O relatório "Profissionais femininas do audiovisual na produção de ficção televisiva europeia", feito pelo Observatório Europeu do Audiovisual, revela um desequilíbrio de género dentro de seis categorias profissionais do audiovisual na ficção televisiva europeia. Segundo o relatório, as mulheres aparecem mais sub-representadas entre os cineastas e compositores, com uma expressão inferior a 10%.
As mulheres continuam a estar em minoria na indústria de ficção televisiva na Europa. Segundo um relatório do Observatório Europeu do Audiovisual, divulgado no primeiro dia de setembro, sobre a representação de género em seis categorias profissionais do audiovisual na ficção televisiva europeia - realizadores, escritores, papéis principais de filmes e séries televisivas europeias (até 52 episódios por época), produtores, cineastas, compositores de filmes e séries televisivas europeias (até 13 episódios por estação) difundidos ou disponibilizados no período de 2015 a 2019 -, a figura feminina ainda tem pouca expressão.
O estudo em causa visa responder a três questões metodológicas. A primeira das quais é saber como estão representadas as mulheres entre os profissionais ativos da televisão europeia. De acordo com os dados disponibilizados, correspondiam a 20% dos realizadores, 35% dos escritores, 43% dos intérpretes de papéis principais, 41% dos produtores, 8% dos cineastas e 7% dos compositores.
No que respeita a perceber “qual a percentagem ponderada de mulheres nas categorias profissionais de obras televisivas europeias”, o relatório revela que é de 16% entre realizadores, 33% entre escritores, 45% nos papeis principais, 43% entre os produtores, e 7% e 6% entre cineastas e compositores, respetivamente.
O terceiro tópico de análise pretendia perceber qual a percentagem de partilha de obras audiovisuais de equipas dirigidas por mulheres. A conclusão apontou para uma sub-representação feminina ainda mais significativa: 15% na categoria de realizadores, 24% de escritores, 22% em papéis principais, 36% de produtores, 7% de cineastas e 5% de compositores.3
O Observatório Europeu do Audiovisual, destaca que, "para além das desigualdades óbvias, este relatório mostra diferenças notáveis na atividade profissional audiovisual, dependendo do trabalho”. Podemos assim perceber que as realizadoras colaboraram mais frequentemente com outros realizadores do que os seus homólogos masculinos, e com bastante frequência em equipas equilibradas em termos de género. Já as escritoras de ficção televisiva europeia trabalharam em grandes grupos que, ou eram dirigidos por homens, ou equilibrados.
Sobre a avaliação da representação de género nos papéis principais, o documento indica que a limitação de dados “tornou a análise mais delicada”, esclarecendo que esta análise se baseia em informação do IMDB (que fornece geralmente os nomes de quatro atores, embora por vezes sejam indicados mais, que correspondem geralmente aos quatro primeiros papéis principais): “Os resultados não foram suficientemente claros para compreender quem desempenha os papéis principais, foi claramente uma atividade realizada em grupos e as equipas pareceram bastante equilibradas em termos de género”.
Ainda de acordo com as conclusões do estudo, as produtoras trabalharam principalmente sozinhas ou, quando se juntaram, foi a equipas equilibradas em termos de género. Na ficção televisiva europeia, os cineastas eram principalmente homens e trabalhavam sozinhos ou com outros homens. No que diz respeito aos compositores, são também, maioritariamente, homens e trabalham sozinhos, no entanto, o relatório revela também que “havia mais mulheres escondidas em equipas dirigidas por homens do que o oposto”.