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Neste Natal, não sejamos inconvenientes

Ah, Dezembro… o mês das luzes, do amor, da paz e da família. Aproxima-se a…

Opinião de Catarina Maia

Fotografia de Pedro Lopes

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Ah, Dezembro… o mês das luzes, do amor, da paz e da família. Aproxima-se a bela época natalícia e, com ela, a não tão bela ansiedade para muita gente que quer ter filhos mas, por razões várias, não os tem. Familiares intrometidos, certamente bem intencionados, fazem questão de repetir a pergunta: “então e filhos?”, acompanhada muitas vezes de comentários antipáticos como “já não caminhas para nova” ou “olha que está na altura, depois podes não conseguir”.

Estes familiares esquecem-se que o motivo pelo qual uma pessoa tem ou não tem filhos só lhe diz respeito a ela. Mais importante que isto, ignoram o facto de estarem possivelmente a tocar numa ferida muito dolorosa. Tais familiares certamente já ouviram falar em infertilidade; mas, sei lá, devem achar que é uma coisa fácil ou que, de repente, só acontece lá longe, com sabe-se lá quem.

A infertilidade não é apenas a experiência da frustração de querer ter filhos e não conseguir engravidar. É a expectativa de um resultado positivo no teste de gravidez, “desta vez é que é!”, e o luto de mais um mês sem resultados. Pode ser também a procura pela causa desta dificuldade. Entre médicos e exames, pode haver uma causa subjacente e a necessidade de investir em tratamentos que nem sempre funcionam à primeira.

Além da impossibilidade em engravidar, existem também os casos em que a gravidez, de facto, acontece, mas não avança. Há quem tenha já passado por uma mão cheia de perdas gestacionais: a magia do teste de gravidez positivo, a primeira roupinha do bebé, o projecto de toda uma vida e eis que, afinal, cai tudo por terra. Quem sabe até várias vezes.

E, finalmente, há quem saiba que nunca na vida poderá engravidar e que, mantendo essa dor para si, precisa de muito jogo de cintura para lidar com perguntas inconvenientes. É facto que não são apenas impedimentos físicos que dificultam uma gravidez: dificuldades financeiras, saúde mental debilitada ou discórdia entre o casal em relação ao tema são alguns de vários motivos que uma pessoa não costuma querer bradar aos sete ventos.

Seja qual for o motivo para um casal não ter filhos, volto a sublinhar que esse é um assunto que não diz respeito a mais ninguém — a menos, claro, que o próprio casal tome a iniciativa para falar sobre o assunto. De resto, há mais na vida além da reprodução e há tantos outros temas bem mais interessantes para se abordar. Amigos e familiares inconvenientes irão sempre existir, mas espero que, até ao próximo convívio familiar, dêem de caras com este texto e reflictam sobre que perguntas deverão fazer e que perguntas deverão evitar para que o Natal seja, de facto, vivido em paz e harmonia.

-Sobre Catarina Maia-

Catarina Maia estudou Comunicação. Em 2017, descobriu que as dores menstruais que sempre tinha sentido se deviam a uma doença crónica chamada endometriose, que afecta 1 em cada 10 pessoas que nascem com vulva. Criou O Meu Útero e desenvolve desde então um trabalho de activismo e feminismo nas redes sociais para prestar apoio a quem, como ela, sofre de sintomas da doença. “Dores menstruais não são normais” é o seu mote e continua a consciencializar a população portuguesa para este problema de saúde pública.

Texto de Catarina Maia
Fotografia de Pedro Lopes
A opinião expressa pelos cronistas é apenas da sua própria responsabilidade.

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