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Quanto mais as pessoas se cansam, mais exprimem verdades e consequências, quer com amigos mais…

Opinião de Ana Pinto Coelho

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Quanto mais as pessoas se cansam, mais exprimem verdades e consequências, quer com amigos mais íntimos quer nas redes sociais abertas a todo o mundo. Mas, como tudo, todas essas mesmas verdades têm verdadeiras consequências e vice-versa. A exposição a que somos obrigados, uns mais que outros, fazem descobrir as realidades de cada um e, por consequência, as suas mais íntimas verdades. E no final das contas, que já se fazem ao fim de um ano e meio de clausura física, é que essa transborda para a social com todos os aspectos positivos e negativos associados.

Tomemos por exemplo o nosso círculo social, aquele com quem aprendemos a viver, experienciar, construir e conquistar. Num repente, ao fim de tão pouco tempo comparado com os “bons anos” ou os “velhos tempos”, percebemos que parte desse grupo, afinal, não nos é semelhante em muitas áreas que, até agora, nunca tinham sido discutidas ou sequer apresentadas durante um jantar ou numa noite de convívio.

De repente, uma pandemia força-nos a ver nos outros aquilo que também trazemos escondido, bem dentro do nosso âmago, as nossas mais reais verdades e noções que, muitas e demasiadas vezes, foram colocadas em segundo ou terceiro plano, quase até adormecidas ou esquecidas, em prol de um bem comum, do grupo social, da tribo, da entidade ou identidade.

E aquilo que criticamos nos outros, as mais densas noções, afinal e simplesmente, a verdade do que se é e pensa, tem um feedback. Percebemos que também somos “incompreendidos” e que, possivelmente e afinal, também não somos bem aquilo que os outros pensavam de nós.

Que tempos estranhos estes que nos dão uma chance de fazer um reboot, de perceber o quão estávamos enganados em relação a alguns e, principalmente, a nós próprios. Um tempo que nos possibilita, e até facilita, a mudança, porque temos e vivemos sob a maior das desculpas: esta pandemia global que nos tolda a razão.

O quão diferente somos do que fomos

Sabemos, nem que seja através da memória colectiva ou tradição oral, que só realmente nos conhecemos quando a isso somos obrigados, ou seja, quando sofremos uma mudança drástica da nossa vivência ou sofremos uma perda grave, pessoal ou profissional.

Se “a arte aguça o engenho”, também podemos “cair no fundo do poço”. Há tantas, mas tantas frases feitas em relação aos azares e sortes, não é? Mas o que interessa é quanto essas “verdades” nos afectam.

Quando, por exemplo, percebemos que já não podemos contar ou confiar com aquel@ noss@ amig@ de infância, carteira, secretária, turma, convívio, curso e tanta vida em que sempre exclamámos a nossa verdade e a jura mais eterna de fidelidade.

Não! Não admito que as pessoas não usem máscara na rua!
Não, não admito que sejamos cobaias de um esquema maior!
Sim, quero fazer parte da solução global!
Sim, acredito que estamos a ser enganados e chipados como um rebanho!

Quem não tem uma certeza mesmo em tempo de incertezas? Quem não exclama uma inverdade, quando sabe que apenas leu um post de uma rede social? E quantos calam uma verdade por medo?

O mundo está assim, meio com medo do outro meio. Ou metade com receio da outra metade, para ser mais sincera.

O quanto tudo isto afecta a nossa saúde mental? Como podemos confiar no que já desacreditamos? Em quem, como, quando?

Toda esta situação que nos é imposta, física e mentalmente, que nos coíbe e proíbe, que nos afasta e repele, que nos cria medo e tensão, já fez o seu papel.

E, reparem, nem precisou de dois anos para mudar o mundo. Mas, e afinal, o que ou quem realmente mudou?

Os nossos amigos que pensámos que nos eram iguais em tudo, ou nós próprios que temos, num quase repente, uma noção muito global do que é, afinal, local e muito próximo, com uma certeza impenetrável como o mais forte dos castelos?

Afinal, “se e quando isto” acabar, como podemos regressar ao que fomos?

Já pensaram, realmente, nisto? A sério? Vá lá…

*Texto escrito ao abrigo do antigo Acordo Ortográfico

-Sobre Ana Pinto Coelho-

É a directora e curadora do Festival Mental – Cinema, Artes e Informação, também conselheira e terapeuta em dependências químicas e comportamentais com diploma da Universidade de Oxford nessa área. Anteriormente, a sua vida foi dedicada à comunicação, assessoria de imprensa, e criação de vários projectos na área cultural e empresarial. Começou a trabalhar muito cedo enquanto estudava ao mesmo tempo, licenciou-se em Marketing e Publicidade no IADE após deixar o curso de Direito que frequentou durante dois anos. Foi autora e coordenadora de uma série infanto-juvenil para televisão. É editora de livros e pesquisadora.  Aposta em ajudar os seus pacientes e famílias num consultório em Lisboa, local a que chama Safe Place.

Texto de Ana Pinto Coelho

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