Numa aposta eclética e diversificada, a 10.ª edição do Festival Materiais Diversos - que decorre de de 27 de setembro a 5 de outubro, nas localidades de Minde, Alcanena e Cartaxo - apresenta este ano um conjunto de espetáculos que pretendem promover o cruzamento entre as artes performativas e as comunidades locais. Duas das áreas em destaque na programação desta edição são precisamente a performance e a dança.
No campo da performance, destaque para As Far as My Fingertips Take Me (na foto), da premiada artista libanesa Tania el Khoury, a ter lugar no Museu da Aguarela Roque Gameiro, em Minde, logo no primeiro dia do festival. Nesta que será a sua estreia em Portugal, a artista propõe um momento de reflexão em questiona “a atual condição dos refugiados na Europa e a sua relação com os europeus”..
Num campo mais híbrido, entre a performance e a instalação artística, destaque para Selva Coragem, uma acção participativa e instalação do Teatro do Frio para visitar de 1 a 5 de outubro na Galeria Municipal do Cartaxo. Trata-se de uma criação interdisciplinar, que articula arte sonora, escrita dramatúrgica e performance com perspectivas de sustentabilidade, biodiversidade e qualidade de vida no tecido urbano.
Também no Cartaxo, mas no Centro Cultural, estreia nacional do espetáculo de dança Don’t be Frightened of Turning the Page, do criador italiano Alessandro Sciarroni, que recebeu este ano o Leão de Ouro da Bienal de Veneza, pela sua obra coreográfica.
Além da sua apresentação, Sciarroni vai estar também com Rui Pina Coelho e Gustavo Vicente a dirigir a Escola de Verão do Festival – intitulada Na Práctica -, destinada a artistas e investigadores.
Ainda no campo da dança, destaque para as estreias absolutas de Mistério da Cultura, de David Marques e Partilhas/Exchanges de Filipa Francisco, ambas no primeiro dia do festival, e em Minde: a primeira na Fábrica da Cultura, a segunda no cineteatro Rogério Venâncio.
A programação de dança inclui ainda a apresentação de Margem, do coreógrafo Victor Hugo Pontes, vencedor este ano do prémio de Melhor Coreografia da Sociedade Portuguesa de Autores, que terá lugar, a 3 de outubro, no Centro Cultural do Cartaxo.
A encerrar o festival, na noite de 5 de outubro, no Centro Cultural do Cartaxo, a coreógrafa e bailarina Ana Rita Teodoro apresenta FoFo, espetáculo que, na fase de criação, incluiu duas oficinas de pesquisa com adolescentes, no Cartaxo e na escola secundária de Alcanena.
Mas nem só de propostas artísticas se faz a 10.ª edição do Festival Materiais Diversos. Assim sendo, de 4 a 20 de outubro, no Centro Cultural do Cartaxo, estará patente a exposição “Para uma Timeline a Haver – Genealogias da Dança Enquanto Prática Artística em Portugal”, de João dos Santos Martins, Ana Bigotte Vieira e Carlos Manuel Oliveira.
Já no dia 28 de setembro, realiza-se o debate “Entre a Urbe e a Serra”, moderado pelo investigador e programador cultural António Pinto Ribeiro com Elisabete Paiva e Tiago Guedes, numa conversa onde se perspetivam a história da dança, das artes performativas e dos novos centros de criação, programação e divulgação, assim como a experiência do Festival Materiais Diversos.
Estas e outras reflexões vão fazer parte de um livro que a Materiais Diversos está a preparar a propósito dos 10 anos do Festival, a ser publicado nos primeiros meses de 2020.