Esta semana o Gerador conta mais uma história de desconfinamento, desta feita do Centro de Artes e Mesteres Tradicionais de Guimarães, conhecido como A Oficina. Este projeto de gestão e programação envolve um conjunto de equipamentos e projetos entre os quais o Centro Internacional das Artes José de Guimarães, o Centro Cultural Vila Flor com o seu Palácio do século XVIII, a Casa da Memória de Guimarães, o Centro de Criação de Candoso e a Black Box na Fábrica ASA, o Teatro Oficina e um serviço de Educação e Mediação Cultural.
O encerramento destes equipamentos culturais aconteceu no dia 11 de março, e envolveu o Município de Guimarães. Fátima Alçada, diretora drtística d' A Oficina conta que "após uma reunião com a Proteção Civil Municipal, no dia 10 de março, foi decidido que os equipamentos culturais estariam encerrados ao público a partir do dia 11 de março e por tempo indeterminado". O plano de contingência entrara em vigor ainda antes, no dia 6 de março, o que permitiu às várias equipas d'A Oficina iniciarem desde logo o teletrabalho.
Tendo sido assim uma das primeiras entidades nacionais a suspender as atividades culturais, A Oficina iniciou de imediato "os contactos com as companhias e artistas na procura das melhores soluções". De acordo com a Diretora Artística, "mesmo antes de qualquer medida legislativa governamental, tínhamos decidido que (relativamente a todos os espectáculos que estávamos a suspender) iríamos efetuar um pagamento inicial de 30% do valor acordado em contrato, o que permitiria, sem colocar em causa a sustentabilidade financeira de todas as partes envolvidas, ter mais tempo para avaliar o evoluir da situação e tomar as melhores medidas, na expectativa que entretanto fossem emanadas medidas pelas entidades competentes". Foi assim possível "encontrar as melhores soluções para todos, sem sobressaltos ou desconfiança".
Findos os meses mais críticos da pandemia, os equipamentos culturais geridos pel' A Oficina iniciaram o processo gradual de retoma das atividades. O Festival LUFADA lançou o mote da reabertura "com todos os espectáculos esgotados e com muitas pessoas que acabaram por ficar de fora, pois as lotações eram limitadas", conta Fátima Alçada. O LUFADA ocupou os pátios, jardins e salas de museu do CCVF com uma programação que incluiu desde artes performativas e visuais, a ações formativas. Para a diretora artística, este Festival mostrou-se essencial e um excelente exemplo de adaptação aos tempo em que vivemos - "Foi muito importante voltarmos a estar com os artistas e com os públicos e uma programação pensada para o exterior veio a revelar-se uma boa aposta".
A aposta numa nova forma de pensar a programação vai continuar nos próximos tempos, considerando todas as limitações impostas pela Direção Geral de Saúde. A Oficina apresenta assim, para os próximos meses, "espectáculos que serão apresentados em formatos vídeo, no caso da programação pensada para público escolar, oficinas em que é possível estar presencialmente, mas também através das plataformas digitais", tendo ainda sido "criados novos conteúdos, sobretudo para o CIAJG e para a CDMG em que há já distâncias de segurança asseguradas e não há manuseamento de materiais ou equipamentos por mais do que uma pessoa, sem adulterar o objecto artístico".
Em setembro A Oficina regressa em força com a celebração do 15º aniversário do CCVF. Para assinalar a data foi já anunciado o regresso de Teresa Salgueiro a Guimarães, com um projeto de criação realizado com a Orquestra de Guimarães.
Nas palavras de Fátima Alçada, que assumiu funções de diretora artística já durante o período de quarentena, "A Oficina vai continuar o seu caminho de afirmação e trabalhar, construindo novos desafios". Os diferentes equipamentos geridos por este Centro "serão mais do que nunca partes de um todo, com objectivos específicos, mas com uma missão comum". Deixa ainda a mensagem de que, "por outro lado, a relação d’A Oficina com a educação formal e não formal será um eixo de trabalho fundamental e um dos nossos traços distintivos no futuro próximo".