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Histórias de desconfinamento: Teatro Municipal da Guarda

O Teatro Municipal da Guarda iniciava o ano de 2020 com um desígnio: celebrar o…

Texto de Bárbara Dixe Ramos

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O Teatro Municipal da Guarda iniciava o ano de 2020 com um desígnio: celebrar o décimo quinto aniversário de casa. Com uma programação intensa anunciada para os primeiros quatro meses do ano e, sobretudo, para o mês de abril, a equipa trabalhara na comemoração há meses. Mas os planos começaram a ser abalados quando, no dia 16 de março, o TMG foi forçado a encerrar portas, sem data prevista para a reabertura.

O prolongamento do período de confinamento e as regras emanadas pelo Governo e pela Direção Geral de Saúde não permitiram a reabertura do Teatro antes do grande dia - o dia 25 abril. Coincidente com a data da celebração do Dia da Liberdade, a comemoração do aniversário do Teatro este ano foi, aliás, mais restrita do que nunca. Victor Afonso, programador e coordenador do TMG, conta que “quando nos apercebemos que não iríamos comemorar durante o mês de abril o 15º aniversário ficamos todos bastante prostrados, angustiados, tristes”. O mês de abril costuma ser um mês de festa para o teatro, artistas, equipas técnicas, companhias residentes e para o público - “é sempre um mês muito intenso em termos de programação artística e cultural, com uma série de projetos e espetáculos que eram praticamente exclusivos do TMG e que não aconteceram por causa da pandemia”, refere o programador.

Contudo, e logo após o encerramento, a equipa de Victor deu início a um “trabalho de diagnóstico”, de “adiamento de espetáculos e pagamentos adiantados a 50%”. Afirma que a “prioridade foi dialogar com os artistas e as companhias”. Embora a programação estivesse apenas anunciada até ao final de abril, o TMG tinha “praticamente a programação definida ou pré-agendada de maio, junho e julho”.  Assim, as primeiras semanas foram de contacto com artistas, criadores e companhias. Apesar das circunstâncias, o programador e coordenador do TMG dá conta de apenas um espetáculo cancelado entre as dezenas que tiveram de ser reagendadas.

Em paralelo com todas estas negociações e gestão da agenda, Victor Afonso esteve ainda envolvido em diálogos com colegas programadores de outros teatros municipais nacionais. Afirma que a partilha de informação ajudou a “perceber o que estava a acontecer e como podíamos reagir a toda esta situação de encerramento compulsivo dos teatros”. Depressa percebeu que “uma das grandes reações dos teatros e restantes equipamentos culturais era recorrer a conteúdos online, espetáculos em streaming”, e procurou, desde logo, “fugir a essa matriz que era dominante”. 

No período de apenas um mês, o TMG, com o apoio de uma empresa tecnológica local, apresentou aquele que é para Victor Afonso “um projeto diferenciador a nível nacional” - o TMG 360 - uma visita virtual pelos espaços do teatro, que dá a conhecer não só os espaços públicos como os seus bastidores. Esta é uma plataforma dinâmica cujos conteúdos contam a história dos 15 anos do TMG, através de fotografias e vídeos de alguns dos projetos e espetáculos que passaram pelas tábuas do teatro. A plataforma é ainda um veículo de divulgação e promoção de jovens artistas emergentes da região. “O Palco do TMG convida” é o projeto que permite a jovens criadores das mais variadas áreas apresentarem os seus projetos nesta plataforma. De acordo com o programador e coordenador do Teatro Municipal da Guarda, a plataforma tem registado “picos de audiência bastante interessantes, não só na região da Guarda, mas a nível nacional”, pelo que promete continuar a ser “uma porta virtual de entrada ao equipamento físico e uma elo de ligação permanente com o público”, lê-se em comunicado.

Este elo de ligação terá de continuar a ser exclusivamente virtual, pelo menos por mais uns tempos. No dia 1 de junho, dia anunciado para a reabertura das salas de espetáculo, o Teatro Municipal da Guarda tomou a decisão de não voltar a sentar o público na plateia, não para já. Victor Afonso enumera as razões que levaram a esta decisão, entre estas estão o custo-benefício da realização dos espetáculos e o nível de exigência das regras e recomendações de segurança da DGS. “Não quisemos abrir só por abrir e sem acautelar todas as questões de segurança, que vão implicar custos e exigir um orçamento especial por parte do município para suportar os processos de higienização das salas e espaços comuns”. 

Mas o TMG não estará encerrado. Segundo o programador do Teatro, “quisemos dar um sinal de resposta à população com uma programação cultural” e, para isso, decidiram readaptar o Festival de Jazz e Blues. No total serão oito concertos, 4 de jazz e 4 de blues, exclusivamente nacionais, ao ar livre na esplanada do Café-Concerto. Para a realização destes concertos, entre os dias 1 e 11 de julho, o Teatro Municipal da Guarda está a acautelar todas as questões de segurança e higienização, pelo que o número de espectadores será limitado. “O festival já estava marcado há muitos meses com artistas internacionais, estes não podem vir, então privilegiamos artistas e músicos nacionais, para dar um apoio aos artistas que precisam agora do nosso suporte”, esclarece Victor Afonso. 

O Teatro encerrará na última quinzena do mês de julho e durante todo o mês de agosto, em que já estaria tradicionalmente fechado. O regresso a palcos está previsto para setembro, contemplando não só parte da programação que teve de ser reagendada, mas também recuperando as comemorações dos 15 anos de TMG. O lançamento do livro dos 15 anos, o documentário de Hugo Moreira sobre a vida do TMG, “Do lado de dentro” e, espera-se, a realização dos concertos de Salvador Sobral, que arrancaria as comemorações no mês de abril, e dos Resistência, o concerto comemorativo do dia 25 de abril, são alguns dos acontecimentos que o programador Victor Afonso espera virem a ter espaço na agenda ainda deste ano. Assim, em setembro, o TMG estará de regresso, mas sem espetáculos de grande auditório, pelo menos enquanto se mantiver a lotação limitada a 50%.

“Até ao final do ano temos também previsto o apoio aos jovens criadores, às companhias locais, com um programa de residências artísticas e de incubadora de projetos criativos, em que vamos convidar artistas e companhias a fazer o seu trabalho em residência no teatro e depois ser apresentado durante o ano de 2021”. Para Victor Afonso, perante os tempos em que vivemos, “deve ser missão do setor cultural ter como prioridade o apoio aos 130.000 trabalhadores da cultura em Portugal”.

Texto de Bárbara Dixe Ramos
Fotografia do TMG

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