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Entrevista a Bernardo Caupers (Go Chill): uma bebida “on the go”

Um cappuccino com bebida de aveia bio? Um cappuccino? Um café latte? Um double espresso?…

Texto de Raquel Rodrigues

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Um cappuccino com bebida de aveia bio? Um cappuccino? Um café latte? Um double espresso?

São as variedades da bebida Go Chill, marca que Bernardo Caupers, marketing manager das Marketing Manager de Mais Marcas do Grupo Nabeiro Cafés, sua detentora, nos vem apresentar. Esta surgiu, há um ano e meio, para estar nas mãos de quem caminha apressadamente na cidade.

Gerador (G.) - De que forma surgiu o Go Chill?

Bernardo Caupers (B.C.) - Há uma plataforma interna, que é o MIND  – Modelo de Inovação Delta, que surgiu há cerca de seis anos. É uma plataforma de inovação que dá a oportunidade, a todos os colaboradores do Grupo Nabeiro, de colocar ideias na plataforma de produtos, serviços, do quer que seja, de forma contínua. Essas mesmas ideias podem ser comentadas por outros colaboradores e, depois, dez são escolhidas em formato de declaração até ao lançamento para o mercado. A ideia original era um iogurte. Foi a ideia que, há cinco anos, começou a ser trabalhada. Dadas todas as etapas de desenvolvimento da marca, concluiu-se, que, quer por motivos logísticos, quer por potencial da própria categoria, seria mais vantajoso lançar-se uma bebida de café “Ready to Go”.

G. - Distribuem café para França, Espanha, Luxemburgo, Suíça, Brasil, Angola e China. As bebidas Go Chill também se internacionalizaram? Como caracterizam a presença deste produto nos hábitos de consumo destes países?

B.C. - Neste momento, temos uma forte presença em Espanha. É o mercado que está mais desenvolvido, em termos de bebida “Ready to Go”, à base do café. É capaz de ser o primeiro grande produto em que não falamos apenas para uma comunidade de emigrantes. Qualquer marca portuguesa tem uma forte presença no “mercado da saudade”, como a Suíça e o Luxemburgo. A verdade é que a categoria Go Chill está a ficar mais madura no mercado espanhol. Vendemos ainda para França, Luxemburgo, Suíça… Agora, é uma questão de tempo para irmos começando a vender noutros países, como a Bélgica, os Estados Unidos da América, o Canadá… A marca é muito recente ainda, tem um ano e meio. Então, é fazer um desenvolvimento sustentado, em “pezinhos de bebé”, como se costuma dizer.

Os consumidores dos outros países são consumidores do “mercado da saudade”. Estamos a falar, já não de emigrantes de primeira, mas de segunda e terceira geração, que estão habituados ao consumo da bica. Há vários momentos de consumo de café. Naturalmente, o primeiro café da manhã, ou do pequeno-almoço, penso que seja igual em toda a Europa. Mas, depois, falamos da socialização e do “vamos beber um café”. Em Portugal é crítico, mas nos outros países não é tanto. Não estamos tão presentes no Reino Unido, se calhar, por causa disso. No Reino Unido, quando se convida alguém para ir beber um café, não é ir beber um café, mas um chá ou uma cerveja. A percepção que tenho de cada país é diferente. Penso que o trabalho nos mercados internacionais é muito interessante, mas difícil, ao mesmo tempo, porque a tipologia dos hábitos de consumo do café é muito diferente.

G. - O que justifica o facto deste produto ter maior adesão em Espanha?

B.C. - Um português diria sempre que os espanhóis não têm bom café, mas não é verdade. Nós, portugueses, gostamos muito da bica, do café tradicional, e somos dos únicos países da Europa, no mercado de grandes consumos, onde o sabor “café” não vende. Estamos a falar de bolachas, batatas, gelados…

Em Espanha, quando olhamos para o mercado do café e de “Ready to go”, o consumidor, sobretudo no norte, na Catalunha, e também em Valência, é mais cosmopolita. São cidades onde há cidadãos de todo o mundo. Há uma faixa etária mais nova, que está em constante andamento, que vai procurar soluções “on the go” e a verdade é que não há tanto a tradição de consumo do café. Quando pedimos um café em Espanha, vem mais o abatanado, e não a nossa bica. A própria tradição de beber café em Espanha é diferente de beber em Portugal. Portanto, eles são mais abertos a este tipo de bebida. Pelo facto de, também, haver uma miscelânea de opções para o consumo de café, o consumidor espanhol recebe da melhor forma este tipo de bebidas.

G. - O facto de ser uma bebida “on the go”, precisamente para se sintonizar com o mundo contemporâneo, “acompanhar o dia-a-dia de uma geração com novas necessidades e exigências”, significa que se está a perder o ritual de sociabilidade que, ao longo do tempo, se criava em torno do café, uma vez que o seu consumo é mais individualizado, porque em trânsito?

B.C. - Não, de todo. Em primeiro lugar, o café tradicional, ou a bica, está a perder alguma expressão numa faixa etária mais nova, seja pela redução do consumo de cafeína ou pelo recurso a alternativas ao café. Por outro lado, estas gerações estão constantemente em movimento. O facto de estarem em constante movimento, faz com que a Go Chill venha preencher esse buraco existente. É uma oportunidade, não só para a categoria café, mas também para a marca Delta, para fazer um sign in para um target mais novo. Depois, todo o processamento e a oferta de comunicação da marca é feita muito através de momentos de convívio e partilha. Daí, também, os eventos culturais. Estamos a entrar no surf, que, embora seja um desporto individualizado, é uma comunidade que partilha valores. O consumo é individualizado per si, sim, é verdade, mas também promovemos um tipo de convívio ao ar livre, on the go, que, cada vez mais, dado os contextos onde estamos, vai ser mais comum. Começámos a ver jovens a socializar em parques ao ar livre, “on the go”, e não tanto sentados no café ao pé da escola, da universidade. Pensámos num convívio “on the go” e não tanto num consumo individualizado “on the go”.

G. - Este novo lugar do café não distancia o vendedor do consumidor?

B.C. - Não creio; embora os canais prioritários deste tipo de produto sejam máquinas de vending, gasolineiras e retalho, um estabelecimento de restauração pode e deve ter, cada vez mais, soluções de take away e de consumo “on the go”; Go Chill é a solução certa.

G. - De que forma se inova um produto sem que este perca a sua identidade?

B.C. - A resposta a esta pergunta é a criação da marca Go Chill. Se queríamos chegar a um público mais novo, mais irreverente, não podíamos estar a fazê-lo com a marca Delta. Aí, sim, poderíamos perder a identidade da marca Delta, da cultura tradicional, familiar.... Daí termos inovado com um produto de uma marca nova.  Não foi por acaso que quisemos deixar o logotipo da marca Delta mesmo por debaixo do logotipo da Go Chill, porque, para além de ser café Delta, queremos manter a identidade da marca Delta. É fácil perder a identidade, daí termos criado a marca Go Chill com o selo da marca Delta.

  • - A dimensão cultural, social e ambiental de uma marca pode não ser uma estratégia de marketing? A sua presença em eventos culturais não é olhada com uma certa desconfiança?

B.C. - Qualquer acção que uma marca faça, com ou sem propósito, objectivo ou estratégia, acaba por ser marketing. Pode ser bom ou mau marketing. Acima do marketing, está o carácter social da marca. Quando falamos de cultural, falamos em eventos. Quando falamos de social e ambiental, significa que estamos cada vez mais preocupados com o ambiente que nos rodeia, se não a marca não teria a grandeza que tem hoje, não seria uma marca a crescer desde 1961. Temos vários programas associados à marca Delta Cafés. Falando apenas por Go Chill, em termos culturais, esta parceria com o Gerador é prova de que a marca é peça activa na cultura emergente portuguesa. Gostaríamos de, daqui a 10 anos, trabalhar com uma dimensão bastante maior. Estamos bastante orgulhosos do caminho que fizemos, porque também ajudámos alguns portugueses a crescer dentro da cultura e é isso que queremos.

Nós, portugueses, às vezes, temos medo de parecer um pouco arrogantes, mas a verdade é que temos de ter noção que somos os melhores do mundo em muitas áreas. É o que acreditamos também no café. Por isso, há sentido para a Delta Cafés e para a Go Chill em aliarem-se aos talentos portugueses, sejam emergentes, ou já bem conhecidos do público português.

Texto de Raquel Botelho Rodrigues

Fotografia da cortesia de Bernardo Caupers

O Gerador é parceiro da Go Chill

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