Nascida em Lousada, Marta Nunes é formada em Arquitetura pela Universidade da Beira Interior. Durante a sua licenciatura, emergiram suas primeiras incursões na ilustração para publicações.
A ilustradora acredita que a criação de narrativas é alimentada pela riqueza das expressões, das pessoas, dos ofícios tradicionais e encontra inspiração na simplicidade dos objetos do quotidiano e na poesia que permeia o dia a dia.
Desde 2010 apresenta as suas obras em exposições coletivas e individuais, mas, a partir de 2019, que a ilustração tem sido cada vez mais a sua principal atividade, em que o interesse pela tradição e cultura portuguesas marcam alguns dos seus trabalhos.
Para entendermos melhor o percurso de Marta Nunes, a Revista Gerador conversou com a artista para a edição 43.
Em 2024, celebramos os 50 anos da Revolução dos Cravos, um momento marcante para a democracia portuguesa. Como a arte pode ser capaz de manter viva a chama da luta pelos direitos humanos?
A arte é sempre uma manifestação do espírito do seu tempo e se o artista tem como princípio a luta dos direitos humanos, isso será sempre refletido no seu trabalho. Acho que muitas vezes a arte até pode ter um maior impacto na comunicação destas questões com o público em geral, de uma forma mais direta e emocional, por isso, acho que é fundamental para manter a chama e criar o debate.
Como foi a conceção das ilustrações para a Obra Gráfica desta edição da Revista Gerador?
A conceção desta obra gráfica acaba por ser um prolongamento do meu trabalho não só este ano, com as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, mas ao longo destes anos em que a temática é sempre importante de trabalhar. A liberdade na forma como a vivemos e preservamos é um tema que eu acho que deve estar em cima da mesa, e não ter as coisas como garantidas.
Uma mulher no mundo das artes. Ainda temos barreiras e muros para derrubar?
Acho que felizmente temos cada vez mais mulheres no mundo das artes e com muito para dizer. Considero que as barreiras e muros que existem no mundo das artes para as mulheres são iguais aos de qualquer outra mulher que trabalha. A igualdade de direitos tem ainda um bom caminho a percorrer.
É possível traduzir a cultura e as tradições portuguesas através das suas ilustrações?
Sendo portuguesa e tendo um especial interesse pelas tradições portuguesas e cultura, espero que seja possível ver isso nas minhas ilustrações, como quando abordo temas como o desta obra gráfica, os ofícios tradicionais, as obras de Artur Pastor entre outras.