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Micro Clima, um festival como celebração do coletivo

Através das sociedades artísticas ainda existentes e no ativo, as localidades podem ganhar novas dinâmicas:…

Texto de Ricardo Gonçalves

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Através das sociedades artísticas ainda existentes e no ativo, as localidades podem ganhar novas dinâmicas: mais vida nas ruas e nos diferentes espaços, uma maior oferta cultural e um sentido estimulado de comunidade. Numa época manifestamente carregada de individualismo, a programação destes locais carrega por isso um renovado sentido de missão, que se espelha em momentos de celebração coletiva, onde, para além de se juntarem pessoas, se promove uma necessária descentralização cultural.

No caso do Micro Clima, festival que decorre nos próximos dias 14 e 15 de fevereiro, na SMUP – Sociedade Musical União Paredense, na Parede, esse mote de comunitarismo ganha ainda mais relevo. Tratando-se de um festival feito por voluntários e que celebra o conceito daquele espaço, a sua oferta ocupa um lugar que é importante realçar nos dias que correm. “A nossa marca é a SMUP”, sintetiza Daniela Serra, membro da direção da sociedade e uma das organizadoras do festival.

Pelo seu historial, a SMUP – que este ano completa 121 anos de existência – evidencia uma ideia de lastro, de união e de comunidade, que, nos últimos anos, tem ganho mais destaque pelo notório trabalho de dinamização artística que tem sido feito. O festival aparece como natural desenlace desse efeito, funcionando como momento-chave da programação anual que ali se desenvolve.

“A SMUP existe por si só e houve um momento em que decidimos fazer este festival como forma de celebração do conceito que envolve este espaço. Ou seja, são duas coisas que existem separadamente mas que estão interligadas”, acrescenta Daniela, referindo-se à pulsão artística que ali se mistura.

Em 2019, na sua 2.ª edição, o festival contou com atuações de Reis da República, B Fachada e Conjunto Corona

Na sua 3.ª edição, o Micro Clima conta com dois dias de celebração: o primeiro com concertos de Alek Rein, Luís Severo, Sensible Soccers e Pedro Tudela Dj Set; o segundo com Cave Story, Zanibar Aliens, Bonga (em substituição de Allen Halloween, que anunciou recentemente o fim da sua carreira musical) e Candy Diaz b2b Wize Dj Set. Não se limitando apenas à música, o festival conta ainda com a participação dos artistas Berru (coletivo), Plasticus Maritimus (projeto de Ana Pêgo) e Rappepa Bedjo Tempo, que vão criar instalações artísticas no espaço.

Em entrevista ao Gerador, Daniela explica que o Micro Clima nasceu em 2017, como “um festival de música e arte”. A partir desta matriz – à qual está inerente uma vertente de sensibilização para alguns problemas atuais, sejam eles ambientais ou de caráter social –, a iniciativa tem feito esforços no sentido de apresentar uma programação diversificada que vai da música às artes plásticas, passando pela performance ou pelo teatro. “O nosso principal objetivo é que seja diverso e rico. Que apresente diferentes linguagens e que possa alargar fronteiras”, sustenta, sublinhando que, pelo seu contexto mais afastado do “centro cultural que é Lisboa”, a SMUP ganha um ímpeto “interessante de se dar a conhecer”.

“Achamos que era um bom motivo para explicarmos aquilo que é a SMUP, porque, por um lado, estamos na periferia, e isso faz de nós um microclima cultural que está longe do centro e, por outro, porque mesmo dentro da Parede, este espaço acaba por funcionar como polo cultural que reúne um conjunto de pessoas que de outra forma não se juntariam”, realça.

A juntar a essa condição, e tendo por detrás um grupo de voluntários maioritariamente jovem, o Micro Clima aprofunda também esse espírito no apoio às diversas iniciativas culturais que vão surgindo. Exemplo disso é o projeto do Teatro Riscado, que ali desenvolve os seus espetáculos ou até a banda Zanibar Aliens, que deu os primeiros passos na SMUP e que nesta edição do festival irá apresentar o seu novo álbum, IV, o quarto registo da conta pessoal.

A verdade é que, ao longo dos últimos anos, surgiram em Portugal – de norte a sul do país – mais e melhores propostas no que toca à oferta de festivais artísticos. O Micro Clima é mais um exemplo disso. Podemos facilmente inclui-lo num grupo heterogéneo de festivais como o MUPA (que decorre em Beja), o Impulso (nas Caldas da Rainha), ou A Porta (em Leiria), realçando neste caso o seu contexto mais fixo, alojado a uma sociedade artística que ali denota a suas convicções culturais. E mesmo que ainda esteja a dar os seus primeiros passos, reside o conforto de podermos dizer que é por esse espírito de comunhão que o Micro Clima se manterá vivo e de boa saúde.

Os bilhetes para a 3.ª edição do festival podem se adquiridos na SMUP, na Tabacaria Martins (Largo Calhariz, Lisboa) ou na POP Skate Shop (Parque das Gerações, São João do Estoril). O bilhete diário tem um custo de 12€, sendo que o passe geral custa 20€. Para sócios da SMUP há um desconto de 2€ nas entradas adquiridas no próprio espaço.

Texto de Ricardo Ramos Gonçalves
Fotografias cedidas pela organização do Micro Clima

Se queres ler mais entrevistas sobre a cultura em Portugal, clica aqui.

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