fbpx

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Opinião de Jorge Barreto Xavier

O começo e o princípio

Pode parecer a mesma coisa. Há mesmo quem comece pelo princípio. Tirando os que começam…

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Pode parecer a mesma coisa. Há mesmo quem comece pelo princípio. Tirando os que começam pelo meio e pelo fim e quando se termina ainda nem principiar tenha acontecido.

O começo é um momento para fender a terra e semear. O princípio cuida de arados diferentes. Há quem comece sem nenhum princípio ou que ao longo da fenda perca o fio à meada e se trame nas coisas que não têm princípios nem fins. Há quem comece sem princípio algum e pelo meio do lavradio encontre cheiros novos na chuva que emprenha e cuida do húmus e num repente se ponha a cismar sobre todas as coisas. O princípio do começo pode ser tanto e por outro lado nada de nada. Quando nada se encontra antes de começar é como nascer, pois quem começa do nada é zigoto, girino, larva, célula, soprando o balão. Há princípios que crescem e não incham como os balões, as barrigas das grávidas ou a bazófia dos ricos. Discretamente, instalam-se na sala, no quarto, nos mais recônditos cantos dos armários, e num sussurro organizam os dias e as noites. Cada princípio é sempre um começo. Ou bem então há outros onde zurra o burro, que teima em dar coices contra o vento. Princípios sem discrição nem proveito para o comum dos viventes, mas que ditam alto o zurro e açoitam cerce os descrentes. Há começos extraordinários e outros ordinários. Mesmo muito ordinários. Começos vãos, começos antanhos, começos chãos, começos alados, começos sonoros, outros calados. Há que principiar o começo do começo e nesse princípio encontrar o seu avesso, o fim do começo o ocaso do princípio ou perceber, no benefício da dúvida, que nem o que se começa pode algures principiar ou que que se principia ter verdade de começo. Antes e depois tudo se move e no fundo e no alto, só se continua, nem se começa nem se principia, não se acaba ou fenece, viaja-se apenas, entre apeadeiros vazios, assim-assim e cheios, uns entram, outros saem, e quando menos se dá conta, nenhuma paragem está onde devia estar, a veloz máquina anda devagar, o horizonte é curvo e alonga-se o sentido dos hemisférios. A geografia é uma ciência vã, antes e só, sem principiar ou começar, por as mãos na maçã. O resto, é uma história sem nome.

-Sobre Jorge Barreto Xavier-

Nasceu em Goa, Índia. Formação em Direito, Gestão das Artes, Ciência Política e Política Públicas. É professor convidado do ISCTE-IUL e diretor municipal de desenvolvimento social, educação e cultura da Câmara Municipal de Oeiras. Foi secretário de Estado da Cultura, diretor-geral das Artes, vereador da Cultura, coordenador da comissão interministerial Educação-Cultura, diretor da bienal de jovens criadores da Europa e do Mediterrâneo. Foi fundador do Clube Português de Artes e Ideias, do Lugar Comum – centro de experimentação artística, da bienal de jovens criadores dos países lusófonos, da MARE, rede de centros culturais do Mediterrâneo. Foi perito da agência europeia de Educação, Audiovisual e Cultura, consultor da Reitoria da Universidade de Lisboa, do Centro Cultural de Belém, da Fundação Calouste Gulbenkian, do ACIDI, da Casa Pia de Lisboa, do Intelligence on Culture, de Copenhaga, Capital Europeia da Cultura. Foi diretor e membro de diversas redes europeias e nacionais na área da Educação e da Cultura. Tem diversos livros e capítulos de livros publicados.

Texto e fotografia de Jorge Barreto Xavier
A opinião expressa pelos cronistas é apenas da sua própria responsabilidade.

As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

9 Julho 2025

Humor de condenação

2 Julho 2025

Não há liberdade pelo consumo e pelas redes sociais

25 Junho 2025

Gaza Perante a História

18 Junho 2025

Segurança Humana, um pouco de esperança

11 Junho 2025

Genocídio televisionado

4 Junho 2025

Já não basta cantar o Grândola

28 Maio 2025

Às Indiferentes

21 Maio 2025

A saúde mental sob o peso da ordem neoliberal

14 Maio 2025

O grande fantasma do género

7 Maio 2025

Chimamanda p’ra branco ver…mas não ler! 

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Artes Performativas: Estratégias de venda e comunicação de um projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Gestão de livrarias independentes e produção de eventos literários [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo Literário: Do poder dos factos à beleza narrativa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Patrimónios Contestados [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Desarrumar a escrita: oficina prática [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Escrita para intérpretes e criadores [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

02 JUNHO 2025

15 anos de casamento igualitário

Em 2010, em Portugal, o casamento perdeu a conotação heteronormativa. A Assembleia da República votou positivamente a proposta de lei que reconheceu as uniões LGBTQI+ como legítimas. O casamento entre pessoas do mesmo género tornou-se legal. A legitimidade trazida pela união civil contribuiu para desmistificar preconceitos e combater a homofobia. Para muitos casais, ainda é uma afirmação política necessária. A luta não está concluída, dizem, já que a discriminação ainda não desapareceu.

12 MAIO 2025

Ativismo climático sob julgamento: repressão legal desafia protestos na Europa e em Portugal

Nos últimos anos, observa-se na Europa uma tendência crescente de criminalização do ativismo climático, com autoridades a recorrerem a novas leis e processos judiciais para travar protestos ambientais​. Portugal não está imune a este fenómeno: de ações simbólicas nas ruas de Lisboa a bloqueios de infraestruturas, vários ativistas climáticos portugueses enfrentaram detenções e acusações formais – incluindo multas pesadas – por exercerem o direito à manifestação.

Shopping cart0
There are no products in the cart!
Continue shopping
0