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Ler nas entrelinhas dos programas de financiamento europeu

Já aludi, neste espaço, que, no contexto dos instrumentos de financiamento que podem financiar projetos…

Opinião de Francisco Cipriano

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Já aludi, neste espaço, que, no contexto dos instrumentos de financiamento que podem financiar projetos no domínio das artes e da cultura, sobressai o programa Europa Criativa. Programa da União Europeia de apoio aos setores cultural e criativo em vigor até 2020, mas já com garantia de continuidade no próximo período 2021-2017. O programa consiste em dois subprogramas: Cultura e MEDIA. Em particular, o subprograma Cultura ajuda as organizações culturais e criativas a operarem num contexto transnacional e as obras culturais e os artistas a circularem entre diferentes países. As oportunidades de financiamento disponíveis abrangem uma vasta gama de possibilidades: projetos de cooperação, tradução literária, redes e plataformas. Em regra, os avisos para a apresentação de propostas nas áreas dos projetos de cooperação e tradução literária apresentam uma periodicidade anual, sendo que as redes e plataformas têm um calendário próprio. Exceção feita para iniciativas especiais como foi o aviso Bridging culture and audiovisual content through digital, que se enquadrou no conjunto de iniciativas lançadas pela Comissão Europeia com o objetivo de identificar novos modelos operacionais a implementar no próximo Europa Criativa 2021-2027, relativas a ações trans-setoriais, ou da convocatória, inseridas na Ação Preparatória Music Moves Europe.

Mas será que as hipóteses de participação no programa Europa Criativa se esgotam nestes avisos? Não! É sobre isso que gostaria de sensibilizar todos aqueles que pretendem vir a beneficiar de financiamento europeu na prossecução das suas ideias.  Existem outras possibilidades que também devem merecer a nossa atenção. Estas possibilidades surgem nas convocatórias que estão associados aos grandes Projetos de Cooperação Europeia, no Apoio a Plataformas Europeias e, apesar de em menor escala e menos talhadas para artistas individuais, no Apoio a Redes Europeias. Eu, sem grande preocupação técnica, apelidei-as de subcall: as call que estão debaixo das call principais do programa Europa Criativa. Nas suas prioridades específicas encontramos: ajudar as organizações culturais e criativas a operar num contexto transnacional; criar oportunidades para a mobilidade de artistas e a circulação de obras ou, para referir o caso das Plataformas europeias, a promoção da mobilidade e visibilidade de artistas e obra e o desenvolvimento de talentos emergentes —estes projetos promovem convocatórias específicas e acessíveis a qualquer artista europeu.  

Vantagens inequívocas. Um processo de candidatura bastante mais simplificado, um universo concorrencial ligado a um único setor e, não de menos importância, uma maior proliferação de opções e de momentos de candidatura. As opções são várias e vão da música ao circo, do teatro à arquitetura, do design à fotografia. Apresento algumas destas subcalls que no passado recente nos deram a conhecer boas oportunidades de financiamento.

Para os profissionais experientes e com uma ideia inovadora que possa responder a uma ou mais das necessidades da indústria musical, surge o Projeto de Cooperação JUMP – the European Music Market Accelerator. O projeto assenta numa rede de seis aclamados Festivais e Convenções Europeias e permite o enquadramento necessário para que os profissionais da música desenvolvam modelos de negócio inovadores. O JUMP visa ajudar o sector da música a adaptar-se às recentes transformações do mercado, incentivando-o a trabalhar a nível transnacional.

Já no âmbito da arquitetura, uma das plataformas mais conhecidas é a Future Architecture Platform. Com sede em Ljubljana, na Eslovénia, A Future Architecture Platform é um ecossistema de agentes culturais europeus com raiz na arquitetura que desempenham papéis específicos dentro de um programa europeu, que é lançado anualmente entre os membros da plataforma. Esta estrutura liga talentos emergentes multidisciplinares a instituições de alto perfil como museus, galerias, editoras, bienais, e festivais e proporciona aos participantes a oportunidade de mostrar os seus trabalhos ao nível europeu. Em 2021, a Plataforma Future Architecture convida a apresentação de ideias em torno do tema Landscapes of Care, numa evocação das dinâmicas de solidariedade e auto-organização coletiva e dos desafios de uma sociedade confrontada com os mitos do crescimento sem fim.

No âmbito da moda, os parceiros belgas MAD Brussels e Flanders DC juntam-se para convidar novos designers de moda para um showroom digital, que decorre de fevereiro a julho de 2021. Este projeto é destinado a marcas inovadoras com uma forte identidade e onde a sustentabilidade seja o centro dos seus valores e da sua abordagem. O seu objetivo principal é ligar marcas a compradores mediante uma plataforma e apresentar, assim, as coleções a uma seleção de compradores internacionais. A United Fashion é cofinanciada pelo programa Europa Criativa e assume o formato de um Projeto de Cooperação Europeia de grande escala.

Por fim, e se a sua especialidade é o circo, Portugal lidera o projeto de cooperação Beta Circus. Apoiado pelo Europa Criativa também no segmento projetos de cooperação europeia, é um projeto inovador com foco nas tendências emergentes do circo contemporâneo, com o objetivo de compensar a falta de oportunidades para os artistas obterem formação profissional de nível superior. Este projeto também lançou uma convocatória internacional, em 2020, em que os selecionados irão integrar um programa internacional de capacitação em novas tendências para a criação contemporânea no domínio do circo, com foco na “nova magia”, a ser promovido entre maio de 2021 e março de 2022, através semanas de treino de programa específico na Sérvia, Itália, Portugal e Letónia.

Por tudo isto, e já com um cheirinho a fim do ano, fica a sugestão. Nem todos temos de ser promotores de projetos, mas todos temos a possibilidade de deles beneficiar, desde que saibamos como ler nas entrelinhas dos programas de financiamento europeu.

-Sobre Francisco Cipriano-

Nasceu a 20 de maio de 1969, possui grau de mestre em Geografia e Planeamento Regional e Local. A sua vida profissional está ligada à gestão dos fundos comunitários em Portugal e de projetos de cooperação internacional, na Administração Pública Portuguesa, na Comissão Europeia e atualmente na Fundação Calouste Gulbenkian. É ainda o impulsionador do projeto Laboratório de Candidaturas, Fundos Europeus para a Arte, Cultura e Criatividade, um espaço de confluência de ideias e pessoas em torno  das principais iniciativas de financiamento europeu para o setor cultural. Para além disso é homem para muitas atividades: publicidade, escrita, fotografia, viagens. Apaixonado pelo surf vê̂ nas ondas uma forma de libertação e um momento único de harmonia entre o homem e a natureza. É co-autor do primeiro guia nacional de surf, Portugal Surf Guide e host no documentário Movement, a journey into Creative Lives. O Francisco Cipriano é responsável pelo curso Fundos Europeus para as Artes e Cultura – Da ideia ao projeto que pretende proporcionar motivação, conhecimento e capacidade de detetar oportunidades de financiamento para projetos artísticos e culturais facilitando o acesso à informação e o conhecimento sobre os potenciais instrumentos de financiamento.

Texto de Francisco Cipriano
Fotografia de André Joselin

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