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Quem vai ao mar apanha ‘boas ondas’ no Teatro Nacional D. Maria II

Depois de navegarem no palco do Salão Nobre Ageas no passado dia 27 de novembro,…

Texto de Patricia Silva

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Depois de navegarem no palco do Salão Nobre Ageas no passado dia 27 de novembro, a Capitana e Joana voltam a percorrer mares e aventuras rumo ao Pa-na-má. O espetáculo que integra o projeto Boca Aberta, do Teatro Nacional D. Maria II, permanecerá em cena aos sábados, até dia 22 de janeiro.

Catarina Requeijo, encenadora, e Maria João Cruz e Inês Fonseca Santos, que pensam os textos, já se conhecem muito bem. É dessa forma que dão vida a Quem vai ao mar. "Já sabemos mais ou menos como é que funciona esta dinâmica", começa por explicar Catarina quando lhes questionamos o processo de criação.

Com um ponto de partida partilhado, entre textos, encenadora e artistas em palco a peça nasce como uma golfada de ar fresco. "Quando decidimos fazer os espetáculos deste ano e pensamos nesta coisa do mar foi porque já fizemos espetáculos sobre a guerra, a morte, coisas muito duras. Pensámos que a seguir a esta fase tão difícil da vida de toda a gente, fazer um espetáculo que fosse uma aventura, mais descomprometido sem pensar numa mensagem muito precisa ou muito abrangente seria o ideal", continua Catarina.

Partir de uma aventura é também pensar o medo. E como a encenadora e Inês Fonseca Santos determinam, a verdade é que o medo está sempre presente. "Esta peça é feita para a geração de agora, mas é pensada por uma geração que é nossa (Catarina) e eu acho que tem a ver com a nossa vivência do medo, a nossa relação com o medo que é um tema que nós estamos sempre a ir lá parar".

uem vai ao mar conta com interpretação de Ana Valente e Sandra Pereira que nos recordam que "Quem vai ao mar tem de... pescar, cantarolar, acreditar."

Mas o medo é constitutivo da infância? Inês responde que sim. Recorda que quando o percebemos tentamos ultrapassá-lo. "É dessas pequenas conquistas também de que é feita a infância". Acrescenta ainda que "quando somos crianças, não estamos a teorizar sobre isso, portanto, aqui o que interessa é essa identificação do receio e do 'vamos partir para esta aventura ou vamos enfrentar os medos?' 'Vamos ficar em terra firme e seguros sem descobrimos coisas novas?' É essa a nossa proposta."

Admitir que se têm medo é também um processo que a peça reflete. "É importante também assumir o medo." A Joana que o diga quando tenta que a Capitana volte a casa, num barco que passe por obstáculos, aventuras e descobertas imagináveis. Desde a roupa do pirata que se perde no mar ao peixe difícil de pescar a coragem descobre-se de diferentes formas nas personagens da peça. "Eu acho que quando uma pessoa diz 'eu tenho medo' ou assume que tem medo é um acto de grande coragem e não faz mal ser medroso. Também há lugar para isto e o que acontece aqui é que elas estão confortáveis sempre porque são amigas, portanto, estão de alguma maneira protegidas e há uma mais corajosa, mas no final há mudanças nas duas e isso é que é importante", conclui a encenadora.

Questionadas sobre o Panamá e o significado, partem para uma viagens de inspirações de textos e histórias, mas também para o lugar dos nossos sonhos que pode estar à distância de um mar ou outro. Tendo nascido como um projeto de leituras encenadas, o Projeto Boca, permite trabalhar inspirações dos mais diversos artistas, autores e autoras.

"Ás vezes o Panamá está aqui ao lado, pelo menos para alguns. Só que quando se volta este lugar, que afinal é o Panamá, volta-se de outra maneira e valeu a pena ter feito um desvio, porque se aprendeu alguma coisa nessa viagem", reflete Inês.

A peça permite pensar nas narrativas como ponto de partida para essa descoberta. Para regressar. A literatura e todas e as diversas artes esquematizam esse assunto. "Temos imensos livros que fazem isso e mesmo que não os conheçamos diretamente, de certeza que conhecemos criadores que os abordaram e que, portanto, através deles, vão aparecendo e fazem parte do nosso imaginário", dizem-no ambas.

O projeto que pensa importantes temas sociais e localiza-os junto dos mais pequenos e pequenas, permitem-no não só através do Teatro Nacional D. Maria II como dos espaços em que cohabitam. É num acontecimento de deslumbramento no Salão Ageas ou numa sala que que convive com o ruído sonoro e o ruído visual, em território de refeitórios, janelas repletas de desenhos e criatividade que se monta o cenário. "Quando entram na sala deles, entram dentro de um barco ou uma floresta. Isso é uma operação muito importante. É um processo elaborado e pensado por pessoas que sabem pensar nisto, há um cenógrafo que tem estas ideias, mas tem sempre este aspecto também de recriar ou de transformar um objetos noutros e, isto, está desde o início do Boca Aberta. Quem vê os espetáculos não são só as crianças, mas também as educadoras e educadores e isso é importante para que se perceba que, às vezes, não temos que ter tudo para fazer um espetáculo. Não temos de ter a cortina, o castelo. Não temos que imitar a realidade. Podemos brincar com os objetos", partilha Catarina.

Destinado a crianças a partir dos 3 anos, o espetáculo poderá ser visto no Salão Nobre Ageas, no D. Maria II a 4 de dezembro, 8, 15 e 22 de janeiro, sempre aos sábados, às 16horas (excetuando a sessão de 15 de janeiro, que se realiza às 11h). No dia 8 de janeiro, o espetáculo contará com interpretação em Língua Gestual Portuguesa e Audiodescrição. Todas as sessões são Sessões Descontraídas, caracterizadas por uma atmosfera mais acolhedora e mais tolerância no que diz respeito ao movimento e ao barulho na plateia.

 Quem vai ao mar conta com interpretação de Ana Valente e Sandra Pereira que nos recordam que "Quem vai ao mar tem de... pescar, cantarolar, acreditar."

Texto de Patrícia Silva
Fotografia de Filipe Ferreira
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