Alguns dos pensadores mais destacados do meio artístico vão estar, nas próximas semanas, em terras lusitanas. O que os traz a Portugal? A PARTE Summit, um encontro internacional, que visa dar a conhecer ao mundo o que por cá se faz na arte contemporânea, pondo em diálogo os artistas portugueses com alguns dos maiores nomes da curadoria. É, acima de tudo, explica Joana Mayer, um programa “muito assente no reconhecimento da importância das relações de proximidade, que organizam o sistema da arte contemporânea.”
Entre palestras, mesas-redondas e performances, a PARTE Summit decorrerá em dois sábados consecutivos (30 de julho e 6 de agosto), em duas sessões que terão lugar em duas cidades portuguesas: Coimbra, onde a sessão decorrerá no Convento de São Francisco, sendo que estarão em destaque interrogações em torno, por exemplo, das exposições, do papel das instituições na construção de experiências plurais, do género e da institucionalização da performance; e Loulé, no Cineteatro Louletano, onde, nomeadamente, se debaterá o impacto da crise, a construção de comunidades e o papel da água na arte.
Segundo explica Joana Mayer, da Portugal Art Encounters, programa no âmbito do qual é promovida a cimeira em questão, aos pensadores convidados foi pedido que lançassem uma pergunta e é a partir dessas questões que se organizarão as sessões, pondo-se sempre em diálogo esses grandes pensadores com nomes portugueses. O objetivo não é chegar a uma resposta, salienta a responsável. Mas, antes, promover a reflexão, aprofundando as relações entre o que por cá se faz e quem por cá anda e o mundo.
Por isso mesmo, Dália Paulo, diretora municipal da Câmara de Loulé, entende que PARTE Summit servirá para, simultaneamente, “divulgar aquilo que por cá se faz” e “trazer pessoas com um olhar fresco e diferente”, criando-se oportunidades para quem reside em Portugal, mas também novas perspetivas sobre o meio e o sistema nacionais. “A expectativa é que consigamos conhecermo-nos mutuamente e que possamos apresentar-lhes o trabalho continuado e consistente, que temos feito, mas também as dificuldades e angústias, as utopias e sonhos”, salienta a responsável. “A expectativa é que haja uma escuta mútua entre os que cá estão e os que vêm de fora. Um apaixonar mútuo”, frisa a mesma. Dália Paulo revela, deste modo, que o “sim” de Loulé ao convite para integrar esta cimeira foi rápido.
Também em Coimbra houve logo abertura para acolher a PARTE Summit, garante Paulo Pires, da divisão de cultura e promoção turística da Câmara Municipal de Coimbra. “É um evento inédito em Portugal”, sublinha o responsável, que assegura que as expectativas são altas. No entender de Paulo Pires, a PARTE Summit vai permitir dar visibilidade à arte contemporânea feita em Portugal, “no sentido da internacionalização”, e isso, realça, “é muito importante”. “É tomar o pulso da arte contemporânea em Portugal, nomeadamente fora dos grandes centros de Lisboa e do Porto”, acrescenta o responsável, que conta que Coimbra tem vindo a fazer um “trabalho crescente de valorização e promoção da arte contemporânea”, assumindo-a mesmo como uma das suas bandeiras.
Joana Mayer explica que a escolha destas cidades não foi, de resto, inocente. Há a intenção de “descentralizar o programa e a oferta”, afirma, confirmando os sinais deixados pelas duas câmaras referidas. A PARTE Summit procura, assim, um “território mais alargado”, ao mesmo tempo que pretende reconhecer o investimento das autarquias na cultura.
Mas antes de as sessões do PARTE Summit acontecerem, terão lugar, no final deste mês, os PARTE Circuits, eventos que irão pôr em diálogo curadores, diretores de museus e eventos de relevo, críticos e jornalistas da imprensa especializada. Neste caso, as sessões são dirigidas para quem está no meio (isto é, para os profissionais), enquanto a PARTE Summit será um abrir dessas interrogações ao público mais geral e que se mostra interessado pela arte contemporânea. “Queremos que seja um momento de alargamento dos públicos que se interessam por estas questões”, adianta Joana Mayer. “Estes pensadores, tal como a arte contemporânea, pensam o mundo”, observa a responsável, detalhando que as interrogações que estarão em cima da mesa até podem começar no meio artístico, mas não se encerram aí.
Os bilhetes para a PARTE Summit estão à venda online, sendo que já é possível também explorar a programação. Isto ainda que estejam por revelar alguns dos nomes que passarão por este encontro internacional.
Convém ainda explicar que a PARTE é um programa da Flamingo Circuit, empresa criada pela consultora Sílvia Escórcio e pelo curador e arquiteto Miguel Mesquita em 2011, com a certeza de que arte é uma “a atividade crítica e fundamental ao cumprimento dos objetivos de desenvolvimento sustentável”. Este programa é, além disso, desenvolvido em parceria com o Turismo de Portugal e conta também com o apoio do Ministério da Cultura e da Direção-Geral das Artes, no âmbito da dinamização da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea (RPAC).