Lançado durante esta primeira semana de junho, o projeto #garanteolugar pretende colocar em parceria salas de espetáculo e marcas/empresas de forma a garantir uma “programação cultural regular” e a “manutenção dos níveis de rendimento para a comunidade artística”.
A iniciativa de Raquel Pinhão e Teresa Pinheiro ganha forma com a criação de contratos de apoio, através dos quais é acordada a compra, por parte das marcas/empresas, dos lugares que ficam vazios, fruto das restrições impostas pelas autoridades de saúde nacionais. O objetivo é, sobretudo, consciencializar e apelar às marcas pela responsabilidade social no apoio ao setor cultural, enquanto as casas poderão garantir as lotações esgotadas, que, consequentemente, vão permitir condições financeiras para a manutenção da programação.
A minimização dos impactos financeiros, garantida pela recuperação da bilheteira, que à partida não poderia atingir a lotação máxima, prevê-se “essencial para a manutenção e renovação de contratos assumidos com artistas e agentes culturais e que, como tal, representará um contributo para a continuidade dos seus rendimentos e para a criação de oportunidades num sector severamente fustigado pela crise pandémica”, lê-se em comunicado.
Assim, em termos de proposta, esta visa assegurar, mais do que viabilidade na reabertura de portas destes espaços culturais, benefícios para as quatro partes que, direta ou indiretamente, estarão envolvidas. A organização do #garanteolugar crê que a compra dos lugares desativados de cada espetáculo resulte na viabilidade financeira das salas de forma a que estas possam continuar a garantir programação. Consecutivamente, estas casas poderão assegurar a manutenção e rendimentos dos vários agentes culturais envolvidos. Esta manutenção de oferta variada e consistente resultará assim numa “oportunidade de retorno de reconhecimento e valorização de marca enquanto impulsionador da oferta cultural com uma atuação real e impactante na sociedade”.
Entre as contrapartidas para as salas de espetáculo estão a “venda antecipada dos lugares não ocupados da sala" e a “comunicação, através dos canais de divulgação da marca e da plataforma #garanteolugar, da programação da sala cujos lugares não ocupados foram comprados”. Mas também as marcas terão benefícios associados ao seu investimento, tais como a “utilização futura de parte do número de bilhetes comprados para oferta em ações de promoção, incentivo de vendas, convites” e a “possibilidade de colocação de materiais de visibilidade na sala”, bem como “ações de ativação nos foyer e outros locais da sala”.
O papel do #garanteolugar será de mediador entre espaços e empresas, desde a fase de acordo até à implementação. Nesta primeira fase, o projeto pretende “garantir a viabilidade das salas na sua programação de segundo semestre de 2020, podendo no entanto a ação ser prolongada”, admite a organização.
Esperam com esta iniciativa não só alavancar a atual situação crítica da cultura e dos espaços culturais, como garantir desde já novas pontes de parcerias, através desta aproximação de marcas e apoios privados, e ainda, para as marcas garantir a “possibilidade de potenciar o engagement com o público numa ação que trabalha a construção de valor para a marca”.