O Parlamento aprovou, no passado dia 18 de março, uma resolução que recomenda ao Governo que dê apoio à continuidade e expansão do projeto Orquestra Geração.
Na Resolução da Assembleia da República (AR) n.º 79/2021, publicada na série I de 18/03/2021 do Diário da República nº 54/2021 é pedido ao Executivo que “garanta a continuidade do projeto «Orquestra Geração» no ano letivo de 2021-2022” e que inicie, ainda durante o presente ano, “os procedimentos necessários à contratualização plurianual” por triénio ou por período superior, “assegurando a estabilidade dos seus profissionais, da oferta educativa das escolas e do percurso educativo dos alunos e alunas que participam no projeto”. No documento, a AR pede ainda que sejam iniciados os mecanismos para a “disseminação do projeto «Orquestra Geração» em todo o território nacional, como medida no âmbito do Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar”.
António Wagner Diniz, diretor da Orquestra Geração, afirma que “é muito importante ver todo o nosso esforço ser reconhecido pelos nossos órgãos de soberania” e salienta que “nos últimos meses, a Orquestra Geração tem sido resiliente e capaz de enfrentar os maiores dos obstáculos, alcançando grandes conquistas”. O responsável afirma ainda que “este reconhecimento prova que o trabalho que temos vindo a desenvolver é significativo e isso dá-nos motivação para continuar a chegar a mais crianças e jovens”.
A Orquestra Geração é um projeto de intervenção social que, através da música, pretende promover a inclusão social de crianças e jovens que sejam oriundos de bairros problemáticos. Criada em 2007, a iniciativa tem como objetivo fomentar o desenvolvimento pessoal e comunitário dos jovens através da prática intensiva de orquestra, que envolve trabalho coordenado e em equipa. Além do desenvolvimento da auto-estima e do combate ao absentismo escolar o projeto desempenha ainda um papel na aproximação e motivação das famílias dos alunos, “no sentido de se integrarem progressivamente nas atividades da orquestra”, de forma a que possam tomar responsabilidade na obtenção de resultados.
A ideia foi inicialmente implementada no Casal da Boba, Amadora, e “em pouco mais de dez anos” cresceu e reúne agora “mais de 2000 crianças e jovens, distribuídos pelos concelhos de Amadora, Almada, Vila Franca de Xira, Lisboa, Oeiras, Loures, Sesimbra e Coimbra”, segundo comunicado divulgado pelos promotores.
A Orquestra Geração já recebeu várias distinções a nível nacional e internacional. Em 2010 recebeu o Prémio Nacional de Professores do Ministério da Educação na categoria de Inovação e nos anos de 2013 e 2014 foi considerado, pela União Europeia (UE) um dos melhores projetos de intervenção social da UE, de acordo com informação disponível na página oficial. Em 2018, o projeto foi considerado a melhor empresa de intervenção social pelo grupo AGEAS e foi-lhe atribuída a medalha de ouro comemorativa dos 50 anos da Declaração Universal dos Direitos da Humanidade pela Assembleia da República, segundo a mesma fonte.
No decorrer do presente ano letivo – e devido às restrições impostas para combater a pandemia de Covid-19 - a Orquestra Geração apostou no ensino à distância para dar continuidade às suas ações. Foi criada uma plataforma digital com material pedagógico e fomentada a continuação da prática de música, individual e em conjunto, através das aulas online. Foram ainda realizados cursos de formação de professores na temática da metodologia do ensino musical enquanto ação social. A Orquestra Geração procedeu ainda à doação de computadores e tablets, através do apoio de Mecenas, como a Fundação BNP Paribas, Santander Portugal e Worten, e da Computador Solidário, a um grupo de alunos com necessidades urgentes, permitindo apoiar o prosseguimento dos seus estudos.
O projeto também tem marcado presença em várias iniciativas da Assembleia da República, nas reuniões da dimensão parlamentar da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, e da Procuradoria-Geral da República e nos encontros da iniciativa Think Tank, através de concertos em vídeo.