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Na resiliência está o ganho – vamos falar sobre os assuntos “complicados”!

Há vários mitos no que à saúde mental diz respeito.  Um deles, poderoso, diz-nos que…

Opinião de Ana Pinto Coelho

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Há vários mitos no que à saúde mental diz respeito. 

Um deles, poderoso, diz-nos que se falarmos de um assunto que nos incomoda, só vamos piorar a situação.

“Não penses nisso, “não fales mais nisso”, “deixa lá, pensa positivo”, são frases comuns que nos propõem abandonar o que estamos a pensar ou sentir, se for desconfortável ou “negativo!”.

Vale para tudo, mesmo para as questões mais graves como falar sobre  suicídio quando ouvimos alguém anunciar que está a pensar comete-lo (“é desabafo, claro que não o irá fazer”). Nesta situação em concreto alega-se que, ao se falar com a pessoa sobre o assunto, se lhe vai dar mais força porque “o suicídio é uma ideia irracional”.

O “não dever falar das nossas emoções e do que não está bem” é muito perigoso. É preciso ter consciência de que não vamos seguramente pôr a pessoa a pensar mais no assunto se falarmos dele objectivamente. Ela já o está fazer. Mas se escolhermos falar, vamos ajudá-la a ter a noção do que se passa, abrir horizontes, encontrar soluções, discutir a situação. Porventura até identificarmo-nos para ultrapassar o que está em causa.

Dizer que está tudo bem é outro mito inerente (sobretudo na situação de Estado de Emergência em que nos encontramos). Podemos sempre esclarecer que “não te posso prometer que tudo vai ficar bem, quem disser isso é idiota. Provavelmente não é verdade, há coisas terríveis a acontecer nesta altura, eventualmente num futuro próximo”. Não, as coisas não estão bem, não “vai ficar tudo bem”. Mas podem ficar, se fizermos tudo o que está ao nosso alcance para que tal aconteça! Temos de tentar ao máximo. E podemos afirmar que vamos fazer o possível para que fique tudo bem, sim.

São tantos os que estão a “dar o litro” para reverter a situação que nem vale a pena enumerá-los. Sabemos quem são.

Este paralelo pode ser feito para qualquer situação menos boa, má ou que nos incomoda a sério. Não a vamos negar, mas sim falar dela, e vamos pedir ajuda para que se faça tudo o que podemos para a reverter. Isto é resiliência.

O medo, a ansiedade e até, se calhar, o pânico, vivem na esfera desta pandemia. E existem com maior ou menor gravidade para cada um de nós. O melhor é, portanto, falar sobre isso. Conversar sobre o que se está pensar e sentir. Não minimizar, nunca esconder, não entrar em negação com o repetitivo e pouco honesto “está tudo bem”.

Se fôr isso que sentimos, devemos falar.

Daí cresce a resiliência. Perseguir novas possibilidades, permitir encontrar soluções, promover desafios e a criatividade (há vários recursos na Psicologia Positiva).

E ter pensamento crítico: o que ver, ler, quem ouvir. De onde vem a informação? Quem se está a sentir como nós?

A ordem também é para pesquisar. Nunca nos fiarmos pela primeira publicação que nos aparece no Google ou nos murais dos amigos e conhecidos. Temos tempo para pesquisar mais e melhor até encontrar o que é realmente fidedigno.

Não nos devemos esquecer que o impacto que o medo da morte veio revelar nas pessoas em geral (mesmo que não se tenham dado conta disso), transformou-se na chamada “ansiedade da morte”, em medos irracionais e hipotéticos face ao dia-a-dia e a tudo o que acontece. Pode ser devastador. O instinto de sobrevivência, somado à tomada de consciência de que a vida não é como nós queremos, eventualmente no futuro nem sequer como a vivíamos, provoca sentimentos muito fortes sobre os quais não temos, ainda, capacidade de lidar.

É preciso aprender a dar tempo ao tempo e saber parar. Entender que a euforia e “andar a mil” nunca foi solução para nada. Criar mitos para fugirmos de nós próprios, dos outros, e da nossa/vossa saúde mental nunca foi solução.

Parece que estamos a descobrir essa verdade.

*Texto escrito ao abrigo do antigo Acordo Ortográfico

-Sobre Ana Pinto Coelho-

É a directora e curadora do Festival Mental – Cinema, Artes e Informação, também conselheira e terapeuta em dependências químicas e comportamentais com diploma da Universidade de Oxford nessa área. Anteriormente, a sua vida foi dedicada à comunicação, assessoria de imprensa, e criação de vários projectos na área cultural e empresarial. Começou a trabalhar muito cedo enquanto estudava ao mesmo tempo, licenciou-se em Marketing e Publicidade no IADE após deixar o curso de Direito que frequentou durante dois anos. Foi autora e coordenadora de uma série infanto-juvenil para televisão. É editora de livros e pesquisadora.  Aposta em ajudar os seus pacientes e famílias num consultório em Lisboa, local a que chama Safe Place.

Texto de Ana Pinto Coelho

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