fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Opinião de Mafalda Fernandes

Nascida e criada no Porto, filha de pais brancos e irmã de mulheres negras. Formada em Psicologia Social, o estudo e pensamento sobre problemas sociais relacionados ao racismo, são a sua maior paixão. Usa o ecoturismo como forma de criar consciência anti-racista na sociedade. Fã de Legos, livros e amizades, vive pela honestidade e pelo conhecimento.

Entende as razões para o aumento da violência em Portugal

Nas Gargantas Soltas de hoje, Mafalda Fernandes fala-nos de como o oxigénio de uma sociedade é o sentimento de segurança e confiança nas instituições, no estado e no governo. 

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

O aumento da violência, ele existe e é visível, e até assustador. No entanto, as razões que levam a este aumento de violência são variadas e a direita não acertou em nenhuma, ou não quis acertar. Este texto não é um apelo à polarização, é um apelo ao pensamento crítico que só faz bem ao ser humano. 

A violência, e entenda-se por violência todos os atos de agressão sejam eles físicos, verbais ou psicológicos contra outro ser humano, aumenta de acordo com a instabilidade política, económica e social da sociedade. Se existe inflação, significa que existem mais pessoas em situações precárias e com a corda ao pescoço, e portanto o desespero torna-se uma das componentes sistemáticas na vivência de diferentes seres humanos. E o desespero esse sim, pode ser exprimido através da violência. 

No entanto o crime de violência doméstica continua a ser dos crimes mais cometidos em Portugal, maioritariamente por homens brancos cis. O que nos diz que temos uma epidemia machista, sexista e misógina a esventrar os nossos corpos. Portanto para além de termos de encontrar formas mais saudáveis de navegar esta inflação, também temos de encontrar formas de matar o machismo. 

Depois vem a teoria de que são os imigrantes quem comete estes crimes violentos, mesmo não existindo qualquer tipo de dados estatísticos que nos diga que isso é verdade. É um argumento um pouco arcaico, dado que quando um branco comete um crime ninguém diz que ele o fez porque é branco ou português. A ideia de que uma pessoa indiana, ou do Bangladesh é mais violenta que os portugueses, é o puro significado de racismo, dado todas estas pessoas serem apenas e só humanos, nada mais nem nada menos que isso. 

A instabilidade política, é também ela uma grande promotora da violência nas sociedades, porque reparem não existe nada pior que um povo sem esperança, e é exatamente isso que os nossos políticos fundamentam em nós, a falta de esperança, no sistema, nas pessoas, e nas estruturas. Aquele que não almeja por nada no seu futuro, sente que não tem rigorosamente nada a perder, e por isso, comporta-se como se estivesse na selva. Não é que passe a ser animal, mas passa a ser um ser humano, que se comporta de acordo com as regras do mundo animal, fica desenquadrado. 

O medo é o motor destes comportamentos. Mata-se porque não se quer ser morto. Rouba-se porque não se quer ser roubado. Insulta-se porque não se quer ser insultado. O ser humano seja ele de que cor for, tenha ele a orientação sexual que tiver, o ser humano tem medo, e este medo aumenta dependendo das circunstâncias em que vive, e por fim no caso de alguns este medo comanda a vida. 

A solução passa por criar um sentimento de segurança no qual a população confia. Cuidado, isso não significa "armar a população até aos dentes", isso significa dar ferramentas às pessoas para que possam viver aos invés de sobreviver, essas ferramentas, podem ser:; dinheiro, educação, acesso gratuito à saúde física e mental, acesso à habitação e segurança pública através de forças de segurança que sejam bem formadas para a sua prática profissional. 

O oxigénio de uma sociedade, é o sentimento de segurança e confiança nas instituições, no estado e no governo. A insegurança sufoca os mais vulneráveis, mas alastra-se tão depressa que até aqueles que um dia, sentiriam o rei na barriga, começam a questionar se a insegurança não lhes irá bater à porta. 

Sabemos quando nos sentimos seguros, mas nunca sabemos até que ponto estamos inseguros. É nesse espectro de insegurança que o medo vence. 

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

Publicidade

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

30 Junho 2025

Desejar: como os desejos de uma cidade se transformaram em festival

27 Junho 2025

Tempos Livres. Iniciativas culturais pelo país que vale a pena espreitar

25 Junho 2025

Gaza Perante a História

25 Junho 2025

A Budapest Pride está marcada para 28 de junho, mas o governo húngaro procura impedi-la

23 Junho 2025

O encanto do jornalismo pelo Chega

20 Junho 2025

Tempos Livres. Iniciativas culturais pelo país que vale a pena espreitar

18 Junho 2025

“Hipertexto” – Festivais Gil Vicente, por Isabel Costa e Rita Morais

18 Junho 2025

Segurança Humana, um pouco de esperança

16 Junho 2025

Para as associações lisboetas, os Santos não são apenas tradição, mas também resistência

13 Junho 2025

Tempos Livres. Iniciativas culturais pelo país que vale a pena espreitar

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Artes Performativas: Estratégias de venda e comunicação de um projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Escrita para intérpretes e criadores [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Desarrumar a escrita: oficina prática [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Patrimónios Contestados [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Gestão de livrarias independentes e produção de eventos literários [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo Literário: Do poder dos factos à beleza narrativa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

02 JUNHO 2025

15 anos de casamento igualitário

Em 2010, em Portugal, o casamento perdeu a conotação heteronormativa. A Assembleia da República votou positivamente a proposta de lei que reconheceu as uniões LGBTQI+ como legítimas. O casamento entre pessoas do mesmo género tornou-se legal. A legitimidade trazida pela união civil contribuiu para desmistificar preconceitos e combater a homofobia. Para muitos casais, ainda é uma afirmação política necessária. A luta não está concluída, dizem, já que a discriminação ainda não desapareceu.

12 MAIO 2025

Ativismo climático sob julgamento: repressão legal desafia protestos na Europa e em Portugal

Nos últimos anos, observa-se na Europa uma tendência crescente de criminalização do ativismo climático, com autoridades a recorrerem a novas leis e processos judiciais para travar protestos ambientais​. Portugal não está imune a este fenómeno: de ações simbólicas nas ruas de Lisboa a bloqueios de infraestruturas, vários ativistas climáticos portugueses enfrentaram detenções e acusações formais – incluindo multas pesadas – por exercerem o direito à manifestação.

Shopping cart0
There are no products in the cart!
Continue shopping
0