobbie, que a carreira é curta.” Catarina completou o curso de Design de Produto, na Escola Artística António Arroio, “mas era um backup plan”, pois o que queria era Dança, curso para o qual ingressou depois do ensino secundário. A experiência deste não coincidiu com as expectativas. A falta de crença em si mesma, o medo de, no futuro, não se conseguir sustentar, bem como a qualidade do ensino, foram os principais motivos desta decisão. O seu caso não é isolado. “Há muitas desistências no curso. Penso que sejam, maioritariamente, por parte das pessoas que tenham um nível de dança mais elevado. Falta uma carga mais técnica, não há carga horária nesse sentido.” Catarina é, agora, aluna do primeiro ano da licenciatura de Filosofia, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. “Nem me lembro bem como surgiu esta decisão. Como não sei bem o que quero fazer, apenas sei que é algo na área das artes, a filosofia dá-me uma abrangência e as ferramentas que preciso para pensar sobre vários assuntos.” O facto de já não estar no curso inicialmente desejado, não significa que o seu estúdio e estudo esteja fechado. Não sabe se vai seguir dança a nível profissional. “Já estou parada há dois anos. Antes da quarentena, já estava a começar a fazer aulas. É algo de que não te consegues desligar completamente. Sentia a falta.”

Leonor Lopes, de 20 anos, natural de Santarém, cresceu a dançar em frente ao mesmo espelho que Catarina, na Academia de Dança e Expressão Corporal do Círculo Cultural Scalabitano. Quando tomou a decisão de concorrer para o curso superior de Dança, não deu nenhuma novidade aos pais, contudo “há sempre alguma incompreensão” vinda de outras partes.  “Os meus pais apoiavam muito, sempre. Os meus avós diziam: ‘Não é profissão. Quando fores mais velha, fazes o quê?’ São aquelas perguntas que não são por mal, como ‘E além disso, o que fazes mais?’” Ana Rita Jogo, de 21 anos, natural de Almeirim, também está a finalizar o mesmo curso. Quando informava sobre a área onde se iria formar, “metade” das vezes era recebida com comentários como: “E, depois, vais fazer o quê? Dançar no balcão da discoteca ou vais para o Somos Portugal? Então, não vais ser doutora? Mas dança não se estuda, é só brincar.” Neuza Matias, de 17 anos, natural de Leiria, vai candidatar-se a Pintura, na University of the Arts London, em Inglaterra. Ao dizê-lo, “as pessoas perguntam ‘ah, queres ser pintora?’ Parece que é algo que não é nada. Mas acho que, cada vez mais, dão mais valor aos artistas.” Não é a única dos/das entrevistados/as a reparar nesta transformação. “Hoje em dia já ouves falar mais sobre o cinema português, e a sua repercussão lá fora, do que há uns anos atrás, e isso é sinónimo de trabalho, de que estamos cada vez mais a ter saída e postos, apesar de serem ocupados maioritariamente por pessoas mais velhas”, diz Giuliane Maciel, de 25 anos, natural de Sintra, em relação ao cinema. Há três anos completou o curso de Imagem e Som, na Escola Superior de Artes e Design, nas Caldas da Rainha, e, desde aí, trabalha na Terratreme Filmes. Também encontrou um profundo acolhimento juntos dos pais. Realizou o ensino secundário no curso profissional de Artes Gráficas, na Escola Profissional Bento de Jesus Caraça, em Lisboa . “Pouco antes de chegar ao fim, foi quando os meus pais se sentaram comigo e perguntaram: ‘o que queres fazer, a partir daqui?’ Eu não via um grande futuro. Queria ir trabalhar, independência financeira… Começaram a explicar que, da mesma maneira que fiz o secundário, podia fazer a faculdade, numa forma que me apaixonasse, não no sentido de fazer o que eles querem, mas de, um dia, me dar frutos. Eles acreditaram que a liberdade pode dar frutos.” E tem dado. Os seus professores também trabalhavam na área e, a partir deste contacto, teve algumas oportunidades. “Cerca de 1 mês e meio depois, fui chamada pela Leonor Noivo, uma das sócias da Terratreme, uma produtora de cinema português, por 2 meses, para fazer um trabalho de produção. Na altura, estava a fazer um trabalho de Verão para juntar dinheiro, e larguei-o. A Terratreme sempre foi, para mim, uma referência e, enquanto estudava cinema, era onde gostaria de, um dia, chegar. Uma mais valia, para mim, foi aliar o design e o cinema. Hoje em dia, muito do meu trabalho passa pelo design e pela produção.”

Tal como Giuliane, Vasco, Matilde, que viram a porta para uma outra casa ser aberta pelos pais, sobretudo a mãe, nos dois últimos casos, Lara Tomás, de 18 anos, natural de Leiria, encontrou uma sala de cinema nas palavas do pai. “Nunca tinha levado isso muito a sério, até brincar com o meu pai sobre isso e ele dizer que me apoiava. Fiquei um pouco chocada, porque nunca pensei que ele me fosse apoiar.” Lara espera ser realizadora e candidatar-se-á ao curso superior de Som e Imagem, na Escola Superior de Artes e Design, nas Caldas da Rainha, e de Cinema, na Universidade da Beira Interior.

Matilde Santos, de 18 anos, natural de Palmela, encontra-se a terminar o curso de Teatro, na Escola Profissional de Teatro de Cascais e candidatar-se-á à Escola Superior de Teatro e Cinema, em Lisboa, e à Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo, no Porto. Matilde iniciou o ensino secundário em Línguas e Humanidades e foi a mãe quem a motivou a mudar para teatro. Estes pontos de interrogação desencorajadores, também foram encontrados nos seus pontos de partida. “Muitas vezes, quando encontrava amigos dos meus pais, eles diziam: ‘ah, vais para a fila do desemprego’”, recorda.

Porém, estas bocas estão nas notícias e as notícias falam alto, sobretudo a quem dizem muito. Matilde partilha a situação de vários/as colegas, que planeavam seguir para o ensino superior: “Quando começou a quarentena, o pessoal deixou de ficar com essa vontade de fazer audições. Fomos vendo a condição de fragilidade das artes. Este período mostrou aos mais jovens o quão precária é a profissão.”

Madalena Anjos, de 25 anos de idade, natural de Lisboa, é amiga e colega de turma de João. Como Matilde, ainda frequentou o ensino secundário. Iniciou a área de Ciências e Tecnologias. Contudo, começou a desinteressar-se e a sentir que “não encaixava muito bem lá”. Mudou para o curso profissional de Artes Gráficas, na Escola Profissional Bento de Jesus Caraça, em Lisboa. No ensino superior, fez o primeiro ano do curso de Ciências da Arte e do Património, em Belas-Artes, tendo, posteriormente, realizado transferência para Design de Comunicação. Entretanto, os planos mudaram, ou ficaram a descoberto. “A minha ideia, no princípio, era ir para Design, uma coisa ligada às artes. Lá está, aquele estigma que tem saída. É ligada às artes, mas podes, facilmente, arranjar um trabalho ou algo mais estável quando sais.” Durante a licenciatura reconheceu-se no desenho e na pintura e seguiu-lhes os traços. “Vejo-me mais como artista do que como designer. Fiz só design como freelancer, por encomenda. Isso é algo com que fico sempre. Mas o que faço, agora, é pintura, e era isso que gostava de conseguir fazer ao longo da vida. Não digo que só vou fazer isto ou aquilo. Em Portugal, é muito difícil ser só artista. Daí achar que tenho sempre de ser um pouco dos dois, ou outras coisas que ver com a cultura.” Vasco Romão, de 18 anos, natural de Lisboa, também se candidatará a Design, no IADE - Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação. Porém, acrescenta: “A minha ideia é muito mais marcada em ser tatuador do que ser designer.” Quando terminou o 9º ano do ensino básico, foi a mãe quem o alertou para o caminho de desencontro consigo mesmo, que a área de Ciências e Tecnologias lhe traria. Ao longo do ensino secundário, sentiu que “as artes são um bocadinho mal vistas, porque se pensa que quem se está a formar se quer livrar de físico-química e matemática. Mas, na verdade, nós trabalhamos imenso. As pessoas, simplesmente, estão fechadas. Normalmente, a economia e a ciência é que são o correcto e aceitável. Muitos amigos meus, a brincar, dizem: ‘ah, aquele é de artes, é o preguiçoso’.” Lara nota precisamente isso, uma falta de conhecimento do trabalho dos/das artistas, o que motiva o preconceito, uma vez que está “associado a pessoas que estão muito tempo em casa e não têm aquela rotina. Parece que estão sem fazer nada. Um artista trabalha imenso tempo e é mesmo esgotante.” Lara considera que a mudança devia partir da visibilidade do processo artístico. “O problema é o facto das pessoas não se informarem do trabalho que está por detrás das profissões.”

Com a manifestação do desejo de ser tatuador, Vasco experimentou outro tipo de percepção por parte de quem o rodeia, mais uma vez, com a excepção dos pais. “Quando disse que queria ser tatuador muita gente ficou a olhar para mim ‘o quê, a sério?’. A tatuagem é ainda um bocadinho marginalizada. Alguém todo tatuado é visto como pessoa rude ou má. Sempre gostei muito de desenho e, há uns tempos, comecei a ver um programa, o Ink Master, e a interessar-me por tatuagem, a seguir imensos tatuadores portugueses e estrangeiros. Foi uma coisa pela qual comecei a criar gosto e a interessar-me, a aprender técnicas. Mas percebi que era demasiado novo e precisava de ganhar mais maturidade para dar este salto. Quero fazer as coisas com calma.”

Ao contrário do que acontece com design, Madalena reparou que, na maior parte das vezes, quem vai para a pintura não espera que esta seja a sua profissão. “Toda a gente sabe que acabas o curso e não serás empregado, pelo menos em Pintura.” Durante o seu caminho foi ouvindo: “nunca vais conseguir ser só artista.” Também Madalena diz não viver a Pintura somente como uma profissão. “Na práctica, não vai ser a minha profissão ou pode ser, mas vamos tendo outras. Também não é uma coisa que decides, ‘agora vou ser pintora’. Há sempre uma necessidade, mesmo que tenhas outro trabalho qualquer, tens necessidade de fazer aquilo. Não levo assim tão a sério a pintura. Acho que, mesmo não levando a sério, pode ser uma profissão.”

Há algo transversal aos testemunhos destes pintores, a inexistência de expectativas, desde o início. “Pessoalmente, nunca tive uma expectativa. Em todas as fases de estudo, sempre acabei por não gerar uma expectativa se vou usar isto e conseguir viver disto. Não culpabilizo ninguém, porque ninguém me vendeu uma promessa. Muito pelo contrário. Se fossemos colocar a questão: isto vale a pena? É uma via sustentável de vida? Provavelmente vão dizer que não, mesmo os professores”, reflecte Jorge.

Linhas para partir

Sebastião está rodeado de “um número considerável” de colegas que não conseguem sobreviver somente a partir da música e que têm de recorrer a outros trabalhos, também eles precários. Quando alguém toma a decisão de investir nesta área sabe que é grande a probabilidade de ter de se desdobrar. Sebastião teve essa experiência. Trabalhou, simultaneamente, em part-time, na distribuição de hambúrgueres vegetarianos. Jorge terminou o curso em 2015 e, até ao momento, não conseguiu autonomia financeira com a pintura. Trabalha como vigilante de sala no Museu Colecção Berardo e faz reparações em aparelhos electrónicos. Para além de tais actividades lhe darem algum suporte, manifesta gosto por estas, apontando a sua importância para “desanuviar” e “escapar da pressão artística”.

O pintor aponta outra variável que também se pode reflectir na questão económica, a qual tem que ver com “o tipo de objecto que o autor está a conceber, e se esse objecto consegue, ou não, estabelecer uma relação com a sociedade. Uma arte abstracta, se calhar, pode ter mais dificuldade em ser comercializada”, comparando com um trabalho de figuração. Tem esse lado conflituoso.” Para além disso, as normas éticas e morais de cada um também são referidas pelo artista, enquanto condicionantes das suas possibilidades de trabalho. “Vamos supor que uma entidade, com uma determinada política, ética, onde o autor não se revê, o convida para um trabalho. Se aceitar, recebe um pagamento e pode abrir portas e visibilidade, porque essa entidade ou pessoa tem um círculo de contactos que lhe dá essa exposição. Agora, fica o dilema: vai fechar os olhos perante aquilo em que acredita e lhe faz sentido e dizer que sim ao que lhe pode dar frutos no futuro? Ou mantém os pés no chão, defende os seus valores e, possivelmente, fecha uma porta?”

A maioria dos/as seus/suas colegas de turma, em Belas-Artes, está a desenvolver projectos na área, “num nível relativamente sério”. Porém, para se caminhar por aqui, há que ter uma forma de estar que permita ao artista relacionar-se com a insegurança da melhor maneira possível. “Eles vêem isto como uma maratona, não é um sprint. Estão tranquilos. Estão com a cabeça activa nesse aspecto. Claro que a gestão da expectativa é sempre diferente. Isto tudo funciona no foro pessoal. Estando sozinho, não é tão grave se não consigo ter uma casa. A questão muda de figura se quero ter uma família. Aí, sim, é uma conversa mais delicada.”

Os/ as estudantes de dança dizem que o medo se respira nos corredores da escola. É uma palavra que lhes aparece, de forma constante, a meio das frases. “É complicado. Todas as semanas, nós, as do último ano, perguntamos umas às outras: ‘e agora, a seguir?’”, conta Ana Rita Jogo. A maioria dos bailarinos com quem se tem vindo a cruzar tem esse “fantasma a persegui-los”. “Um engenheiro sai do curso e é um produto. Nós temos de ser vários produtos. Temos de dançar tudo o que possa aparecer. A nossa motivação é trabalhar sempre mais, para que o medo não seja tão grande”, acrescenta. Quando se candidatou a Dança e foi fazer a audição, “não ia com expectativa nenhuma. Quando entrei não sabia de nada. Como na audição fiquei tão maravilhada com um estúdio enorme, um espelho… Era tudo muito fascinante aos meus olhos. Então foi só - ‘vai’.” Até então, queria estudar Comunicação Social ou Psicologia. Todavia, trocou as voltas aos seus próprios pés. Não vai dar um tempo até ao próximo passo. Durante o curso, realizou a unidade curricular de Fisiologia. Esta despertou-lhe o interesse e, para além do facto de ter tido uma lesão, que a aproximou doutra abordagem do corpo, contribuiu para que pusesse a hipótese de encaminhar o seu futuro para a Fisioterapia. Porém, os/as seus/ suas colegas desejam viver apenas da dança. Mesmo que o futuro não fosse tão enublado, Ana Rita veria outras hipóteses. Já está a fazer uma lista, para quando acabar a licenciatura. Dentro desta, também está a possibilidade de ensino. “Gostava muito de poder misturar a educação especial com a dança, para poder trabalhar com pessoas com deficiência. Acabo por relacionar sempre todas as áreas de que gosto.”

O ambiente é de medo. “Definitivamente”, acentua Jonathan Taylor, de 22 anos, natural de Viseu. Jonathan entrou na dança ao ritmo do hip hop e, depois, do jazz e do ballet. Terminou o curso de Dança, há um ano. “Sinceramente tinha bastante medo, na perspectiva de gerir todos os custos de uma vida normal. Relativamente ao facto de se algo tão volátil, a não ser que estejas a trabalhar numa companhia, ou que sejas professor efectivo numa escola, é difícil encontrar estabilidade financeira. O lado financeiro é algo que faz as pessoas pensar muitas vezes quando se aproxima o fim do curso.” “Volto para a minha terra?”, é uma das perguntas, com resposta arriscada, que Joanthan foi ouvindo, quando o curso estava a terminar. “Apesar de haver 70 pessoas em cada ano lectivo, nem todas estão, neste momento, a praticar o que queriam quando começaram. Já sabemos que alguém poderá não conseguir fazer aquilo que queria. Há quem não consiga trabalhar, no momento, na área e, por questões financeiras, precisa de arranjar outro tipo de trabalho para quando surgirem oportunidades. No entanto, há pessoas que, depois de sentirem a estabilidade que outro tipo de trabalho dá, deixam as suas ideias mais artísticas.” Porém, o bailarino diz que “há oportunidades, sim. Num aspecto mais comercial, existem sempre agências, castings, para trabalhos pontuais. Mas, também, projectos, associações, coreógrafos que fazem as suas audições. Podes sempre lançar-te à procura dessas propostas que vão aparecendo. Aliás, é uma coisa incentivada pela própria escola e professores.” Até à eclosão da pandemia covid-19, Joanthan estava a trabalhar num projecto da ESDL, que se destina a apoiar a criação de peças coreográficas de alunos recém-licenciados, que se candidatem durante o ano em que estão inscritos.

“É uma questão de sorte. Muitos sentem-se desemparados. A carreira de bailarino é assim”, diz Catarina, que continua a acompanhar o meio, olhando, de perto, o contexto de alguns/algumas amigos/ amigas, cujos objectivos passam, maioritariamente, por sair do país. Antes de ser por uma questão de oportunidade profissional, é-o de estudo. Alguns/ algumas emigram antes do curso acabar. Esta experiência do ensino tem que ver com o facto de não haver mais possibilidades de formação, outras instituições de ensino superior, com outros programas e metodologias, o que limita a escolha. “Na minha escola, vejo muita gente que ia com o objectivo de ser intérprete, coreógrafo e, com o tempo, passou a querer ser professor, para ficar em Portugal,” diz Leonor. Se, por um lado, o curso de Dança na ESDL, apresenta uma abordagem ampla deste campo, por outro, o facto de ser leccionado “um pouco de tudo”, dificulta uma entrada profunda, sobretudo a nível da técnica, repara Catarina. Quando o curso termina, os artistas sentem que a formação que têm ainda não é suficiente e que devem investir mais em workshops e formações. “Se fosse outro curso, como engenharia mecânica, por exemplo, sei que a seguir vou ter isto no currículo, e, facilmente, entro numa empresa. Neste curso é mais do que isso. É acabar o curso, gastar mais dinheiro para investir mais formações."

Joanthan tem outra experiência do mesmo. “A formação que é dada na escola tem muita qualidade. É feita por professores, não só de Portugal, mas alguns estrangeiros, que passam temporadas cá. Uma das grandes vantagens é receberes essas linguagens todas. Em termos do programa em si, o curso tem bastante carga teórica. Como nunca tinha estado em ensino específico foi algo que me interessou bastante.”

A maioria dos/as estudantes sentem a falta de cuidado do ensino superior em relação à preparação para próxima etapa, como fala Catarina. “Os artistas têm de ser eles próprios, muito por eles”, diz Madalena. João não está completamente satisfeito com a Faculdade de Belas-Artes. Considera que esta está “desactualizada” e que lhe falta “alguma contemporaneidade, saber o que se passa lá fora, o que fazem as outras faculdades, os outros artistas mais velhos… Falta uma perspectiva de inserção no mercado trabalho, de como lidar com galeristas, fazer exposições. A Faculdade de Belas-Artes é uma academia, no sentido mais clássico do termo.” Para João, é essencial que o mundo entre pelas salas de aula e, para Madalena, também. A artista sente que o presente não existe ali e é nas telas deste tempo que, com o seu “trabalho enérgico”, com as suas “cores puras”, com as suas colagens com “coisas do dia-a-dia”, que apanha do chão, que quer pintar. Referindo-se ao mestrado de Pintura, reforça a perspectiva de João. “Há pouca abertura. Sinto falta de um maior debate, de aulas mais abertas, que não sejam só aquele academismo, do professor a dizer a matéria e os alunos a ouvirem. Parece que é tabu falar da contemporaneidade. Já ouvia as pessoas de licenciatura dizerem-no. Como saímos da faculdade e entramos no mercado de trabalho, enquanto artistas? O que vais fazer?” Madalena encontrou esse apoio na licenciatura de Design, através da unidade curricular Gestão do Design. Jorge também menciona que este tipo de orientação existia na disciplina Gestão das Artes, na Escola Artística António Arroio. O artista levantou as mesmas questões: “Depois disto, o que dá para fazer? Se quiser ingressar para o mundo do trabalho, se é que existe, a que mecanismos posso ter acesso ou em atenção?” Reviu, mais tarde, esta lacuna no desempenho da sua actividade profissional, no que diz respeito à atribuição de valor monetário ao objecto artístico.

Sebastião tem tido contacto com o sistema de ensino de música, na Holanda. Foi aí que passou a olhar de outra forma para o português. Para além da existência de disciplinas como as que Madalena e Jorge dizem faltar, diz, “com toda a certeza que as condições são muito superiores em termos de material, instrumentos disponíveis, estúdios, do próprio investimento da escola para marcar salas de espectáculo para os alunos apresentarem os seus projectos. Há toda uma maior preocupação com o bem-estar dos alunos, as direcções, as possibilidades. Na minha experiência, em Portugal, achei que isso era uma coisa mais desprezada. Aqui, o sentido é mais fragmentado. Pode acontecer que se tenha a sorte de encontrar as pessoas certas. Se não tiverem essa sorte, pode ser bastante complicado. Muitos desistem, por essa falta de apoio.”

Em todas estas vozes ouve-se a desvalorização do sector, que apresenta múltiplos sintomas, desde o investimento na cultura, não só a nível financeiro, mas de políticas culturais, que devem, necessariamente, passar pela educação, legislação e divulgação. Os artistas, partindo das suas vidas, vão colocando possíveis caminhos sobre esta mesa.

Sebastião apresenta a “inconsistência da remuneração”. “Se arranjar um trabalho num bar não há um valor mínimo que me possa obrar. Existem tabelas, mas isso não é imposto por ninguém, não há ninguém a verificar se isto está a ser cumprido.” Esta realidade abre um círculo muito forte, uma vez que “a única forma de compensar serem mal remunerados, é ter um volume de trabalho muito maior”, o que significa que o número de trabalhos com reduzida remuneração aumente. “Se quiser ter um concerto num sítio que, normalmente, paga 20 euros, e eu peço 50 euros, já estou em desvantagem. O Estado devia ter um papel mais activo para vigiar esses casos.”

Giuliane aponta a importância do “marketing, ou seja, da maneira como as coisas são valorizadas pelo Governo”, a qual corresponderá à resposta do público, do consumidor. “Se um terço do nosso telejornal fosse acerca das artes, em vez do futebol, valorizaríamos mais as primeiras.” Não querendo desvalorizar estes últimos, mas valorizar a cultura, que aparece “no fim, em 5 minutos”, Giuliane recorre este exemplo para demonstrar que o destaque é preciso vir “de cima”, na sua opinião. Esta presença dilatada da arte, não deve ser apenas uma preocupação do Estado, mas dos próprios artistas e das galerias, nota Madalena. “A arte, em Lisboa, está dentro do circuito das galerias, que acabam por ser um bocado fechadas num círculo de amigos, de pessoas conhecidas. Quem já conhece é que vai lá.”

Jorge também sublinha a importância dos artistas para a mudança. Considera que não vivem enquanto comunidade, o que lhes faz perder força e sentido. “Não é o Estado que vai dizer quais são os valores da arte. Já tivemos regimes totalitários a fazer isso. Temos de ser nós, enquanto comunidade artística, a dizer aquilo de que precisamos. Não é ter um a dizer isto, outro aquilo. Qual é a credibilidade, aqui?” Isto não significa que não haja singularidade, porque é a expressão da liberdade. Contudo, “há que encontrar pontos comuns que amplifiquem a voz.” A fragmentação entre as diversas expressões artísticas é visível, por exemplo, nas manifestações da cultura, repara. “Não vês um actor a exigir direitos para um pintor. Primeiro tem de ser pela própria comunidade artística, em todos os seus quadrantes, a encontrar uma situação em que se olhe nos olhos e deixe de usar o barómetro da popularidade”, que desenha uma hierarquia. “No dia em que existir uma transparência e um determinado nivelamento artístico, podemos passar para a próxima conversa, que é convocar os outros quadrantes da sociedade e dizer que nós também fazemos parte.” Os conflitos internos são, então, um obstáculo que os próprios profissionais criam para si mesmos. Para além deste contexto, reduzir possibilidades de projectos, enfraquece a comunidade. “Vem uma situação externa e a sociedade, ou Estado, diz: ‘o que vocês fazem não tem importância’”. Nessa conjuntura, Jorge refere que os artistas não têm mecanismos para se proteger, conectando os seus grupos para dizer: “está a haver uma situação externa que põe em causa a nossa integridade. Vamos juntarmo-nos e fazer uma contra-resposta.”

Linhas para chegar

Como uma herança, chegam testemunhos. Um testemunho é sempre uma transmissão, em que, dos pontos, se geram linhas. Se percorridas, podem ser caminhos. Juntas, são constelações.

Apesar deste momento, os artistas que já têm mais tempo de estrada, encontram palavras para deixar a desconhecidos, aos quais estão unidos por uma esperança. Contudo, os seus passos ainda nela, talvez sejam o horizonte de força para quem começa. 

“Constrói, desde cedo, uma rede de contactos, conhece as pessoas, faz projectos, mostra trabalho”. Sebastião

“Tem de se ter uma ideia bastante forte. É um caminho que não é fácil, vais ter de estar sempre a provar o teu valor, hoje, amanhã, daqui a 10 anos. Tem de se estar predisposto a passar desafios. Vai ser um processo de trabalho constante, mesmo que não estejas a trabalhar. Tens de trabalhar para trabalhar. Com o gosto, a força de vontade, o treino, a disciplina, cria-se um núcleo que é capaz de se pôr perante desafios, audições, em que faz parte ser rejeitado, mas também te leva a procurar novas formas de fazer o que já fazias, ou o que não fazias. Força! Vais ter de ter muita paciência. É algo que pode não recompensar a curto prazo. Mas é um percurso maravilhoso que deixa qualquer tipo de pessoa radiante, quando começa a sentir-se parte dele. É como se fosse um ‘milagre’ teres essa luzinha dentro de ti.” Joanthan

“Tenho comigo uma regra básica, que é fazer aquilo de que gostas. Se não gostas, não estudes e não faças. Não estas a trabalhar, nem a estudar, estás a conhecer, a criar, a fazer algo que é teu, que te apaixona e tens vontade. Se for na área artística, empenha-te, porque dá mais trabalho. Isso vai dar frutos.” Giuliane

“Vai sem expectativa. Percebe se aquilo é para ti, se aquele ambiente é natural para ti, se te vês preparada para lidar com muita pressão interior. Temos esta cena de exigir dos outros muita coisa. Há aqui uma troca a acontecer, porque estás a trabalhar para. Aí, sim, pode-se colocar essa expectativa, essa exigência. Acredito que, especialmente, no meio artístico, a parte da faculdade pode ser, talvez, a única hipótese de estabelecer-se o aspecto comunitário artístico. Os que conheço estabeleceram contacto nesse contexto. Deram continuidade. Formaram colectivos, grupos. A escola tem esse lindo propósito, de possibilitar essa comunhão. Neste aspecto, tem essa relevância. Para uma pessoa ir, tem de perceber o contexto social em que vivemos e o enquadramento artístico que está na nossa sociedade e em que aspecto social o ensino artístico está inserido, para perceber para o que vai, as regras do jogo, bem como se é uma escola formada para uma determinada conjuntura conceptual, se existe um equilíbrio entre o conceptualismo e o meio técnico. “

“Ir, na mesma, sabendo da conjuntura do país, significa que quer mesmo ir.” Jorge

“Basta a fé no que temos.

Basta a esperança naquilo

Que talvez não teremos.

Basta que a alma demos,

Com a mesma alegria, ao que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?

-Partimos. Vamos. Somos.”[1]

Artigo escrito ao abrigo do antigo Acordo Ortográfico


[1] Sebastião da Gama, “O Sonho”, Pelo Sonho é Que Vamos, 3ª ed., Lisboa, Ática, 1999, p.65, v.6-14

Texto de Raquel Botelho Rodrigues

Fotografia de Leonor Machado, cortesia de Leonor Lopes

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