fbpx
Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

O poder das “mental health tattoos”

Confidencio, aqui e agora, que nunca fiz uma tatuagem. Nunca quis, na verdade, mas também…

Opinião de Ana Pinto Coelho

Apoia o Gerador na construção de uma sociedade mais criativa, crítica e participativa. Descobre aqui como.

Confidencio, aqui e agora, que nunca fiz uma tatuagem. Nunca quis, na verdade, mas também nada tenho contra elas, excepto quando uma das minhas filhas as quis fazer antes da idade da razão e da noção só porque o grupo de amigos as tinham.

Sim, fui Mãe nessa altura com um vigoroso e exclamativo “não!”. Acho que fiz bem pois ela, ainda que as mencione de quando em vez, continua sem a pele marcada. Por vezes, até o meu companheiro de lides vem com a mesma ideia, que gostava de marcar os símbolos que marcaram a sua existência e eu, talvez erradamente, desdenho. Na verdade, não gosto de tatuagens. É tão simples, não é?

Mas de repente, encontro uma página na internet que apresenta mais de meia centena de mensagens positivas relacionadas com a Saúde Mental e, confesso, cada uma é tão forte e tão inspiradora que, por momentos, pensei em tatuar todas elas.

Por muito que cada vez se fale mais de Saúde Mental e quanto afecta a sociedade, é ainda muito difícil pedir às pessoas que abram o seu coração e razão, seja à frente de um amigo ou numa reunião anónima ou mesmo com um profissional. As pessoas continuam a minorar problemas tão graves como a depressão (é porque não sou uma pessoa positiva e vejo o pior em tudo) ou a ansiedade (preocupo-me demasiado com o amanhã em vez de viver o hoje), para explicar o que passa pela cabeça de muita gente que pode e deve ser ajudada.

Nesse artigo, que mais uma vez faz a ponte entre a normalidade da doença física (quem tem asma usa a bomba sem vergonha, quem tem gripe vai ao médico, etc.) e a dificuldade em declarar um estado emocional, apresenta uma solução que pode muito bem ajudar algumas pessoas. Chama-lhe “mental health tattoos” que não precisa de tradução.

Sabemos que cada pessoa tem o seu problema e é por isso que uma destas mensagens, muito próprias e corajosas, podem ser uma ajuda num momento menos bom, quando procuramos apoio imediato e não temos a quem recorrer.

Para quem está por fora, elas não significam nada. Mas para os mais atentos, podem ser o sinal perfeito que demonstra, sem palavras, que aquela pessoa sofre de um problema grave que afecta o seu dia-a-dia e toda a sua vida. E, talvez, uma palavra de conforto que vem do nada pode ajudá-la nesse momento.

Estas tatuagens, que podem ser frases como desenhos ou símbolos, contam uma história. Ou apresentam um grafismo simples com uma frase positiva. E cada um saberá da sua e o local onde poderá fazê-la.

Até parte de um poema ou letra de uma canção, ou até uma piada muito subtil, um animal que dá força, um raio de luz ou uma seta para um novo caminho, qualquer sentimento pode ser traduzido num desenho mais ou menos elaborado.

O que é necessário saber é que também uma destas tatuagens emocionais não curam nada, apenas são uma pequena ajuda numa luta complexa que tem avanços e recuos e que, acima de tudo, são nossas, pessoais, nada têm que ver com o sofrimento alheio porque nenhum é igual ao de outrem.

Fica a ideia. Mas pensem bem antes de executá-la.

*Texto escrito ao abrigo do antigo Acordo Ortográfico

-Sobre Ana Pinto Coelho-

É a directora e curadora do Festival Mental – Cinema, Artes e Informação, também conselheira e terapeuta em dependências químicas e comportamentais com diploma da Universidade de Oxford nessa área. Anteriormente, a sua vida foi dedicada à comunicação, assessoria de imprensa, e criação de vários projectos na área cultural e empresarial. Começou a trabalhar muito cedo enquanto estudava ao mesmo tempo, licenciou-se em Marketing e Publicidade no IADE após deixar o curso de Direito que frequentou durante dois anos. Foi autora e coordenadora de uma série infanto-juvenil para televisão. É editora de livros e pesquisadora.  Aposta em ajudar os seus pacientes e famílias num consultório em Lisboa, local a que chama Safe Place.

Texto de Ana Pinto Coelho
A opinião expressa pelos cronistas é apenas da sua própria responsabilidade.

Publicidade

Se este artigo te interessou vale a pena espreitares estes também

23 Abril 2024

O triângulo da pobreza informativa na União Europeia. Como derrubar este muro que nos separa?

23 Abril 2024

Levamos a vida demasiado a sério

18 Abril 2024

Bitaites da Resistência: A Palestina vai libertar-nos a nós

16 Abril 2024

Gira o disco e toca o mesmo?

16 Abril 2024

A comunidade contra o totalitarismo

11 Abril 2024

Objeção de Consciência

9 Abril 2024

Estado da (des)União

9 Abril 2024

Alucinações sobre flores meio ano depois

4 Abril 2024

Preliminares: É possível ser-se feliz depois de um abuso?

4 Abril 2024

Eles querem-nos na guerra

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Práticas de Escrita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Narrativas animadas – iniciação à animação de personagens [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

O Parlamento Europeu: funções, composição e desafios [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Planeamento na Comunicação Digital: da estratégia à execução [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Jornalismo e Crítica Musical [online ou presencial]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Pensamento Crítico [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Planeamento na Produção de Eventos Culturais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Soluções Criativas para Gestão de Organizações e Projetos [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação à Língua Gestual Portuguesa [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Viver, trabalhar e investir no interior [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Comunicação Cultural [online e presencial]

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto

Duração: 15h

Formato: Online

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

Duração: 15h

Formato: Online

Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

22 ABRIL 2024

A Madrinha: a correspondente que “marchou” na retaguarda da guerra

Ao longo de 15 anos, a troca de cartas integrava uma estratégia muito clara: legitimar a guerra. Mais conhecidas por madrinhas, alimentaram um programa oficioso, que partiu de um conceito apropriado pelo Estado Novo: mulheres a integrar o esforço nacional ao se corresponderem com militares na frente de combate.

1 ABRIL 2024

Abuso de poder no ensino superior em Portugal

As práticas de assédio moral e sexual são uma realidade conhecida dos estudantes, investigadores, docentes e quadros técnicos do ensino superior. Nos próximos meses lançamos a investigação Abuso de Poder no Ensino Superior, um trabalho jornalístico onde procuramos compreender as múltiplas dimensões de um problema estrutural.

A tua lista de compras0
O teu carrinho está vazio.
0