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Metaverso

Na verdade, o Metaverso existe há muitos anos. Surgiu com a própria Internet logo no…

Opinião de Leonel Moura

Fotografia de Bebot

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Na verdade, o Metaverso existe há muitos anos. Surgiu com a própria Internet logo no início dos anos 90 e foi evoluindo desde então. O Second Life, que apareceu em 2003, é certamente o mais conhecido. Permitia a criação de um Avatar, uma representação digital do utilizador, e com ele interagir com outros intervenientes num espaço virtual.

O Metaverso é, portanto, um mundo virtual que existe na Internet composto por Realidade Virtual, Realidade Aumentada e outros elementos digitais. É um acrescento ao nosso mundo, já que adiciona novos elementos ao mundo físico, mas é também uma criação totalmente nova, um mundo paralelo imaginado.

Como frequentemente sucede com as inovações tecnológicas, a ideia esteve adormecida, até as maiores empresas tecnológicas, nomeadamente Facebook, Microsoft, Nvidia ou Apple, terem decidido investir fortemente na sua criação e desenvolvimento. O que significa que estamos à beira de uma nova revolução digital, tão ou maior do que o próprio aparecimento da Internet.

Do texto, das imagens 2D ou vídeos, vamos passar para uma presença virtual em ambientes tridimensionais, alguns bastante parecidos com o mundo real, outros fantásticos. Neles vamos interagir com objetos e pessoas, umas na sua versão 3D similar, outras com a forma dos tais Avatares. Sendo certo que a maioria recorrerá ao anonimato do Avatar, haverá quem, vivendo da sua imagem, estou a pensar, por exemplo, em músicos, atletas ou políticos, aparecerá com modelos virtuais mais ou menos perfeitos. Com a evolução das tecnologias de digitalização, a criação de um modelo 3D, nosso, de um cão ou jarra, tornar-se-á trivial.

Enfim, o tema é em si mesmo um universo. Mas, quero sobretudo abordar a componente criativa e a da comercialização, coisas que andam cada vez mais ligadas.

O Metaverso vai precisar de tudo o que se possa pensar e imaginar. Ou seja, o mundo virtual pode conter tudo o que existe no mundo real e muito mais, porque não tem limites, nem constrangimentos físicos. No mundo real não se consegue fazer um arranha-céus daqui até à lua, no Metaverso é fácil. Nesse sentido, o Metaverso tenderá a ser maior do que o mundo real. O que significa um imenso trabalho para artistas, designers, arquitetos e, na verdade, todos os criativos, já que o Metaverso vai precisar de música, moda, intrigas, narrativas, política, negócios, sexo, enfim, tudo e mais alguma coisa.

O Metaverso vai rapidamente tornar-se no maior gerador de trabalho do planeta. Em boa verdade, em breve, praticamente todos vão contribuir de uma forma ou de outra. Tal como hoje, por exemplo, já sucede com as redes sociais.

Mas se criar um mundo novo implica contributos gratuitos, com tanto geek a oferecer o seu talento, também haverá muita venda de produtos. Estamos a falar de produtos virtuais, que podem ser complexos do ponto de vista criativo, mas com processos de fabrico simples. E, tirando o consumo de energia e alguma mineração, não gastam muitos recursos do planeta físico, não abatem florestas, nem exterminam outras formas de vida. Em breve, a fábrica poderá estar ao alcance de cada um de nós, na nossa casa, com um banal computador.

Neste contexto, entram os NFTs. Por agora, ainda maioritariamente circunscritos ao campo da arte digital, em breve serão a forma como os produtos virtuais, de todos os tipos, serão comercializados. Veja-se, por exemplo, como a Nike já mergulhou em força no Metaverso. Sabendo que muitos Avatares vão querer calçar uns ténis Nike.

Prevejo, portanto, duas coisas. Que o Metaverso se torne na maior fonte de trabalho no futuro e é bom que os criativos se preparem. Que o comércio mundial aumente exponencialmente nos próximos anos, sobretudo com base em NFTs e criptomoedas, o que obrigará empresários e políticos a evoluir muito e depressa. Porque, está a surgir um mundo virtual paralelo e com ele um mundo criativo e comercial também paralelo.

-Sobre Leonel Moura-

Leonel Moura é pioneiro na aplicação da Robótica e da Inteligência Artificial à arte. Desde o princípio do século criou vários robôs pintores. As primeiras pinturas realizadas em 2002 com um braço robótico foram capa da revista do MIT dedicada à Vida Artificial. RAP, Robotic Action Painter, foi criado em 2006 para o Museu de História Natural de Nova Iorque onde se encontra na exposição permanente. Outras obras incluem instalações interativas, pinturas e esculturas de “enxame”, a peça RUR de Karel Capek, estreada em São Paulo em 2010, esculturas em impressão 3D e Realidade Aumentada. É autor de vários textos e livros de reflexão, artística e filosófica, sobre a relação Arte e Ciência e as implicações, culturais e sociais, da Inteligência Artificial. Recentemente, esteve presente nas exposições “Artistes & Robots”, Astana, Cazaquistão, 2017, no Grand Palais, Paris, 2018, na exposição “Cérebro” na Gulbenkian, 2019 e no Museu UCCA de Pequim, 2020. Em 2009 foi nomeado Embaixador Europeu da Criatividade e Inovação pela Comissão Europeia.

Texto de Leonel Moura
Fotografia Bebot
A opinião expressa pelos cronistas é apenas da sua própria responsabilidade.

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