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Mais Amor, sem Favor

Não sabia bem o que estava por detrás do conceito daqueles cartazes que dizem Mais…

Texto de Redação

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Não sabia bem o que estava por detrás do conceito daqueles cartazes que dizem Mais Amor, Por Favor. Sei que os vi em vários sítios e ocasiões de Portugal ao Brasil e sempre lhes achei alguma graça. Depois percebi que estes cartazes eram concebidos com o objectivo de implorar, despertar as pessoas para amar. Amar perante um cenário de violência, agressividade e indiferença que tanto existe em meios urbanos como por

exemplo na cidade de São Paulo que tantas vezes tenho visitado. Quase de forma contrassensual comecei a interrogar-me se o Amor deve ser algo que pedimos, imploramos ou se Ele (o Amor) não deve ser parte da nossa natureza e fluir de forma natural. Não quero ser hipócrita e sei que é difícil no meio da nossa urbana e agitada vida, permitir que o Amor flua sem ser de forma consciente. Então, de uma forma meio profética, comecei a dizer para mim mesma: Muito mais Amor, sem Por Favor mas com Favor.

Já não sei em que ano conheci o trabalho do Serve the City, mas foi através de um grande amigo, o Jónatas Pires, que conheci esta associação. O STC trabalha em meio urbano, mobilizando pessoas de todas as origens para praticarem voluntariado de proximidade (de pessoa a pessoa) junto de pessoas socialmente fragilizadas, excluídas, sem-abrigo, idosas isoladas, crianças e jovens em situações de maior vulnerabilidade,

imigrantes ou refugiadas, levando este espírito de SERVIÇO à cidade. Rapidamente o Serve the City se tornou para mim uma referência neste lema de: “Muito Mais Amor, sem Por Favor mas Com Favor” e, exemplo disso são as suas várias iniciativas diárias que têm, mas fiquei e fico sempre marcada por uma delas, os jantares comunitários.

A primeira vez que fui a um jantar comunitário, que acontece semanalmente, foi em Alcântara e fui com o meu grupo de gospel, cantámos certamente mas também ajudámos a servir à mesa numa gigante cantina onde estavam dezenas de pessoas entre voluntários e não voluntários. O conceito era simples, os voluntários cozinhavam uma refeição quente, preparavam umas mesas catitas e recebiam calorosamente os convidados desta “festa”. De forma a personalizar e a dignificar o momento da refeição as pessoas estavam sentadas e eram servidas por nós mas mais do que a refeição recebida, feita com muito amor, o que prendeu a minha atenção foi o alimento também emocional e espiritual proporcionado, foi o espaço de comunhão de quem serve e está a ser servido onde não havia lugar à indiferença e onde havia espaço para perguntar: “Conhecemo-nos pela sua necessidade, e se nos conhecêssemos pelo nome?”. Aqui era e é encetado um relacionamento, tantas vezes necessário para pessoas que se sentem marginalizadas mas fiquei particularmente tocada com um episódio de uma família aparentemente “comum” que podia ser a minha que tinha ficado desempregada e que levou a filha a “jantar fora” e ela estava tão feliz… e se fosse comigo?

Sinto que vivo num tempo pós-cristão mas, enquanto cristã assumida e seguidora da vida de Jesus, vá, rasca imitadora desse grande revolucionário do amor, o exemplo que me fica é uma vida de Serviço, a todos e para todos, sem acepção de pessoas. Nesta semana em que se aproxima aquela que me parece ser a mais importante celebração cristã, a Páscoa, ouso mencionar o apóstolo Paulo sobre o amor ( 1corintios13).

Em Páscoa de Pandemia sejamos gentis, amorosos em doses diárias, com respeito, solidariedade, generosidade, carinho, amor, muito amor, de forma gratuita, sem por favor mas com favor para com os que nos são próximos e também para com aqueles que nas nossas urbes, agora ainda mais isolados, continuam à margem a precisar do nosso Amor.

Boa Páscoa.

O Serve The City opera em Coimbra, Lisboa, Oeiras e Porto - http://www.servethecity.pt/

*Texto escrito de acordo com o antigo Acordo Ortográfico 

-Sobre Selma Uamusse- 

De origem e nacionalidade moçambicana, residente em Lisboa, formada em Engenheira do Território pelo Instituto Superior Técnico, ex-aluna da escola de Jazz do Hot Club, mãe, esposa, missionária e activista social,  Selma Uamusse é cantora desde 1999. Lançou a sua carreira a solo em 2014, através da sua música transversal a vários estilos mas que bebe muito das sonoridades, poli-ritmias e polifonias do seu país natal, tendo apresentado, em 2018, o seu primeiro álbum a solo, Mati.  A carreira de Selma Uamusse ficou, nos últimos anos, marcada pelas colaborações com os mais variados músicos e artistas portugueses, nomeadamente Rodrigo Leão,  Wraygunn, Throes+The Shine, Moullinex, Medeiros/Lucas, Samuel Úria, Joana Barra Vaz,  Octa Push etc. pisando também, os palcos do teatro e cinema.

Texto de Selma Uamusse
Fotografia de Rafael Berezinski

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