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Entrevista a Pedro Alves: “Se este festival fosse no centro de Lisboa, rebentaria a escala. Ainda existe muita resistência e é inexplicável que isso ainda aconteça”

A 5.ª edição do MUSCARIUM regressa a vários espaços de Sintra para mais de dez…

Texto de Gabriel Ribeiro

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A 5.ª edição do MUSCARIUM regressa a vários espaços de Sintra para mais de dez dias de programação. O festival, que se iniciou esta quinta-feira e que se prolonga até dia 22, solta a cultura em forma de música, dança, teatro e espetáculos infantis.

A organização deste evento parte da companhia Teatro Mosca, fundada em 1999. A direção artística está nas mãos de Pedro Alves, que também possui formação em encenação e representação, e promete muitas surpresas para mais uma edição, desta vez com um número redondo.

Gerador (G.) – Como nasceu o festival MUSCARIUM?

Pedro Alves (P.A) – Inicialmente, quando arrancamos com o festival em 2015, estávamos a começar a instalar-nos no Auditório Municipal António Silva (AMAS). Embora não fosse ainda oficial que viéssemos para o espaço, já apresentávamos aqui muitas produções. Como a companhia fazia 15 anos, entendemos que era uma espécie de data redonda. Então, andávamos muito pelo país fora, encontrávamos muitas companhias, artistas, malta da música, do teatro, mas continuávamos sem um espaço nosso. Era difícil receber gente no nosso sítio, em Sintra. Então, entendemos que devíamos criar uma plataforma que nos permitisse receber outros. A melhor forma seria criar um festival que durasse algum tempo, na altura acordamos duas semanas, e convidamos um coletivo de companhias a virem a Sintra para estarem connosco e promover o encontro entre os artistas e públicos.

G. – O festival faz cinco anos. Que balanço é que faz das edições anteriores?

P.A. – O festival tem crescido bastante. Evidentemente, a primeira edição foi mais difícil, pois não tínhamos o saber e também não arriscávamos muito. Foi uma edição mais caseirinha, embora tivéssemos conseguido trazer um coletivo francês. Mas foi feito com a prata da casa, com malta mais conhecida. Nas edições seguintes, as pessoas começaram a falar mais, começou a haver um público regular no festival, começamos a ter espectadores que já sabem que em setembro existe este festival. Da terceira para a quarta edição, quase que duplicamos o número de espectadores. Estamos a falar de um festival com uma dimensão pequena e fazemos questão que assim seja: pequeno e intimista. Além disto, temos apostado muito na diversidade: no teatro, música, dança, circo e espetáculos para crianças.

G. – Uma das razões era a escassa oferta cultural na cidade de Cacém. Considera que atualmente existe oferta cultural suficiente em Portugal?

P.A. – O que me parece é que a oferta cultural não está desconcentrada. Está tudo centralizado em Lisboa, onde acontece tudo. Vai-se impondo cada vez mais, ao contrário do que gostaria, uma grande concentração em Lisboa e no Porto. Em Sintra, que é sempre olhada como periférica, vão acontecendo coisas, vai havendo público. Mas não tem a mesma visibilidade como quando acontecem em Lisboa. Se este festival fosse no centro de Lisboa, rebentaria a escala. Ainda existe muita resistência, e é inexplicável que isso ainda aconteça. Há coisas a acontecer que vão tendo muito pouca visibilidade e apoios. A oferta cultural vai existindo, contudo, aqui especificamente, no Cacém, havia um défice bastante grande de oferta cultural. Há muita gente a fazer música na rua, malta a tentar fazer coisas, mas não havia oportunidades. O nosso trabalho também vai por aí, tentar mudar essa ideia e essa imagem.

G. – Quais são as maiores dificuldades de se organizar um festival de artes?

P.A. – Há inúmeras dificuldades. A primeira é o financiamento, porque o festival é uma festa num período temporal muito curto e, ao mesmo tempo, intenso. São muitas equipas em muitos sítios… tudo isso implica viagens, alimentações, estadias de muita gente. É um orçamento grande, tendo em conta o tamanho da nossa estrutura, e, portanto, é importante trabalhar com muita antecedência e definir um plano para tentar encontrar financiamento. Quanto ao resto, vai fluindo.

G. – Quais são as expectativas para este ano?

P.A. – Para esta edição, nós temos algumas propostas diferentes. Temos alguns amigos que repetem e regressam ao festival, como é o caso de uma companhia britânica que também irá fazer uma antestreia no nosso espaço. Teremos também companhias que já tem alguns anos e têm sido parceiros. Portanto, mantemos a ideia de reunir os amigos. Temos uma aposta forte na dança, com a companhia de dança de Matosinhos e uma companhia escocesa de teatro físico. O festival abre com uma companhia belga dirigida pelo português Ricardo Ambrósio, sendo que este ano quisemos arriscar um pouco mais na dança. Os públicos da dança são mais restritos, e queríamos namorar outros públicos. É um festival muito eclético com muitas propostas diferentes. A nossa expectativa é que possamos ter o mesmo número de espectadores do ano passado ou até mais e que as pessoas elogiem o festival.

Entrevista por Gabriel Ribeiro
Fotografia de Teatro Mosca

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