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Os laboratórios estão na moda

Ação Creative Innovation Lab no programa Europa Criativa 2021-2027   Não sei se é porque…

Opinião de Francisco Cipriano

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Ação Creative Innovation Lab no programa Europa Criativa 2021-2027  

Não sei se é porque eu próprio também criei um Laboratório (Laboratório de Candidaturas), mas parece-me que os Laboratórios estão na moda. Mais ainda os “innovation lab” (laboratórios de inovação) que têm na sua génese uma definição muito concreta. Cada vez mais, mais organizações estão a abrir laboratórios de inovação exclusivamente dedicados a sonhar com novas ideias. No laboratório de inovação existe um ambiente propício ao surgimento de novas ideias, mas, mais que isso, o objetivo de encontrar fórmulas de as executar e de as integrar no “negócio”.

Em qualquer contexto, empresarial ou não, os laboratórios de inovação são importantes porque sinalizam aos intervenientes (organizações/empresas/etc.) que estamos empenhados em mudar para o futuro. Esse é também, em larga medida, o objetivo da ação “Laboratórios de Inovação Criativa”, (Creative Innovation Lab), do programa Europa Criativa 2021-2027.

O Programa Europa Criativa reúne ações de apoio aos sectores cultural e criativo europeus. Em consonância com os resultados da avaliação intercalar realizada em 2017, o novo Europa Criativa baseia-se e dá continuidade à estrutura do anterior Programa. Com um aumento orçamental de 50 % em comparação com o programa anterior (2014-2020), o Programa Europa Criativa investirá em ações destinadas a reforçar a diversidade cultural e a colmatar as necessidades e os desafios dos sectores cultural e criativo.

O Programa Europa Criativa tem duas metas principais que devemos ter sempre presente. Por um lado, salvaguardar, desenvolver e promover o património e a diversidade cultural e linguística da Europa e, por outro, aumentar a competitividade e o potencial económico dos sectores culturais e criativos, em especial do sector audiovisual. Os tempos atuais imprimem novidades e o novo programa pretende também contribuir para a recuperação dos sectores, permitindo-lhes intensificar os seus esforços para se tornarem mais digitais, mais ecológicos, mais resilientes e mais inclusivos.

Para além das Vertentes Media e Cultura, o novo Europa Criativa integra uma Vertente Transectorial. Tal como especificado nos textos regulamentares, a Vertente Transectorial visa “explorar o potencial da colaboração entre os diferentes sectores culturais e criativos e fazer face aos desafios comuns que enfrentam. Uma abordagem transversal comum apresenta vantagens em termos de transferência de conhecimentos e eficiências administrativas”. A vertente Transectorial aporta ao atual Programa Europa Criativa novidades muito importantes. Pela primeira vez, irá incluir ações de apoio ao sector dos média informativos, através da promoção da literacia mediática, do pluralismo e da liberdade dos meios de comunicação social e a ação “Laboratórios de Inovação Criativa”, (Creative Innovation Lab), esta que decorre de duas ações piloto lançadas durante o programa Europa Criativa 2014-2020, "Bridging Culture and audiovisual content through digital" (Ponte entre a cultura e o conteúdo audiovisual através do digital).

A ação “Laboratório de Inovação Criativa” visa encorajar abordagens inovadoras para a criação, a distribuição e a promoção de conteúdos, promovidas entre sectores culturais e criativos e destes com outros sectores, tendo em conta a mudança digital. Deve incentivar os agentes do sector cultural e criativo a conceber e testar soluções digitais inovadoras, com um potencial impacto a longo prazo em múltiplos sectores culturais e criativos. O Creative Innovation Lab vai facilitar a criação de soluções inovadoras (por exemplo, ferramentas, modelos e metodologias) que possam ser aplicadas no sector audiovisual e, pelo menos, noutro sector criativo e/ou cultural.

As soluções devem ser facilmente replicáveis, entendidas como "soluções piloto" e ter potencial de penetração no mercado, apresentando assim um modelo de negócio claro, coerente e robusto, onde a inovação esteja no centro do projeto. Os projetos devem basear-se numa estreita colaboração entre o sector audiovisual e, pelo menos, um outro sector da indústria cultural/criativa. A cooperação entre estas duas tipologias deve estruturar a composição do consórcio e os objetivos do projeto. Os projetos a enquadrar nesta tipologia do programa Europa Criativa permitem um financiamento sem limite de montante previamente estabelecido a uma taxa de cofinanciamento de 60% do total dos custos elegíveis. Os projetos aprovados contam ainda com um pré-financiamento entregue ao candidato um mês após assinatura do contrato no valor de 60% do financiamento a atribuir. As propostas devem ser apresentadas por um consórcio de, pelo menos, três entidades coletivas de, pelo menos, dois países diferentes que participem no Programa Europa Criativa. A título de exemplo, os projetos podem abordar um vasto conjunto de temas como são a gestão de direitos e monetização, recolha e análise de dados, com particular ênfase na previsão de conteúdos; criação e desenvolvimento do público; ecologização da cadeia de valor dos sectores criativo e cultural, incluindo ações que contribuam para o projeto Novo Bauhaus Europeu ou ferramentas e conteúdos educativos inovadores, utilizando a criatividade e os sectores criativos para abordar questões sociais, tais como desinformação, notícias falsas, etc.

Voltando aos avisos piloto do programa anterior, vale a pena conhecer o projeto ArcHIVE, onde a entidade portuguesa Cultivamos Cultura foi uma das vencedoras. Este projeto desenvolve uma plataforma digital aberta que agrega, preserva, publica, distribui e contextualiza uma grande variedade de informação, conhecimento e documentação das práticas Europeias no campo da bio-art, assegurando o acesso aberto a uma multiplicidade de utilizadores e à divulgação de materiais entre sectores culturais e territórios. É um espaço central e digital onde o conhecimento e as melhores práticas em bio-art são colecionadas e difundidas. Criado através da colaboração entre seis parceiros de diferentes tipologias, a plataforma é o principal resultado do projeto e serve como uma ferramenta catalisadora e facilitadora para as atividades de digitalização de trabalhos artísticos e objetos de museu facilitando o arquivo, acesso e distribuição; participação, planeamento e realização de eventos remotamente; formação e educação de estudantes e staff; contextualização e interconexão. Destinado à capacitação de vários agentes culturais que trabalham com materiais vivos e biológicos – desde instituições museológicas, universidades e ONG, artistas individuais, trabalhadores culturais, investigadores, cientistas e estudantes – o projeto fornece uma solução digital à medida de alguns dos desafios fundamentais ao campo de ação, seguindo os princípios de uma cultura aberta e de partilha de informação em todas as fases do projeto. Este projeto nasceu de uma colaboração entre a Cultivamos Cultura (PT) com a KONTEJNER bureau of contemporary art praxis (HR), Suomen Biotaaiten Seura RY (FI), Zavod Za Kulturo, Umetnost In Izobraževanje Kersnikova (SI), Hangar – Fundacio Privada AAVC (SP) e Institut Royal Des Sciences Naturelles de Belgique (BE). Num momento em que o digital se assume como determinante, teremos no início de 2022 a abertura de uma nova convocatória nesta ação Creative Innovation Lab, do programa Europa Criativa 2021-2027 que permitirá o financiamento de abordagens inovadoras para a criação, a distribuição e a promoção de conteúdos, promovidas e destinadas aos sectores culturais e criativos. Não há tempo a perder!

-Sobre Francisco Cipriano-

Nasceu a 20 de maio de 1969, possui grau de mestre em Geografia e Planeamento Regional e Local. A sua vida profissional está ligada à gestão dos fundos comunitários em Portugal e de projetos de cooperação internacional, na Administração Pública Portuguesa, na Comissão Europeia e atualmente na Fundação Calouste Gulbenkian. É ainda o impulsionador do projeto Laboratório de Candidaturas, Fundos Europeus para a Arte, Cultura e Criatividade, um espaço de confluência de ideias e pessoas em torno  das principais iniciativas de financiamento europeu para o setor cultural. Para além disso é homem para muitas atividades: publicidade, escrita, fotografia, viagens. Apaixonado pelo surf vê̂ nas ondas uma forma de libertação e um momento único de harmonia entre o homem e a natureza. É co-autor do primeiro guia nacional de surf, Portugal Surf Guide e host no documentário Movement, a journey into Creative Lives. O Francisco Cipriano é responsável pelo curso Fundos Europeus para as Artes e Cultura – Da ideia ao projeto que pretende proporcionar motivação, conhecimento e capacidade de detetar oportunidades de financiamento para projetos artísticos e culturais facilitando o acesso à informação e o conhecimento sobre os potenciais instrumentos de financiamento.

Texto de Francisco Cipriano
Fotografia da cortesia de Francisco Cipriano
A opinião expressa pelos cronistas é apenas da sua própria responsabilidade.

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