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Jovens atores sem apoios para a estreia da sua peça “Filme e Fotografia na Sala Cinzenta”

Grupo de atores em início de carreira criam peça teatral “Filme e Fotografia na Sala Cinzenta” e reagem à falta de apoios por parte do Estado. A obra, atualmente ensaiada no Centro Cultural da Malaposta, foi escrita pela jovem Inês Inácio, em 2020, e está até hoje sem data de estreia prevista.

Texto de Mariana Moniz

Imagem de Stefano Stacchini via Unsplash

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Filme e Fotografia na Sala Cinzenta é uma peça de teatro criada pela jovem dramaturga Inês Inácio, de 23 anos, e que reúne mais nove jovens artistas. São, maioritariamente, licenciados em Teatro, pela ESAD.CR – Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, e têm vindo a deparar-se com a falta de apoios por parte do Estado desde 2020, altura em que a peça foi escrita.

Para a criação de Filme e Fotografia na Sala Cinzenta, Inês Inácio inspirou-se num conto que havia escrito previamente, mas também nas obras de Paul Auster e José Cardoso Pires. Como se pode ler no seu Dossiê de Produção, “é uma peça sobre mulheres, que se ligam entre si através de fotografias, através do tempo, da memória, do amor e da política”. Tem por base as “vivências e lutas do passado, durante o Estado Novo”, e destaca-se por ser uma peça sobre o amor na comunidade LGBTQIA+.

O propósito da peça não é explorar “as lutas e adversidades da comunidade LGBTQIA+, mas sim ter presente uma narrativa sobre o amor entre mulheres”, revelou-nos Inês Inácio ao explicar a importância da sua obra. Para além disso, é uma peça que aborda outros temas, como a luta política contra um regime opressivo, como o Estado Novo, “e que infelizmente tem vindo a tornar-se, cada vez mais, uma realidade nos tempos em que vivemos, com o ressurgimento de movimentos de extrema-direita”.

O grupo de jovens tem vindo a ensaiar no Centro Cultural da Malaposta, no concelho de Odivelas, que lhes disponibilizou o espaço durante os meses de julho e setembro. Contudo, já pediram apoio a várias outras estruturas para que pudessem apresentar a peça. “As respostas negativas que recebemos foram justificadas com o total preenchimento na programação da respetiva estrutura, bem como a ausência de salas de ensaio disponíveis”, explicou Inês Inácio. “Somos muitos a lutar pelo mesmo e alguém vai ficar de fora”, acrescentou Inês Monteiro, uma das atrizes de Filme e Fotografia na Sala Cinzenta.

Filme e Fotografia na Sala Cinzenta. Imagem cedida por Inês Inácio

Para além da ausência de um espaço para a estreia da peça teatral, também se têm deparado com a falta de apoios orçamentais. “Há uma falta de responsabilidade e respeito pelas artes, pelo nosso trabalho, como se não fosse algo sério […]”, aferiu Inácio. A dramaturga acredita que esta falta de apoios por parte do Estado se relaciona com a “desconfiança” que existe perante o trabalho dos artistas emergentes e as suas capacidades. “Precisamos de um pouco mais de “fé” nas nossas capacidades, no nosso trabalho e nos temas que trazemos para cima da mesa”.

Por outro lado, a jovem atriz Inês Monteiro, considera que a falta de apoios à cultura e às artes, se deve ao facto de os jovens artistas “não terem a visibilidade que precisam” para crescer no mundo artístico. “A minha principal preocupação é não conseguirmos dar voz a este projeto e mostrar às pessoas o quanto ele é belo e o quanto nos preenche”, confessou. Já Inês Inácio, referiu que tem “medo que a peça acabe por morrer e volte para a gaveta, como tantas outras”, caso não consigam um espaço para a sua apresentação.

Inês Monteiro destacou ainda a importância que a peça Filme e Fotografia na Sala Cinzenta tem para si, uma vez que considera a “memória” um tema cada vez mais relevante nos dias de hoje. “É importante relembrar, tocar na ferida, e pensar que, o que por muito utópico nos possa parecer, já foi real, já aconteceu, é história. E a história repete-se. Aliás está a repetir-se. […] Vejo o meu país a repetir as mesmas situações, mas é como se ninguém percebesse”.

Ambas reconhecem que o papel do Estado é “crucial” para a resolução de uma situação como esta. “São essenciais mais espaços, mais bolsas, pois somos muitos artistas num país pequeno com poucas oportunidades. Se as estruturas forem mais apoiadas, por conseguinte será mais fácil apoiar os artistas emergentes”, concluiu Inácio.

Segundo a Direção-Geral das Artes, “a valorização das artes constitui um instrumento fundamental no diálogo e cooperação estratégica entre o Estado e o setor cultural profissional de iniciativa não-governamental, o qual assume um papel crucial para o desenvolvimento equilibrado da atividade cultural em Portugal”. As artes performativas, como o teatro, constituem uma das áreas a serem apoiadas pela DGARTES.

Filme e Fotografia na Sala Cinzenta permanece sem data de estreia.

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