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Miguel Pombeiro: “[…] afirmamos ainda mais um projeto que não é apenas de mobilidade, mas também de inclusão social […]”

Chama-se Transporte a Pedido e é uma marca no território do Médio Tejo, no centro…

Texto de Isabel Marques

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Chama-se Transporte a Pedido e é uma marca no território do Médio Tejo, no centro de Portugal. Atualmente, opera em 13 concelhos, tem mais de 70 circuitos com mais de 1300 paragens e serve cerca de 214 mil habitantes.

Apresentado como projeto-piloto, em 2013, no concelho de Mação, o que começou por ser uma ligação das aldeias às sedes de freguesia, hoje apresenta uma vertente intermunicipal de ligação a todas as regiões do concelho do Médio Tejo. O objetivo é simples: apresentar uma solução alternativa e inovadora de transporte público para o Interior, onde prevalecem zonas de baixa densidade e as necessidades de transportes não se satisfazem com a oferta de transporte público regular.

À semelhança do transporte coletivo regular, o Transporte a Pedido tem circuitos, paragens e horários definidos. No entanto, os serviços deste projeto distinguem-se do transporte regular porque aqui o cliente é que marca a sua viagem, através de um pedido para a central de reservas por telefone ou através do site.

Cofinanciado pelo Programa Operacional Regional do Centro, devido ao seu sucesso o projeto já foi replicado em Coimbra e no Alentejo e ganhou, recentemente, o prémio Regiostars 2021.

O Gerador esteve à conversa com Miguel Pombeiro, secretário executivo da CIM – Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, acerca da importância deste projeto para a região do Interior. Ao longo da conversa, o secretário procurou ainda refletir acerca da mobilidade em Portugal.

Gerador (G.) – O “Transporte a pedido no Médio Tejo” pretende ser uma solução alternativa e inovadora de transporte público para o interior da região Centro, onde prevalecem zonas de baixa densidade, com escassez de transportes, contribuindo para a inclusão social. De uma forma resumida, como é que começou este projeto, em que zonas se aplica, e quem pode usufruir deste serviço?

Miguel Pombeiro ( M. P.) – É já uma longa viagem. Tem sido uma prioridade de atuação e tem provas dadas no território do Médio Tejo, e já a nível europeu, ao ter recebido, recentemente, um dos prémios Regiostars 2021. Falamos do Transporte a Pedido (TAP) da CIM do Médio Tejo.

Durante estes anos, um dos objetivos de atuação da CIM tem sido criar soluções inovadoras e experimentais de transporte adequadas à articulação entre os territórios urbanos da região e os territórios de baixa densidade populacional, evoluindo para novos modelos de transporte flexível e para o desenvolvimento da mobilidade no território. É devido a este objetivo que, em 2013, se iniciou, no concelho de Mação, o TAP.

Desde o arranque do projeto, que o TAP tem sido implementado nos concelhos que compõem a região do Médio Tejo, abrangendo praticamente toda a região, em concreto em: Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Sertã, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha e Vila de Rei.

Qualquer pessoa poderá usufruir deste serviço de transporte, desde que efetue previamente a sua reserva.

G. – À semelhança do transporte coletivo regular, o TAP tem circuitos, paragens e horários definidos. No entanto, os serviços de transporte a pedido distinguem-se do transporte regular porque aqui o transporte está à distância de uma chamada. Pode-nos explicar como é que funciona este processo? 

M. P. – O processo de reserva é muito simples e intuitivo.

As reservas poderão ser efetuadas até às 15h00 do dia anterior ao dia da viagem, através de uma chamada gratuita para o número de telefone 800 209 226 (disponível nos dias úteis, das 09h00 às 15h00).

O operador atende a chamada e realiza a reserva de acordo com o pedido. No dia e hora marcada pelo passageiro, o transporte solicitado irá estar na paragem definida.

Em alternativa, bastante recomendado, o cliente tem também a possibilidade de efetuar a sua reserva online, através do site transporteapedido.mediotejo.pt, todos os dias, onde também pode encontrar todas as informações sobre este serviço.

G. – Atualmente o serviço oferece 70 rotas e é utilizado mensalmente por cerca de 1200 passageiros, mostrando-se assim como uma alternativa mais sustentável a nível ambiental e económico. Através de que recursos é que a sustentabilidade se assume como um pilar essencial no projeto?

M. P. – O TAP é ativado apenas mediante reserva prévia de viagem, permitindo através de uma plataforma de gestão de reservas a otimização diária das rotas, adequando tipologia de viaturas a afetar (em grande parte com viaturas de 4/8 lugares, em parceria com os táxis locais) e minimizando distâncias percorridas (as viaturas só se descolam às paragens com reservas).

Por outro lado, os serviços são estruturados de forma integrada com a rede regular, compatibilizando horários nos terminais rodoviários e nas estações ferroviárias, promovendo a intermodalidade e a conetividade regional.

Com este modelo de funcionamento, é possível assegurar uma ampla cobertura territorial e temporal da oferta de transporte, percorrendo com viaturas ligeiras e adequadas às necessidades, apenas cerca de 10 % dos quilómetros que seriam necessários percorrer para assegurar a mesma oferta com um serviço regular, o que se traduz naturalmente em grandes ganhos quer em termos do conforto e qualidade do serviço prestado, com menores tempos de percurso, como em termos de sustentabilidade financeira e ambiental.

G. – Como já me referiu, recentemente o projeto venceu o prémio Regiostars 2021. Sente que esta bonificação vem ainda alertar mais para a necessidade de projetos deste género em Portugal? 

M. P. – Esperemos que sim. Para a CIM do Médio Tejo, este prémio é um reconhecimento pelo trabalho efetuado ao longo dos anos no desenvolvimento deste serviço, que se destina a melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e a sua mobilidade, sobretudo para aqueles que estão menos beneficiados dos serviços de transporte público regular.

Com esta distinção, afirmamos ainda mais um projeto que não é apenas de mobilidade, mas também de inclusão social, amigo do ambiente e que é fundamental para o aumento da qualidade de vida dos nossos cidadãos.

O TAP já foi replicado em outras zonas do país e esperemos que assim continue a sê-lo, despertando o país para estas soluções inovadoras de transporte, essenciais nos territórios de baixa densidade populacional.

G. – Tendo em conta o panorama nacional de transportes públicos como é que caracteriza a resposta a nível geral? Sente que ainda há uma rede a duas velocidades pelo país?

M. P. – Em territórios como o Médio Tejo, a oferta de transporte público regular apresenta tendencialmente horários adaptados essencialmente ao transporte escolar, com quebras muito significativas do serviço no corpo do dia, aos fins de semana e feriados e nos períodos de férias escolares, verificando-se muitas vezes escassez de serviços de transporte de passageiros nas zonas de mais baixa densidade populacional, onde a exploração comercial se verifica inviável, originando desigualdades sociais no acesso ao transporte público.

A atual situação pandémica causada pelo COVID-19 trouxe ainda mais constrangimentos e desafios para a área da mobilidade, intensificadas com a implementação de restrições às deslocações da população e mudanças de hábitos dos utilizadores, tendo-se verificado que o funcionamento do serviço de transporte a pedido nesse período contribuiu para garantir uma oferta complementar ao transporte público regular em funcionamento no Médio Tejo.

O TAP serve para isso mesmo, para ser um complemento e uma solução inovadora para quem está desprotegido deste serviço público de transporte regular.

G. – Além do projeto TAP que outras vertentes ficam por alcançar na região centro?

M. P. – Consideramos que o TAP já alcançou e está enraizado no Médio Tejo, no Centro de Portugal. Há sempre várias vertentes que terão de ser trabalhadas para melhorar a qualidade de vida das populações e as Comunidades Intermunicipais, em concertação com os seus municípios, têm um papel cada vez mais fundamental na gestão e execução de projetos determinantes e que vão desde as áreas do Ambiente, o Turismo, a Economia, a Cultura, a Proteção Civil, a Educação, a Modernização Administrativa, entre outras.

G. – Desde a sua implementação, houve alguma história que vos tivesse marcado de uma forma particular?

M. P. – Não há assim uma história em particular… consideramos, que todos os dias fazemos um pouco parte da história de vida dos nossos passageiros e, isso, deixa-nos muito satisfeitos. Deixa-nos satisfeitos saber que garantimos uma ida ao hospital, a uma consulta, a um serviço público, a um encontro com um familiar próximo, entre outros momentos, que sabemos que com o TAP estamos a possibilitar. Estamos a dar conforto e condições a todos os que continuam a viver e a apostar no Médio Tejo.

Texto de Isabel Marques
Fotografias e vídeo da cortesia de Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo

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