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O pós-Ano Europeu da Juventude

Nas Gargantas Soltas de hoje, Margarida Freitas fala-nos sobre a continuidade dos projetos europeus além das temáticas anuais.

©Rita Almeida

Todos os anos a Comissão Europeia propõe uma temática sobre a qual as várias Instituições Europeias e os Estados-membros se debruçam ao longo do ano civil. O ano passado vivemos o Ano Europeu da Juventude. Em 2021 foi o Ano Europeu do Transporte Ferroviário. Para os anos 2020 e 2019 não consegui encontrar as temáticas. Desta forma, questiono-me: em que anos nos lembramos ou sentimos que a nossa vida foi impactada por estes temas anuais?

No meu caso, completei uma licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais e sempre tentei estar a par dos acontecimentos europeus, uma vez que sonhava com a oportunidade de experienciar Bruxelas o coração da Europa e, eventualmente, trabalhar numa destas instituições que tanto me representa. Ainda assim, antes de 2022, nunca tinha tomado consciência sobre a importância destas temáticas europeias ou procurado informação sobre as mesmas.

Para nós, pessoas jovens, foi no Ano Europeu da Juventude que assistimos a uma mudança de rumo. Em 2022 esta temática anual foi extremamente relevante e tornamo-nos não apenas um tema central da discussão no seio europeu, mas tivemos a possibilidade de estar envolvidos em diversas actividades, incluindo campanhas de sensibilização, palestras, workshops, grupos consultivos, entre muitos outros. De forma a garantir que a informação sobre este ano nos alçava houve um grande investimento: os materiais de comunicação das instituições e associações passaram a incluir o logótipo do Ano Europeu da Juventude e a temática passou a estar muito presente nas redes sociais, nos jornais e nas revistas. 

O Ano Europeu da Juventude colocou-nos a nós, pessoas jovens, mais próximas das instituições. Fez-nos acreditar que podemos fazer parte da mudança sem que tenhamos que fazer disso a nossa missão pessoal ou profissional. Trouxe até nós mais informação sobre oportunidades europeias Corpo Europeu de Solidariedade, European Youth Event, Discover EU, Conferência LevelUP, Youth4Regions, entre muitas outras. Antes de 2022, muitas destas oportunidades já existiam e eram conhecidas pelas pessoas que tinham a sorte de já estar dentro da bolha das oportunidades. No entanto, este foi o ano em que a bolha de oportunidades começou a crescer e a envolver muito mais jovens que até à data não estavam informados ou que não tinham recebido o apoio necessário para embarcar nestas aventuras.

Que legado é que este ano nos deixa? Será que o investimento na juventude vai continuar na medida necessária para envolver todas aquelas pessoas jovens que ainda não entraram na bolha? As plataformas criadas vão continuar a transmitir informação com a mesma regularidade? Se a informação deixar de chegar até nós, dificilmente vamos saber o que procurar, por isso, este trabalho tem que continuar a ser feito pelas instituições, de forma a alcançar e mobilizar as pessoas para a acção. 

Orgulho-me de ter a possibilidade de promover este projecto europeu cheio de oportunidades através da Associação Youth Cluster, mas desafio-o a ir mais além. Agora, que trouxeram a Europa até aos jovens, é o momento de aumentar o seu alcance a todas as pessoas que dela fazem parte. É o momento de procurar formas de envolver outros públicos-alvo, dando-lhes a devida capacitação e recursos para que também estes possam advogar em prol dos seus direitos e de uma Europa melhor.

Um exemplo ímpar que traz a Europa mais próximo dos cidadãos portugueses é a Geração KNow, um programa de formação sobre questões europeias promovido pela eurodeputada Maria Manuel Leitão Marques. O programa já conta com duas edições e a eurodeputada refere que “a primeira edição foi uma interessante experiência colaborativa. Connosco esteve um piloto da força aérea (...), a directora de um centro de biotecnologia, um médico psiquiatra, uma arquitecta, uma professora do ensino básico, entre outros e outras”. Será que vamos ter uma terceira Geração KNow em 2023 que abrirá portas para que pessoas de diversos contextos possam aprender mais sobre os assuntos europeus e visitar Bruxelas? Esperemos que sim, mas na verdade, precisamos que estas oportunidades não sejam casos isolados e que haja cada vez mais iniciativas que possam envolver uma pluralidade de pessoas e enriquecer as suas vidas.

Finalmente, entrámos em 2023, o Ano Europeu das Competências. A Comissão Europeia definiu que durante este ano se procura dar um novo impulso à aprendizagem ao longo da vida. Este tópico não deixa de se relacionar com a juventude, por exemplo, pela necessidade de tornar a educação e formação mais acessíveis! Até agora, pelas discussões no Conselho, esta temática aparenta ter uma maior prevalência no domínio institucional, mas vamos esperar para ver de que forma é que as iniciativas chegam até nós, cidadãos, nos envolvem e geram um impacto nas nossas vidas. Pelo menos, certamente já sabemos que as temáticas anuais podem ter muito mais impacto e estar mais próximas de nós, por isso, exijamos isso das instituições e acompanhemos o seu trabalho mais de perto.

-Sobre a Margarida Freitas-

Licenciada em Ciência Política e Relações Internacionais, queria mudar o mundo pela diplomacia, mas depressa percebeu que o seu caminho era junto das pessoas a fazer voluntariado nos mais variados contextos, logo adoptou o lema do ano sabático para a sua vida e já andou um bocadinho pelo mundo. Com um desejo de trabalhar em intervenção humanitária, mas com um grande cepticismo sobre as práticas das grandes organizações no Sul Global está a concluir o Mestrado em Estudos de Desenvolvimento no ISCTE. 
Em 2020, juntou 9 amigos e fundou a Associação Youth Cluster com o objetivo de dar as mesmas oportunidades que já teve a outras pessoas jovens residentes em Portugal. Através do seu trabalho na Youth Cluster e, em cooperação com outras organizações, tem reivindicado por igualdade de oportunidades e melhores políticas para a juventude. 
Nos tempos livres adora googlar sobre coisas improváveis.

Texto de Margarida Freitas
A opinião expressa pelos cronistas é apenas da sua própria responsabilidade.

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