A autarquia da Guarda anunciou hoje, véspera do Dia Mundial do Teatro, que vai criar um novo Centro Internacional de Dramaturgia (CID). O projeto, que conta já com sete países parceiros, vai acolher escritores, encenadores, atores, tradutores, académicos, artistas e críticos, nacionais e internacionais.
Em comunicado, o município afirma que o CID “pretende ser um projeto artístico e formativo para a renovação da escrita para o palco, promovendo a experimentação e o crescimento de peças que representem a realidade”.
A ideia é que o espaço possa ser “sede de pesquisa” e de ensaio, de forma a que permita o desenvolvimento de obras em comunhão com o público. Será, por isso, “um palco para ensaios abertos, leituras mais ou menos encenadas, espetáculos, peças transmitidas em streaming, ou de leituras radiofónicas”, podendo mesmo funcionar “como ponto de partida da promoção dos autores nacionais na cena internacional”.
O projeto surge no âmbito da Candidatura da Guarda a Capital Europeia da Cultura, e pretende, a partir do Teatro Municipal da Guarda (TMG) “colocar a região da Guarda como novo centro artístico em relação permanente com o mundo, bem como alargar o diálogo cultural também a nível nacional e regional, contando com os agentes culturais da região”, de acordo com a autarquia.
A base desta iniciativa está na ideia de que os teatros regionais, como o TMG, devem ter uma “força criativa que os aproxime dos teatros nacionais”. “Apesar de estarem situados no Interior devem assumir um protagonismo na criação nacional, em diálogo com os teatros nacionais e internacionais”, segundo o município.
Até dezembro de 2021, está prevista uma programação de 12 espetáculos, 10 sessões de leitura, cinco conferências e cinco concertos (se a atual situação pandémica o permitir). No âmbito das parcerias já estabelecidas com centros internacionais congéneres, haverá espetáculos de autores como Chris Thorpe (Inglaterra), Deborah Projeto Artístico e Formativo Pearson (Canadá), Tor Vagn Lid (Noruega), Ofelia Wang (China), Luis Mario Moncada (México), Lautaro Vilo (Argentina), Jacinto Lucas Pires e Jorge Andrade, entre outros. Além das atuações, os artistas irão participar em conferências e debates sobre o trabalho que desenvolvem. Estas contarão ainda com John Clinton Eisner (Estados Unidos da América), no rol de oradores.
O presidente da Câmara Municipal da Guarda, Carlos Chaves Monteiro, citado na nota, considera que o CID, nasce “para afirmar claramente a importância da descentralização nacional, querendo provar que a Cultura pode e deve ser um motor do desenvolvimento regional”. “Partimos para esta grande aposta com a certeza de que se trata de um projeto claramente vencedor e que, por isso, a seu tempo merecerá o apoio de mais entidades e do Governo de Portugal”, sublinha.
O projeto terá a direção de Marcos Barbosa, responsável da Escola do Largo, em Lisboa, que afirma que o CID “aparece da necessidade de uma ação continuada e persistente, que permita o desenvolvimento da escrita para Teatro em Portugal”.
Segundo o responsável, “apesar das gloriosas exceções, que se contam pelos dedos de uma mão, o Teatro português não tem um historial rico na dramaturgia e os últimos anos, apesar de algumas medidas avulsas, não têm sido propícios ao aparecimento de textos relevantes de Teatro, em língua portuguesa”.
Vítor Amaral, vice-presidente da Câmara da Guarda, que tem o pelouro da Cultura, adianta ainda que “além de um diálogo permanente com o contexto institucional educativo local e regional, e com municípios parceiros Guarda 2027, está já prevista uma articulação ibérica com a iniciativa Feira do Teatro de Castela e Leão, em Cidade Rodrigo, província de Salamanca [Espanha]. Esta atividade está prevista para o mês de agosto.