Mynda'Guevara, nome forte do rap crioulo e mulher destacada no documentário Mulheres do meu País junta-se a DJ Firmeza, conhecido pela ligação à Príncipe Discos e à Noite Príncipe, e a João Grilo, pianista sensação do Porto, para apresentarem no dia 6 de maio pelas 19h na sala principal do Teatro do Bairro Alto (TBA), a peça singular, Ritmos de Xperança.
Yaw Tembe, o novo programador de música do TBA, desafiou três artistas de expressões musicais urbanas distintas para um concerto único - Mynda'Guevara, DJ Firmeza e João Grilo, três artistas que se têm destacado em áreas musicais distintas mas diretamente ligadas à cultura urbana, o rap, a música eletrónica e o jazz.
A convite do TBA, os três artistas juntam-se em palco pela primeira vez para apresentar o resultado de um processo de busca por um espaço comum de linguagem. Juntos, transpõem para a música aquela que tem sido a discussão em torno do fluxo dos movimentos e tensões das periferias e das suas identidades artísticas. A base do convite prende-se na forma como expressões intimamente vinculadas aos seus locais de criação se projetam na produção de novas formas de música popular, como é o caso da síntese de ritmos e formas musicais produzidas pela diáspora africana em Lisboa. O rap crioulo e politicamente comprometido de Mynda'Guevara, enquanto mulher e afrodescendente, cruza-se com a percussão eletrónica de DJ Firmeza, produzida a partir da Quinta do Mocho e que tem chegado a todo o mundo através da Príncipe Discos, que fundem na perfeição com a exploração e improvisação alicerçada no jazz e na folk onírica do pianista portuense João Grilo.
Mynda'Guevara, carrega no nome e na atitude uma sede de revolução que está intimamente ligada ao papel ainda muito minimizado das mulheres no rap. Canta em criolo como forma de expressão verdadeira e emancipatória de tem vindo a conquistar uma posição de respeito, devido à força de uma lírica que reflete o seu papel enquanto mulher, afrodescendente e rapper no seio de uma sociedade estratificada.
DJ Firmeza, destacou-se como uma presença regular no circuito apelidado da Noite Africana na Grande Lisoa e nas festas mensais Noite Príncipe no MusicBox. O seu percurso levou-o a receber atenção elogiosa da crítica musical nacional e internacional com o EP em vinil, B.N.M./P.D.D.G. na Príncipe, no final de 2013. Entre o EP Alma do meu pai e Ardeu, DJ Firmeza tem tocado regularmente pelo Velho Continente, desde 2014, com atuações épicas veraneias no terraço do Schinkel Pavillon em Berlim, num pavilhão geodésico num bosque na Suíça ou numa festa no Pavilhão da Alemanha na Bienal de Arquitetura de Veneza, para além de festivais como o Lowlands na Holanda ou RBMA Festival em Los Angeles, e digressões nos Estados Unidos, Canadá, México, China e Coreia do Sul. No final de 2017 viu estreado online o filme Pai Nosso, uma curta ficção – ensaio a partir da sua vida quotidiana realizada pelo nova-iorquino Clayton Vomero, e mais recentemente contribuiu com música para a campanha The World Isn't Everything para a colecção SS2020 da marca Telfar.
Aos dois músicos afrodescendentes, junta-se o pianista e compositor João Grilo, que desenvolve trabalho em vários géneros musicais, influenciado pela música clássica contemporânea, o jazz e a música eletrónica. Dos seus trabalhos, destacam-se a sonoplastia, cocriada, da pela de dança Coexistimos de Inês Campos, e Fios de Terra com a companhia DEMO, tendo ainda trabalhado no seu mais recente projecto HVIT com o videasta Miguel C. Tavares. colabora com artistas nacionais e internacionais como Christian Meaas Svendsen, Demian Cabaud, Pedro Melo Alves, João Hasselberg, Jo David Meyer, Quarteto Contratempus.Lançou dois álbuns de composições originais, Como se chama o teu disco? (2016) e HVIT, 2019, com o carimbo Porta-Jazz. Participou como intérprete noutros álbuns como Aparicion, de Demian Cabaud, More Fun Please, Pal Nilson Love, e Voa a Pé de Retimbrar.
O concerto tem lugar na sala principal do TBA, no dia 6 de maio pelas 19h e tem o custo de 12€, ou 5€ para menos de 25 anos.