De 29 de janeiro a 3 de fevereiro o festival de cinema para os mais pequenos volta ao Porto. A terceira edição do IndieJúnior abre o leque dos espaços que o acolhem e do público que quer e consegue integrar, com novos espaços para mostrar filmes e cinema para bebés. "O lugar" é o conceito chave deste ano e serviu de ponto de partida para programar um festival dirigido à faixa etária em que se começa a associá-lo (ao conceito de lugar) a cenários reais e imaginários.
O Rivoli é o lugar principal de exibição, uma espécie de casa-mãe do Festival, mas os caminhos que de lá saem vão dar à Biblioteca Municipal Almeida Garrett, para a secção de cinema internacional, à Casa das Artes e ao auditório da reitoria da Universidade do Porto. Ao contrário do ano passado, o Cinema Trindade fica de fora.
Fazer um festival para crianças também passa por ouvir a sua voz na hora de programar. Nesse sentido, a iniciativa Eu Programo um Festival de Cinema! mantém-se, organizada em parceria com o Programa Paralelo do Teatro Municipal do Porto. Os alunos de quatro escolas do distrito participam na seleção de uma parte dos filmes internacionais; o Liceu Francês e a Escola Profissional Bento de Jesus Caraça, no Porto, a EB JI dos Carvalhos, em Gaia, e a Escola da Ponte, em Santo Tirso.
Os critérios de seleção dos restantes filmes do festival foram desvendados ao Gerador por Irina Raimundo, a diretora: "Os critérios fundamentais são a qualidade dos filmes, serem filmes recentes e sobretudo que a equipa de programadores sinta que são filmes pertinentes, que dão voz à actualidade, que comunicam com o público a quem se destinam ou que de alguma forma se destaquem pela inovação, genialidade, técnica ou ponto de vista.”
O júri do concurso de cinema —que se divide em três — é composto por alunos de diferentes escolas do Porto entre os 15 e os 19 anos, no Prémio Escolas para Melhor Filme; o designer Wandson Lisboa, a escritora Adélia Carvalho, o músico Jorge Prendas, no Grande Prémio IndieJúnior Allianz; e todo o público do festival, no Prémio do Público. Wandson é natural do Brasil mas habita no Porto, e Adélia e Jorge nascidos e criados na mesma cidade que o IndieJúnior.
Pensar o festival para e com a cidade tem sido uma vontade ao longo destes três anos. A tradição manteve-se e três personalidades do Porto escolheram o filme da sua infância para ser exibido no IndieJúnior. O geógrafo Álvaro Domingues vai apresentar Tempos Modernos (1937) de Charles Chaplin, a arquiteta Filipa Fróis de Almeida Os Salteadores da Arca Perdida (1981) de Steven Spielberg, e a realizadora Luísa Sequeira escolheu e vai apresentar História Interminável (1984) de Wolfgang Peterson.
A novidade deste ano— o Cinema de Colo — leva o cinema aos bebés; “uma vontade antiga”, segundo a diretora do Festival, e que se direciona ao único público que não tinham conseguido integrar e criar atividades específicas. Irina Raimundo acredita que este primeiro encontro dos mais pequeninos com o cinema será uma experiência “terna, suave a imersiva”, com a ajuda da cenografia pensada e criada por Marta Silva e Inês Costa em conjunto com alunos da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE).
O IndieJúnior Allianz surgiu em 2017 através da união de forças entre a Associação Cultural IndieLisboa, a seguradora Allianz e a Câmara Municipal do Porto para um objetivo que se tornou comum: criar o primeiro festival de cinema infanto-juvenil da cidade do Porto. Irina Raimundo conta que "O IndieLisboa já tinha e mantém uma secção destinada a este público mas não com a autonomia de um festival para programar e conceber uma iniciativa tão alargada” ao mesmo tempo que "O Porto tinha falta de uma programação específica para a infância na área do cinema”. O casamento a três funciona com a Associação responsável pela programação e organização do festival, com a cedência de espaços pela Câmara Municipal do Porto e pelo apoio financeiro da Câmara e da Allianz.
Ainda que os filmes da Disney ou da Pixar continuem a estar no topo das escolhas para uma sessão ao domingo à tarde ou uma ida ao cinema com a família, o IndieJúnior tenta mostrar alternativas. Atendendo à experiência dos últimos anos, Irina Raimundo acredita que o impacto dos filmes que integram a programação tem sido positivo: "Os filmes que programamos para além de mostrarem mundividências muitas vezes desconhecidas destas crianças e jovens, têm linguagens bastante diversificadas que por vezes surpreendem o público, outras vezes provocam empatia, deslumbramento, reflexão ou estranheza, mas que não deixam nunca de criar um impacto positivo e a diferentes escalas, transformador.”, conta.
O IndieJúnior começa na próxima semana mas já podes decidir o que queres ver (ou levar os teus mais novos a ver), aqui. Os bilhetes podem ser comprados no Rivoli, na Biblioteca Almeida Garrett, na Casa das Artes, e na Reitoria da Universidade do Porto.