Tita Maravilha é atriz, cantora, performer e palhaça. Licenciada em Artes Cénicas pela Universidade de Brasília, vive em Portugal desde dezembro de 2018, onde tem trabalhado com artistas como Sónia Baptista, Carlota Lagido, Odete, Xana Novais, Raquel André, Keli Freitas, Nádia Yracema, Cigarra, entre outros.
Nesta que será a sua primeira obra em nome individual, Tita Maravilha recria o clássico de Anton Tchekhov, expondo um interesse radical de interagir nas artes performativas portuguesas e em repensar e alterar o fluxo da história em diálogo com a identidade de género, cruzando o pensamento crítico com o humor, a arte e a interseccionalidade.
“Nesta versão de As Três Irmãs, criarei uma deliciosa trama sobre irmãs de sangue que se descobrem pessoas trans e não binárias no mesmo percurso em que se tentam inserir na sociedade", explica Tita Maravilha. "Quero sobrepor a trama original a um tema que grita por atenção e que pouco tem sido discutido com sabedoria e lugar de fala, lembrando também o momento presente do mundo, para pensar como o sistema político na Rússia – onde a peça acontece – lida com pessoas LGBTQIA+."
Esta é uma criação que combina a estrutura literária de um clássico com as ideias de vanguarda da contemporaneidade. À artista interessa negociar o futuro da escrita. "Penso a escrita como um território movediço que nos serve de trampolim para a recriação, reemoção, revolução. Neste momento, tenho um interesse radical em interagir nas artes performativas a partir da minha formação enquanto criadora, em repensar e alterar o fluxo da história”, refere.
O projeto – vencedor entre 47 candidaturas – contará com interpretação de João Abreu, Ivvi Romão e Luan Okun, assistência de dramaturgia de Keli Freitas, música de Aurora Pinho e Odete, direção de movimento de Jaja Rolim, iluminação de Luisa Labate, cenário e figurinos de Marine Sigout e produção de Maria Tsukamoto.
Criado em 2018, em homenagem à atriz e encenadora Amélia Rey Colaço, pelo seu importante papel na História do Teatro Português, a Bolsa Amélia Rey Colaço, atribuída anualmente, visa apoiar jovens artistas e companhias emergentes. O prémio traduz-se na atribuição de um valor pecuniário de 22 mil euros, com acesso a várias residências artísticas e apresentação do espetáculo nos quatro teatros parceiros.
Nesta 5.ª edição da bolsa, fizeram parte do júri: Henrique Amoedo, diretor artístico, do Teatro Viriato, Pedro Penim, diretor artístico, do Teatro Nacional D. Maria II, Rui Horta, diretor artístico d’O Espaço do Tempo, e Rui Torrinha, diretor artístico do CCVF e Artes Performativas de A Oficina.