Depois de um trabalho desenvolvido pelo espaço Carmo’81, aberto deste agosto de 2015 em Viseu, chega agora a primeira edição do festival KARMA – is a fest - dedicado, quase exclusivamente, à música alternativa portuguesa. Agendado para o período entre 3 de maio e 1 de junho, o cartaz desta primeira edição faz-se com Pop Dell’Arte, Gala Drop, Jibóia, Dada Garbeck, The Dirty Coal Train, José Pedro Pinto, Keep Razors Sharp, Montanhas Azuis, Sensible Soccers, Ohxalá e os DJs sets de Osmose e César Zembla.
“O KARMA - is a fest - é o resultado do trabalho que o Carmo’81 tem vindo a desenvolver ao longo de quase 4 anos de existência. É a consequência natural de um caminho a que o Carmo'81 nos conduziu. Para nós, era óbvio que, mais cedo ou mais tarde, iríamos fazer um festival totalmente dedicado à música”, explica ao Gerador Nuno Leocádio, diretor artístico e programador do Carmo’81.
O nome do festival surge, por isso, como auto-explicação de um percurso que atingiu o seu cume: “Chegámos a um momento em que somos obrigados a fazer isto. É o Karma. Uma vontade e uma obrigação”, salienta.
Paralelamente à programação musical o festival incluí ainda um momento Talk “Ouvimos Karma?”, na qual Vera Marmelo (fotógrafa de música), Gui Garrido (diretor do festival A Porta) e Rui Sousa (Dada Garbeck), moderados por Rui Portulez, vão pensar o estado atual da música, através de questões como “ Qual o poder da promoção e divulgação?” e “É possível viver de forma financeiramente digna do mercado da música?”.
Em simultâneo, está pensado outro momento que tanto pode ser lúdico como de reflexão, através da sessão de Doc’s Antena 3. “Uma espécie de punk”, “I Love My Label – Editoras” e “I Love My Label – Ser Independente”, todos assinados por Rui Portulez e António Sabino. O primeiro é uma viagem pelo punk português, com as vozes de músicos como António Sérgio, Xutos & Pontapés, Peste&Sida e Mata-Ratos; o segundo um levantamento de editoras de música independentes onde, entre outras, aparecem a Lovers & Lollypops e a Discotexas; e o terceiro questiona a importância de ser independente a músicos como B Fachada, Tó Trips, Surma, Da Chick e Filho da Mãe.
Antes deste Karma – is a fest – já o Carmo’81, apresentado como cooperativa cultural, tinha dinamizado, com sucesso, o festival “Cultura Urbana”, que teve duas edições, e “Solos e Solidão”, que contou apenas com uma. Com este novo projeto, a cooperativa pretende alcançar um lugar de destaque no panorama dos festivais de música em Portugal, primando por uma programação eclética, que prove que “é possível fazer um festival assim em cidades como Viseu”.
No total, a primeira edição do KARMA – is a fest – conta com 14 concertos, uma oficina, um debate, uma fanzine, uma exposição de fotografia e uma residência artística. Para fomentar a aprendizagem e levantar o véu a novas possibilidades, o festival apresenta também a Oficina de Estranhofones, na qual os sons esquisitos são considerados mais do que marginais. Além disso e seguindo a lógica de abraçar o estranho, cria-se a Residência com apresentação do Sr. Jorge, o zelador e sacristão da Igreja Misericórdia de Viseu que é um fadista autodidata. Nesta residência artística, o Sr. Jorge será acompanhado por três músicos profissionais, Rui Souza (Dada Garbeck e El Rupe), João Pedro Silva (The Lemon Lovers) e Gonçalo Alegre (Galo Cant’às Duas), onde juntos terão o desafio de desobstruir o fado tradicional.
Vídeo de apresentação do KARMA - is a fest
Assumindo uma postura eclética e que pretende atrair todo o tipo de públicos, o KARMA – is a fest - inclui ainda A Voz do Rock, grupo composto maioritariamente por octogenários de Viseu, numa performance musical que presente celebrar o prazer da partilha musical. À exceção das restantes atuações que irão decorrer no Carmo’81, o grupo irá realizar uma tour composta por três momentos de apresentação, nos dias 8, 15 e 22 de maio, na Escola Emídio Navarro, no Internato Vítor Fontes e no Agrupamento de Escolas Infante D. Henrique – Escola Básica Paradinha, respetivamente.
Neste primeiro ano, Nuno Leocádio espera uma boa adesão em termos de público, realçando que já está a ser planeada uma 2.ª edição do festival, num formato mais compacto, com menos dias. “Já temos o plano feito para o próximo ano, em espaço outdoor e em menos tempo, ou seja entre 3 a 4 dias e com mais artistas. Este ano, o festival estende-se, mas é algo que queremos mudar. Este ano foi assim decidido por questões logísticas e para darmos espaço ao público para respirar entre eventos. Mas queremos deixar claro que este é um primeiro passo para algo que esperamos que cresça”, sustenta.
O Carmo’81 é um espaço cultural em Viseu, com o intuito de contribuir para o desenvolvimento do cenário artístico da cidade. Por lá já passaram cerca de 200 atividades de cinema, música, exposições, masterclasses, feiras e conversas. A programação do espaço é feitas pelos seus cooperantes, mas mostra-se aberta a sugestões da comunidade, que podem contribuir com propostas através do e-mail ruadocarmo81@gmail.com.