Natural de Lisboa, Matilde Travassos é uma fotógrafa apaixonada cuja jornada artística a levou a explorar diferentes perspetivas visuais e conceituais pela Europa, tendo iniciado a sua jornada após o mestrado na renomada Speos Paris. Este marco impulsionou a sua carreira e ajudou-a a desenvolver um compromisso com a expressão visual e a narrativa através das lentes.
Vivendo em Londres, teve a oportunidade de imergir profissionalmente na Spring Studios, onde pôde colaborar com alguns dos fotógrafos mais talentosos da capital britânica.
Com um olhar atento e uma sensibilidade artística, Matilde Travassos continua a desafiar os limites da fotografia, explorando novas técnicas e abordagens para traduzir a sua visão pessoal em imagens que inspiram, provocam e encantam.
De volta a Portugal, tem utilizado a câmara como ferramenta para extrair verdades essenciais dos objetos que fotografa. Por conta disto, foi convidada para fazer apresentar os seus trabalhos nesta edição. Aproveitamos para conversar com a fotógrafa sobre as suas inspirações.
Depois de ter vivido em Portugal, França e Reino Unido como caracteriza a sua visão sobre as verdades que tenta captar através das lentes?
A intuição é a minha única verdade. Talvez a minha experiência no mundo da moda, na França e no Reino Unido, me tenha dado uma capacidade de decisão rápida daquilo que funciona, ou não, para mim. E essa tem sido a minha bússola enquanto fotógrafa: a procura de objetos, lugares ou pessoas que me suscitem interesse.
Como é que o seu trabalho fotográfico está relacionado com a arquitetura e com a museologia?
Na arquitetura e na museologia, áreas sobre as quais me tenho debruçado mais recentemente, encontrei um terreno fértil que conjuga simbolismo e subtileza estética. Talvez por serem lugares cuja conceção está, à partida, intimamente ligada com o cuidado visual e estrutural, eu me tenha sentido inclinada a procurá-los.
Por que razão escolheu fotografar a Biblioteca Nacional para esta edição da Revista Gerador?
A Biblioteca Nacional foi sempre um destes espaços que, intuitivamente, me encantou, não sei se pela sua austeridade, se pelas histórias que contém.
Acredita que uma sinopse pode interferir na forma como as pessoas consomem, interpretam ou absorvem as suas obras fotográficas?
Diria que é extremamente importante notar que, em última instância, a interpretação de qualquer obra é subjetiva e pessoal. E por isso mesmo, sim, acredito que uma sinopse pode interferir. O contexto que o fotógrafo propõe pode alterar totalmente a perspetiva com que várias pessoas sentem e julgam as imagens. A mesma fotografia pode chocar, num determinado contexto, ou passar totalmente despercebida noutro. Vem-me à mente a Sophie Calle, cujos trabalhos são genialmente amplificados pelas suas deambulações autobiográficas e contextuais.