É uma tradição antiga de início de ano, estabelecer objetivos e novas metas para o ano que começa, por isso, resolvemos partilhar convosco 12 objetivos que assumimos na ZERO para 2021, um por cada mês do ano.
1 – Alimentação
A nossa alimentação tem uma pegada ambiental enorme (veja o nosso Meia Hora de Bom Ambiente sobre Desperdício Alimentar de 14 de janeiro).
Como tal, a primeira decisão de 2021 é diminuir o consumo de carne e aumentar o consumo de leguminosas (veja o workshop sobre leguminosas no dia 10 de março).
Em cada dia temos duas refeições principais, torne uma delas vegetariana, feita com produtos nacionais, de época e comprados localmente e diminua a sua pegada.
2 – Vestuário e calçado
O desperdício relacionado com o que vestimos é gigantesco. A indústria da moda é um dos principais produtores de desperdício. A nossa resolução vai ser comprar menos, comprar melhor. Opte por materiais naturais como o algodão ou o linho, a lã ou a felpa, compre sustentável.
Compre roupa que seja verdadeiramente do seu agrado e com a qual se sinta bem, para ter vontade de a usar muitas vezes, durante muito tempo.
Estar confortavelmente calçado é um estímulo para andar a pé. Nos últimos anos, a moda tem evoluído muito no sentido do conforto. Hoje em dia, uns ténis são perfeitamente compatíveis com um fato formal de trabalho. Se o código de vestuário da sua empresa o permitir, escolha calçado desportivo e vá a pé para todo o lado. Faz exercício físico, aumenta a capacidade de resistência e ajuda o planeta, mantendo o estilo.
4 – Uso do automóvel
O uso do automóvel para as deslocações diárias continua a ser uma gigantesca fonte de CO2. Em 2021, com a pandemia, diminuímos as nossas deslocações.
Vamos manter essa tendência, organizando-nos melhor. Escolha uma data e faça todas as suas compras no mesmo dia, estabeleça previamente rotas, arranje um quadro de ardósia e vá anotando a sua lista de faltas ao longo da semana. Sempre que possível estacione o carro e vá a pé. Arranje um carrinho de compras com rodas e deixe de carregar os sacos.
5 – Exercício físico
O direito à saúde é um direito fundamental básico, mas a saúde também se constrói. Pode fazer exercício físico à séria ou limitar-se a andar meia hora por dia, em passo acelerado, mas mexer-se é fundamental. Consulte o seu médico antes de iniciar a prática do exercício, mas faça-o logo que possível. Ao melhorar a sua saúde, está a diminuir a sua pegada ambiental.
6 – Media
Para defendermos o planeta, é fundamental estarmos bem informados. Infelizmente, nos últimos anos a imprensa tem sido confrontada com enormes dificuldades de financiamento, o que a coloca numa posição complicada para fazer um trabalho isento. Temos todos a obrigação de defender uma imprensa livre, independente e baseada em factos. Seja assinante de um órgão de comunicação social. Escolha um jornal diário, uma revista semanal ou um semanário e leia no seu tablet ou no seu telemóvel. Exija uma imprensa de qualidade.
7 – Comércio online
Claro que é conveniente comprar online, em particular numa altura de confinamento. Mas deve fazê-lo com parcimónia, não compre por impulso ou porque é barato. Compre apenas aquilo de que precisa, escolha preferencialmente produtos que são produzidos localmente, regionalmente ou nacionalmente, para reduzir a pegada do transporte. Prefira produtos duradouros e intemporais. Compre a artesãos ou em loja pequenas, a fornecedores certificados ou de comércio justo. Confirme as medidas, a cor, o peso, para diminuir a probabilidade de erro e a necessidade de devolução. Reaproveite todos os materiais usados na embalagem.
8 – Equipamento eletrónico
Quando comprar um equipamento eletrónico, lembre-se da pegada enorme de toda a cadeia. O ideal é comprar um bocadinho melhor e mais sofisticado para que dure mais tempo. Use os seus equipamentos até deixarem de funcionar. Esqueça a mania de ter sempre o modelo mais recente. Eles existem para ser úteis, não os use como uma afirmação pessoal.
Se ainda funcionarem bem, mas já não servem para as suas necessidades, pense em doá-los. No final da vida útil, coloque-os nos contentores adequados.
9 - Ativismo ambiental
Só mesmo os mais distraídos ainda não perceberam a importância de defender o ambiente e contribuir para a segurança de todos. Escolha uma ONG, faça-se associado e mantenha-se informado. Se puder, colabore e seja voluntário.
Monitorize a sua zona e denuncie as situações de agressão ao ambiente. Não se esqueça de que uma agressão ao ambiente, é uma agressão a toda a comunidade.
10 – Comprar
Mais uma vez, estar informado é fundamental. Utilize a aplicação Scan4Chem (veja a Meia Hora de Bom Ambiente sobre químicos no quotidiano em 28 de janeiro) e escolha os seus produtos, sabendo as substâncias químicas que contêm. Dê ao mercado um sinal de que quer produtos mais saudáveis e sustentáveis.
Sempre que puder, compre a granel. Se não for possível, selecione os produtos tendo em consideração a sua embalagem.
11 – Separação de resíduos orgânicos
Agora que a legislação já existe e as câmaras já estão a preparar a sua implementação, comece a preparar a família para separar os resíduos orgânicos. É muito importante ensinar toda a família e os amigos mais renitentes.
12 – Agir no local de trabalho
Leve as suas preocupações ambientais para o seu local de trabalho e partilhe-as com os seus colegas de trabalho. Avalie com eles como reduzir o desperdício. Arranje maneira de poupar dinheiro à empresa e todos beneficiarão.
Um Bom Ano Novo mais Amigo do Ambiente para todos!
-Sobre Francisco Ferreira-
Francisco Ferreira é Professor Associado no Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT-NOVA) e investigador do CENSE (Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade). É licenciado em Engenharia do Ambiente pela FCT-NOVA, mestre por Virginia Tech nos EUA e doutorado pela Universidade Nova de Lisboa. Tem um significativo conjunto de publicações nas áreas da qualidade do ar, alterações climáticas e desenvolvimento sustentável. Foi Presidente da Quercus de 1996 a 2001 e Vice-Presidente entre 2007 e 2011. Foi membro do Conselho Nacional da Água e do Conselho Nacional de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Atualmente é o Presidente da “ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável”, uma organização não-governamental de ambiente com atividade nacional.