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Histórias de desconfinamento: Teatro Aveirense

Quatro semanas após a reabertura das salas de espetáculo nacionais, o Teatro Aveirense mostra-se fortalecido…

Texto de Bárbara Dixe Ramos

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Quatro semanas após a reabertura das salas de espetáculo nacionais, o Teatro Aveirense mostra-se fortalecido e revela a vontade de continuar a construir e reforçar a relação com o seu público. O encerramento de portas não significou, assim, interrupção dos trabalhos desenvolvidos pelas várias equipas do Teatro. Pelo contrário, no Teatro Aveirense o espírito de determinação em levar a cabo as inúmeras iniciativas previstas resultou numa programação ininterrupta até ao final do ano, bem como na antecipação de parte da programação.

Manter uma atitude positiva foi a chave para a coordenação e gestão em período de confinamento. Ao Gerador, José Pina, diretor do Teatro Aveirense conta que mantiveram sempre “uma atitude otimista perante aquelas que eram as decisões do momento”, ainda que este tenha sido “vivido com um conjunto de incertezas e apreensão sobre o que seria o futuro no imediato e a médio longo prazo”, não só das companhias, projetos, artistas e técnicos com quem colaboram, mas o futuro de todo um setor. A partir do momento em que se perspectivou o encerramento dos equipamentos nacionais, a direção do Teatro organizou-se de forma a que os compromissos fossem “garantidos em toda a sua plenitude, quer no agendamento, quer os compromissos financeiros”. Simultaneamente, o foco esteve na reorganização da agenda e programação - “trabalhamos para colocar em prática tudo aquilo que tinha sido adiado, e o mais rápido possível”.

O Teatro Aveirense desde cedo percebeu que o tempo que poderia aparentemente ter de sobra tinha de ser canalizado para “preparar o futuro e ação do teatro”. E assim o fizeram. Responsáveis por grande parte da animação cultural da cidade de Aveiro, a equipa Aveirense esteve, ao longo dos últimos três meses, a “preparar e estabelecer um conjunto de ações com vista a fortalecer o setor local”. O período pandémico permitiu “antecipar alguns projetos que tínhamos planeados para o próximo ano”, afirma José Pina. É o caso da programação online

Ao longo dos meses de março, abril e maio, o teatro partilhou alguns dos projetos que haviam passado pelo palco. Contudo, e apesar do crescimento exponencial do número de espetáculos streaming a partir das redes sociais e plataformas online de equipamentos culturais, o Teatro Aveirense tomou a opção de não disponibilizar gratuitamente parte da programação já prevista para o teatro durante este período. O diretor, José Pina, conta que “a opção de não o fazer prende-se também com a questão de que, sentimos que para o fazer, temos de o fazer bem e com qualidade, e obviamente foi importante o que aconteceu, mas preocupa-nos que muitos projetos possam ser descaracterizados”. Teme ainda que esta dinâmica possa “criar um problema ao próprio setor”, ao contrariar os hábitos culturais e de fruição e dificultar a criação de laços de relação afetiva entre os teatros e o público-alvo.

O Criatech online surgiu, assim, já em período pós-pandémico. Esta nova dimensão do projeto já estava prevista, contudo a sua presença online foi acelerada por força do contexto. José Pina conta que o “Criatech começou por ser um festival, mas neste momento já é mais do que um festival, já tem uma vida ao longo do ano, no teatro, na cidade e com os agentes artísticos locais, nacionais nestas áreas”. A par da nova dimensão paralela do Criatech, o Teatro Aveirense e a Camâra Municipal lançaram ainda uma nova plataforma de programação relevante para o Plano Estratégico Para a Cultura 2019-2030, nomeadamente para o projeto Aveiro 2027 – Cidade Candidata a Capital Europeia da Cultura. O investimento digital “veio para ficar, apenas um pouco mais cedo do que estava previsto”, afirma o diretor do Teatro. Quanto à estratégia de candidatura a Capital Europeia da Cultura em 2027, o diretor garante que “ a estratégia de candidatura não sofreu quaisquer revés, a nossa vontade mantém-se intacta e mais convicta de que, de facto, toda a estratégia e todas as decisões que foram tomadas nos últimos anos, fazem sentido”.

Mas se este ano tudo fazia prever que o regresso das salas de espetáculo teria de ser feito a meio gás, o Teatro Aveirense anunciou em comunicado que “irá estar presente em vários espaços da cidade durante o mês de agosto”. O público, habituado ao encerramento dos equipamentos culturais municipais durante o oitavo mês do ano, terá agora uma Programação de Verão na cidade de Aveiro. A decisão já estava tomada ainda antes da crise pandémica, confirma José Pina. “Achamos que é muito importante para uma cidade como a de Aveiro, que tem um grande aposta na dimensão turística, e num teatro que tem vindo cada vez mais a ter público de outras proveniências geográficas, nacionais e internacionais, continuar o trabalho no mês de agosto”. O diretor conta que o Teatro Aveirense não quer “cristalizar aquilo que são as práticas normais de programação”, procurando sempre “perceber que outros modelos, abordagens, dinâmicas, áreas e funções se podem integrar”.

Apesar da incerteza dos próximos meses, o Teatro Aveirense apresenta uma programação coesa, com espetáculos de dança, teatro, música, comédia, performances, entre outros. Para José Pina, mais do que preparar a agenda, a equipa do Teatro trabalha diariamente para “continuar a construir a relação que temos com o público, que é o que nos faz existir enquanto estrutura, equipamento, meio artístico”. 

Nas palavras do diretor, “quando aquilo que fazemos é o que nos realiza, nós damos também o nosso lado pessoal para que tudo possa acontecer. E vai acontecer, tenho a certeza, de uma forma muito positiva”.

Texto de Bárbara Dixe Ramos
Fotografia disponível no site da CMA

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