O filme A metamorfose dos pássaros, de Catarina Vasconcelos, foi eleito o melhor do 25.º Festival Internacional de Cinema de Vilnius, que terminou no dia 2 de abril e que decorreu apenas online, por causa da pandemia da covid-19.
O filme vencedor de Catarina Vasconcelos é sucessor da curta-metragem Metáfora ou a tristeza virada do avesso (2014), que Catarina fez em contexto académico. Os dois filmes aproximam-se em aspetos formais e temáticos e interligam-se, porque em ambos Catarina Vasconcelos filmou a família, abordando a relação dos pais e a morte da mãe na curta-metragem, e a história de amor dos avós e a morte da avó paterna - que nunca conheceu - na longa-metragem. É por isso que Catarina Vasconcelos apresenta A metamorfose dos pássaros como um 'documentário-ficção', um filme que está no meio, um "híbrido de formas" baseado nas memórias das infâncias e juventudes da família e preenchido pela ficção, explicou a artista à Lusa.
No 25.º Festival Internacional de Cinema de Vilnius, o júri destacou que a primeira longa-metragem de Catarina Vasconcelos, selecionada para a competição de primeiras obras europeias, “combina experimentações estilísticas de uma forma musical, em que cada elementos se torna uma parte inseparável de uma gloriosa sinfonia”.
A metamorfose dos pássaros teve estreia mundial em fevereiro de 2020 no festival de cinema de Berlim, onde foi distinguido pela Federação Internacional de Críticos (FIPRESCI) como o melhor filme da nova secção competitiva “Encontros”. Já foi exibido em festivais nos Estados Unidos, Rússia e Colômbia, e estava prevista a presença noutros eventos de cinema, mas a pandemia da doença covid-19 alterou o plano de divulgação internacional.
Em entrevista à Lusa, Ana Isabel Strindberg, da agência Portugal Film, explicou que “está a ser um desafio, é uma nova dinâmica, com trabalho redobrado a contactar festivais. Isto tudo tem implicações, estamos a tentar perceber o que se está a passar e não podemos estar parados”, apostando agora nos festivais que estão marcados mais para o final do ano.
A 25.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Vilnius decorreu, pela primeira vez, apenas em formato digital, online, como medida restritiva. De acordo com a organização, todos os eventos públicos foram cancelados e mais de metade dos filmes programados foram exibidos em streaming pago.
Além de Catarina Vasconcelos, houve outras produções portuguesas presentes no festival de Vilnius. Na competição de curtas-metragens estavam Dia de festa, de Sofia Bost, Noite Perpétua, de Pedro Peralta, Vulcão, o que sonha um lago?, de Diana Vidrascu, e Lá fora as laranjas estão a nascer, de Nevena Desivojevic. O prémio de melhor curta foi atribuído a Journey through a body, de Camille Degeye.
Catarina Vasconcelos nasceu em Lisboa em 1986. Estudou na Faculdade de Belas Artes de Lisboa e fez uma pós graduação em Antropologia Visual no ISCTE. Fez um mestrado em Comunicação Visual no Royal College of Art, em Londres.