Um quarto de século e meio mundo visitado a soprar eufónio. Mauro Martins acaba de lançar o primeiro álbum de eufónio solo em Portugal e diz já estar a pensar no que vai fazer a seguir. O jovem músico radicado em Celorico da Beira, distrito da Guarda, quer quebrar os dogmas e estabelecer a marca que separa o antes do depois na música de eufónio solo. Este é um instrumento cuja formação está ainda ligada à tuba, havendo muito poucas formações autónomas em Portugal. “Temos muitos professores de tuba a ensinar o instrumento”, diz. “Espero reforçar o valor do eufónio e mostrar que já há qualidade que chegue”, a nível nacional.
Radicado numa zona “de baixa densidade”, Mauro Martins diz que viver no interior não é necessariamente uma limitação. “A realidade é que acaba por ser um pouco mais difícil, claro, (os aeroportos estão muito mais longe)”, mas, ao mesmo tempo “quando ando em viagens, concertos, recitais, essa calma quando regresso ajuda-me imenso”, explica. “Não penso muito nisso, porque acho que todos os sítios terão coisas boas e coisas más”.
A paixão foi-lhe transmitida pelo avô, que era saxofonista amador numa banda filarmónica. “Fui criado pelos meus avós e o meu avô tocava para mim todos os dias. Foi daí que surgiu o meu amor pela música”. Foi no mesmo contexto que Mauro deu os primeiros passos e decidiu, aos dez anos, que seria essa a área a seguir. Começou no trompete, mas rapidamente percebeu que o som do eufónio era aquele que o fascinava. Desde aí, fez tudo menos baixar os braços: ingressou aos 15 anos na EPABI – Escola Profissional de Artes da Covilhã, onde concluiu o curso Básico de Instrumento (2010-2013) e, posteriormente, o curso Instrumentista de Sopros e Percussão (2013-2016). Frequentou depois a ESMAE – Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (Porto), onde finalizou a licenciatura com 20 valores no recital final. Após concluir os estudos, participou em alguns concursos nacionais e internacionais, destacando-se o 1.º prémio no concurso de sopros “Terras De La Salette” (Oliveira de Azeméis), categorias Júnior (2014) e Sénior (2015) e o 1.º prémio no Concours International de Saxhorn, Euphonium and Tuba de Tours (França, 2019). É patrocinado pelas marcas Adams, Denis Wick e Brass Lab.MOMO.
O novo trabalho, “Flow”, tem um grande cunho pessoal, segundo o artista. Pretende mostrar ao público a versatilidade do instrumento e a diversidade de influências que o seu trabalho incorporou. De Ravel a Anne Vitorino de Almeida, o objetivo é revelar “fluidez” e “diversidade de linguagens”. Muitas das obras recitadas foram já tocadas em “recitais e masterclasses que tenho feito pelo mundo, e são obras que eu penso que me definem tanto como músico e como eufonista”, diz o jovem músico beirão. A lista de 14 faixas conta ainda com a participação de Bernardo Pinhal (piano) e dos convidados especiais Sérgio Carolino (tuba) e Daniel Bernardes (piano).
A carreira, diz, “já estava a pedir um álbum”, pois, muitas vezes, em atuações internacionais isso lhe era solicitado. “Embora seja cedo, eu decidi fazer este projeto e tive a sorte de contar com uma equipa que realmente era a que eu queria, tanto a nível de convidados como de produtor, como de designer”.
“Flow” já está disponível em lojas especializadas e, em breve, estará disponível nas plataformas digitais.