Uma série de inéditos e uma secção de poesia visual de Salette Tavares vai ser publicada este mês pela Imprensa Nacional. A Obra Poética (1957-1994), que será agora lançada, resulta de "um longo trabalho de seleção, que integra, e às vezes ilumina [a obra da autora], conferindo-lhe novo sentido”, escreve no prefácio a ensaísta Catherine Dumas, professora emérita de Língua e Literatura Portuguesas, na Universidade da Sorbonne Nouvelle-Paris 3, atualmente senadora no Parlamento francês.
Amiga de Frank O'Hara, um dos poetas maiores da chamada Escola de Nova Iorque, com quem privou, Salette Tavares (1922-1994) define uma via própria, afirmando-se como "uma das autoras mais cultas e originais” da poesia portuguesa do século XX, transcendendo "as barreiras das especialidades e dos géneros artísticos’”, conforme descrito no comunicado enviado pela editora.
A Imprensa Nacional (IN), já tinha editado, em 1992, Poesia Completa (1957-1971), da mesma autora, tendo, na altura, sido distinguida com o Prémio PEN de Poesia. Sobre esta nova edição, a IN explica que inclui o texto integral de 1992, com acréscimos, modificações, vários inéditos e ainda "uma secção de poesia visual (a cores)”. Esta última, a cargo de Salette Brandão, "ultrapassa em quantidade e qualidade as reproduções da Pequena Antologia, intitulada, em 1963, Brincadeiras Brincadeiras", sublinha Dumas.
A nova edição inclui ainda "os paratextos, com o prefácio que [a filóloga italiana] Luciana Stegagno Picchio assinou em 1990, e que não podia faltar, pois ele ressalta toda a dimensão da obra [de Salette Tavares] no contexto da poesia portuguesa e do pensamento ocidental da época".
Obra Poética (1957-1994) é um volume com cerca de mil páginas de poemas, que faz parte da coleção Plural, e resgata a dimensão literária da poeta e da artista.
Salette Tavares destacou-se, nas décadas de 1960-1980, no contexto da Poesia Experimental. A sua obra, refere a IN, “cruza a produção literária e a prática artística, através de uma exploração tridimensional à qual deu o nome de Poesia espacial”.
A IN destaca ainda o seu “papel constante no ensino e na salvaguarda do património, assim como na reabilitação urbana”.