O festival de música TV Fest, uma iniciativa do Ministério da Cultura que deveria ter início hoje, foi suspenso, na sequência das dúvidas e críticas que surgiram no setor, e será repensado, disse hoje à Lusa a ministra Graça Fonseca.
“Como o setor reagiu tão rapidamente, com críticas, dúvidas e questões, nós vamos suspender [o TV Fest], ia estrear hoje, será suspenso hoje. Vamos repensar e perceber exatamente como manter este nosso objetivo de apoiar o setor da música e os técnicos e, ao mesmo tempo, dar a possibilidade de as pessoas receberem em sua casa música portuguesa”, afirmou hoje a ministra da Cultura, Graça Fonseca, em declarações à Lusa.
Este projeto, criado pelo Governo no quadro de apoio, no âmbito da crise causada pela pandemia covid-19, e destinado “exclusivamente” ao setor da música, tinha estreia marcada para hoje à noite, no canal 444, nos quatro operadores de televisão por subscrição em Portugal, e na RTP Play.
Em cada programa atuariam quatro músicos. Os primeiros quatro, escolhidos pelo apresentador de televisão Júlio Isidro, foram Marisa Liz, Fernando Tordo, Rita Guerra e Ricardo Ribeiro. Estes quatro músicos convidariam outros quatro, e daí em diante.
De acordo com a ministra, seriam abrangidos “160 músicos”, “de todos os estilos musicais”, a quem era pedido que “envolvessem sempre equipas técnicas”, o que significaria o envolvimento de “cerca de 700 técnicos”, ao longo dos vários programas.
Graça Fonseca explicou que estavam já gravados quatro programas e que “suspender o projeto para repensar não significa não retribuir aos 12 músicos que já trabalharam”.
Durante o dia de ontem vários artistas, entre os quais músicos, foram manifestando a sua opinião relativamente ao TV Fest através das suas redes sociais. Foi criada uma petição pública ao fim do dia que, por volta da hora de jantar, já contava com 140 assinaturas e tem, neste momento, às 18h47, 19 893 assinaturas.
Entre algumas das questões que se levantaram relativamente ao festival criado pelo Ministério da Cultura estavam o montante ser dirigido apenas a um setor da cultura, a acessibilidade ser questionável (uma vez que o canal 444 não se encontra no serviço TDT), e o facto de não caber ao Estado organizar um evento cultural. Reunimos esses e outros pontos de reflexão num artigo publicado ontem, que podes ler aqui.