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Entrevista a Cristina Araújo: “Admito que o livro me fez, e ainda faz, ser cada vez mais atenta e sensível a todos os problemas que enfrentamos”

Com uma grande paixão pelos oceanos e animais marítimos, Cristina Araújo revela várias perspetivas sobre…

Texto de Gabriel Ribeiro

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Com uma grande paixão pelos oceanos e animais marítimos, Cristina Araújo revela várias perspetivas sobre a vida animal oceânica por intermédio da arte da ilustração no seu novo livro Criaturas do Planeta Azul. A ideia é estimular a curiosidade e informar sobre a vida no fundo do oceano, com factos que podem ser divertidos ou ao mesmo tempo preocupantes. Com 30 anos, Cristina Araújo nasceu em Guimarães e licenciou-se em design, mas nunca trabalhou na área.

Neste livro, para miúdos e graúdos, as questões ambientais não ficaram esquecidas, e o projeto pretende também consciencializar sobre o futuro do mar e da vida marinha. Vários problemas da ordem do dia são assim puxados para um debate lúdico, como a poluição e o excessivo uso de plásticos que continuam a afetar o normal estado dos animais, sendo que muitos deles também vivem em Portugal. A obra tem apresentação marcada para o dia de hoje, 10 de agosto, na Fnac do AlgarveShopping, em Albufeira, às 15h00, e na Fnac Faro, às 18h30.

Gerador (G.) – Como é que se pode resumir o livro Criaturas do Planeta Azul, segundo a própria autora do livro?

Cristina Araújo (C. A.) – O livro Criaturas do Planeta Azul é uma obra de ilustrações sobre criaturas relacionadas com os oceanos, e todas elas são acompanhadas por pequenas curiosidades. Algumas espécies são desconhecidas a muitas pessoas e as curiosidades também. Há curiosidades engraçadas e outras mais tristes que se centram nos problemas que os oceanos enfrentam e, consequentemente, o planeta. No final, existe um glossário de espécies, onde podem encontrar dados mais científicos de cada uma (nome científico, tamanho, peso, o que comem, onde vivem...) e algumas dicas sustentáveis para o nosso dia-a-dia.

G. – Como surgiu a ideia de fazer um livro sobre os animais marinhos?

C. A. – Isto nunca começou com a intenção de ser um livro, o que o torna mais especial para mim. Eu adoro animais, mas tenho um fascínio especial pela vida marinha. Ao ver a série Blue Planet II (são duas, distanciadas por alguns anos), fiquei completamente colada ao ecrã. Pela tecnologia que utilizam, a descoberta de novas espécies, o ir cada vez mais longe. Esta série da BBC Earth, aliada ao meu gosto pela ilustração, deu origem ao livro. Numa altura em que estava com mais tempo livre, comecei a desenhar todas as espécies da série, a pesquisar e a acompanhar com peculiaridades, e quando me dei conta tinha mais de 150 desenhos de espécies com texto. Alguém viu naquilo mais potencial do que eu mesma e comecei a seguir caminhos, aconselhada por várias pessoas, até chegar ao objeto final – o livro.

G. – As consequências das alterações climáticas e o futuro dos oceanos também são um dos tópicos do livro. A literatura deveria unir-se mais por estas causas?

C. A. – Não só a literatura como todos os meios de comunicação, principalmente aqueles que chegam mais rápido às pessoas. Apesar de o assunto já ser mais falado, ainda não é falado o suficiente.

G. – O livro é mais direcionado para o público infantojuvenil. Considera, contudo, que os adultos não estão devidamente informados sobre os oceanos e as suas profundezas?

C. A. – Considero que o livro tem muita informação desconhecida aos adultos. Tenho usado sempre uma frase que me diz muito que é: os oceanos ocupam cerca de 70 % do nosso planeta, mas nós conhecemos mais sobre a Lua do que sobre os nossos oceanos. Já houve mais pessoas a pisar o solo lunar do que a ir às profundezas dos oceanos. Se o nosso planeta é um planeta de oceanos, faz de nós seres de oceanos também.

G. – Como é que surgiu a ilustração na sua vida? Antes da execução do livro, já tinha pensado usar essa arte como forma de sensibilização?

C. A. – A ilustração está presente na minha vida desde criança. Não tirei nenhum curso de ilustração, mas sempre desenhei simplesmente por gosto. Antes do livro nunca tinha considerado isso porque honestamente não me dava esse crédito. E admito que o livro me fez, e ainda faz, ser cada vez mais atenta e sensível a todos os problemas que enfrentamos.

G. – Tem recebido algum feedback dos leitores?

C. A. – Tive bastante feedback quando o livro era apenas um protótipo e andava de um lado para o outro com ele para o dar a conhecer a associações e instituições relacionadas com o tema. O bom feedback que tive e a disponibilidade para apoiarem o projeto de alguma forma, por mínima que fosse, foram maiores do que eu pensava. Até agora não tive nenhum feedback mau, o que me tranquiliza.

G. – Há alguma coisa planeada para o futuro? Uma segunda edição do livro, talvez?

C. A. – Sinto que ainda tenho muito trabalho pela frente com este livro. Mas um dos objetivos que tenho desde o início é levá-lo para fora do país. Para começar, porque iniciei tudo escrito em inglês e depois é que traduzi para português; e depois, porque se trata de um tema completamente internacional e acho que poderia fazer todo o sentido existir a nível mundial.

G. – Qual é a moral que podemos retirar desta história?

C. A. – Pergunta difícil. Em relação ao livro, este não conta uma história nem é uma enciclopédia de espécies. É um livro de fácil leitura, que dá a conhecer o meu primeiro trabalho a sério como ilustradora e que pode ser lido por todas as idades e até em família. Este projeto não se resume ao livro, pois tem continuidade nas redes sociais (com o mesmo nome), em que vou publicando outras criaturas com outras curiosidades. Acima de tudo, espero conseguir sensibilizar de alguma forma e ao mesmo tempo proporcionar um momento engraçado ao leitor.

Entrevista por Gabriel Ribeiro
Fotografia de João Mesquita

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