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O texto sem título: discórdia digital

Decerto que já viram, leram e responderam a comentários mais duros nas redes sociais. De…

Opinião de Ana Pinto Coelho

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Decerto que já viram, leram e responderam a comentários mais duros nas redes sociais. De certeza que já se indignaram, escreveram uma resposta brusca mas apagaram antes de publicá-la, mas ficaram a moer no assunto durante algum tempo. Com certeza que seguiram uma discussão mais extremista e acalorada em que a agressividade foi aumentando até ao absurdo. E, naturalmente, não desistiram de manter as vossas contas nas variadíssimas redes sociais.

Num momento de crise, todos temos uma opinião. É um nosso direito, tal como o é publicá-lo e discuti-lo. Mas há uma grande distância entre uma discussão ordeira e composta, que por vezes se torna muito interessante e instrutiva, e uma troca de acusações, mal-educadas e raivosas quando as posições não se entendem.

Logicamente, há certos temas em que adivinhamos uma guerra aberta entre pessoas ou grupos, inflamadas pela cor de um partido ou clube. Há que evitar tocar no santo futebol, na política e, mais recentemente, nas ciclovias, nas vacinas e nos apoios sociais e culturais.

Se as opiniões sempre foram assim, com uma pandemia às costas há um ano tudo se complica e se extrema. Principalmente porque temos pânico de adoecer ou passar esse mal a outros. O conflito acontece por um nada ou uma pontuação mal entendida. A discussão estala à mais inocente posição sobre uma qualquer matéria. E a gritaria digital começa.

Sim, estamos doentes enquanto sociedade e enquanto indivíduos. E, sejamos concretos, esta situação só se vai agravar e vamos passar muitos anos até tentar chegar ao 2019 em que, pelo menos, podíamos estravasar o físico durante um concerto, um jogo desportivo, enfim, até gritar de medo ou dar uma gargalhada sonora e pública defronte ao ecrã de cinema com som surround.

Falta-nos toque, presença e abraços. Sentimo-nos presos em casa e fora dela. Temos medo de quem se cruza connosco sem protecção e dos lugares frequentados por mais de um punhado de gente. Falta-nos respirar. Em suma, falta-nos a vida.

O afastamento físico leva também ao moral e social, porque estamos tristes, zangados, presos e a viver num caos desorganizado sem saber o dia de amanhã. E muito menos os próximos anos.

Naturalmente, tudo isto cria conflitos internos que abalam a nossa psique, o eu. E, num repente, também damos por nós a teclar furiosamente contra alguém que nos respondeu torto ou troçou da nossa verdade.

E é isso: todos temos uma verdade, só nossa, com um ego do tamanho do mundo, sofrendo represálias de todo o lado e sentindo-nos no direito de responder na mesma moeda.

Mas esta mudança de forma de agir e até de hábitos chama-se, tão simplesmente, falta de saúde mental. E ela começa a fugir-nos na repetição dos dias e noites, com as mesmas presenças e em espaços por vezes sem condições para juntar uma família para viver e tentar trabalhar.

Junte-se o medo do futuro a curto e médio prazo, a ineficácia que sentimos do sector público, a noção de que tudo mudou, e começamos a deixar de dormir, a estar ansiosos, extenuados e, por vezes, a sofrer uma súbita solidão mesmo quando acompanhados.

Os relatos multiplicam-se, as queixas também. Estamos a ficar muito doentes. E só nos resta uma solução: entender o porquê e procurar a ajuda que, realmente, precisamos.

A coisa boa? Ela existe mesmo.

*Texto escrito ao abrigo do antigo Acordo Ortográfico

-Sobre Ana Pinto Coelho-

É a directora e curadora do Festival Mental – Cinema, Artes e Informação, também conselheira e terapeuta em dependências químicas e comportamentais com diploma da Universidade de Oxford nessa área. Anteriormente, a sua vida foi dedicada à comunicação, assessoria de imprensa, e criação de vários projectos na área cultural e empresarial. Começou a trabalhar muito cedo enquanto estudava ao mesmo tempo, licenciou-se em Marketing e Publicidade no IADE após deixar o curso de Direito que frequentou durante dois anos. Foi autora e coordenadora de uma série infanto-juvenil para televisão. É editora de livros e pesquisadora.  Aposta em ajudar os seus pacientes e famílias num consultório em Lisboa, local a que chama Safe Place.

Texto de Ana Pinto Coelho

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