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ROD: “Ir contra uma norma faz parte da minha identidade como pessoa”

Rodrigo Ribeiro Saturnino é ROD. Influenciado pela igreja evangélica, o que diz ser uma marca…

Texto de Filipa Bossuet

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Rodrigo Ribeiro Saturnino é ROD. Influenciado pela igreja evangélica, o que diz ser uma marca muito comum sobre pessoas Queer no Brasil, é licenciado em Teologia e Jornalismo – quando percebeu que tinha de fazer um curso que lhe serviria de sustento. Com doutoramento e pós-doutoramento em Sociologia, é também um artista que junta as artes plásticas ao design gráfico e apresenta-se como ativista gráfico. 

Entrou para a igreja como “uma via de busca”, era adolescente, o pai e a mãe tinham-se separado, estava à procura de afeto, compreensão sobre aquela situação e a igreja serviu de acolhimento. Tinha 17/18 anos e acabou por ser “uma forma adolescente de resolver conflitos”.  Aprendeu muito lá dentro, mas a Teologia fez com que adotasse uma visão progressista, teve conflitos ideológicos com as lideranças, num momento em que estava a entrar para o ativismo, e acabou por ser convidado a sair da igreja.

“Eu estava levando aquilo para dentro da igreja com uma linguagem muito acessível e estava causando muito conflito, porque as minhas ideias eram mais subversivas” - acrescenta.

Dentro da Teologia, conheceu e compreendeu mais sobre o universo Queer e descobriu-se. “Isso me ajudou muito na questão da sexualidade”, refere ROD.

Já em 2006, termina a segunda licenciatura em Jornalismo e constrói uma empresa de comunicação, com uma sócia. Ganhou dinheiro, mas sentiu que aquele investimento privava a sua “criatividade e sentido de explorador”.

“Resolvi procurar uma alternativa para poder continuar criando e ter essa energia mais criativa e foi aí que resolvi ir para Portugal, visto que uns amigos estavam indo fazer o mestrado. Pensei que poderia ir também, ter uma experiência fora do Brasil, conhecer outro tipo de pessoas, culturas. Comecei a construir outra identidade, morri completamente e descobri que era brasileiro e não sabia. Tinha 30/31 anos. Vim em 2007 fazer o mestrado e aí comecei a minha vida de emigrante.”

Nos primeiros anos, de 2007 a 2011, entregou panfletos na rua, trabalhou em hotéis e restaurantes, até que conseguiu a primeira bolsa. Mantem-se, até hoje, na vida académica porque permite que tenha aquilo que não tinha enquanto empresário, mas diz ser “um jogo meio perverso”, porque “a vida académica em Portugal é muito precária”.

Sempre esteve relacionado com a comunicação, através das pesquisas sobre a utilização da Internet como variadas formas de viver e existir. No mestrado estudou como os emigrantes brasileiros, que moravam em Lisboa, utilizavam a rede social Orkut para manter os laços e dar sentido a uma parte das suas vidas, que tinham sido perdidas no processo migratório. Ao mesmo tempo, aproveitava esses momentos para conhecer outros brasileiros e aprender sobre a sua própria identidade brasileira.

No doutoramento estudou como as pessoas consumiam pirataria e lidavam com as questões éticas em relação a esse consumo, porque é que continuavam a consumir músicas e filmes piratas sem se sentirem ladrões. Utilizou como exemplo o Partido Pirata, um movimento internacional de formação de partidos políticos, que defendem a pirataria e que foram sendo eleitos em cargos institucionais. Fez trabalho de campo na Alemanha, na Suécia – onde surgiu o partido, Brasil e Portugal. A tese de doutoramento foi sobre pirataria no ponto de vista partidário. Dessa pesquisa lança o livro “A Política Dos Piratas : Informação, Culturas Digitais e Identidades Políticas.

No pós-doutoramento pesquisou como as pessoas ganham dinheiro na Internet através de trabalhos precários, como os realizados através de Airbnb, Uber e BlaBlaCar.

No fim, a pesquisa sobre a Internet rondou a criação de afetos, consumo de cultura e ganho de dinheiro.

“Todas as minhas pesquisas têm implicações pessoais, porque eu acredito que toda a pesquisa é feita por uma pessoa. Um investigador ou académico não é um ser extraterrestre, ou seja, de alguma forma, ele está implicado nas pesquisas que faz, e eu sempre apliquei isso como uma mais valia. Sempre me posicionei dentro das minhas pesquisas como pessoa a ser estudada também".

Entre passagens pela Entidade Reguladora da Comunicação (ERC) enquanto Analista de Media, pesquisas académicas sobre si e a sociedade a que pertence, surgem as suas criações de corpos nus negros em ereção – “não só os colocando como são, mas também apresentando-os de uma forma crítica”, e que unem desenho e pintura, no digital, com acrílico ou papel de seda, transformando Rodrigo num artista que não é “esse artista”.  Tudo isso e muito mais, faz parte dos seus 45 anos de vida, da construção do ativismo gráfico e o Gerador quis saber como.

Gerador (G.) – Quando dizes que nos teus estudos académicos te colocas como uma pessoa a ser estudada, é a nível de uma pré-pesquisa ou fazes referência do teu histórico no documento final?

Rodrigo Ribeiro Saturnino (R.R.S) – Dentro da sociologia existe um conceito que é muito utilizado por pessoas como eu, que gostam de fazer pesquisas assim, que se chama posicionalidade. A posicionalidade é quando um investigador assume que também faz parte daquela pesquisa e conta a sua história. Na época do doutoramento eu fui membro do Partido Pirata, me inscrevi como membro, fiz campanha e trabalhei como militante do partido na Alemanha, fiz palestras e ao mesmo tempo estava a estudar aquilo. Era a minha vida real e estava instrumentalizando-a para fazer pesquisa. No pós-doutoramento fiz artigos em que falo que fui anfitrião, que tive experiências que me ajudaram para isso e para aquilo. Isso não é uma coisa nova, muitos pesquisadores fazem isso, embora em Portugal exista um pouco de desconfiança no que toca à imparcialidade. Isso é tudo invenção, porque todo o mundo tem os seus juízos de valor e ele é sempre aplicado em tudo o que se faz.

(G.) – Prezas a tua capacidade de criação e isso tem que ver com o facto de decidires envergar para as bolsas, onde tens, também, a oportunidade de realizar um trabalho pessoal de construção e desconstrução. Constatando isso, como lidas com a norma?

(R.R.S) – Antes de entrar no pós-doutoramento eu trabalhei durante um ano numa empresa do governo prestando serviço como freelancer. Fiquei durante um ano e foi uma experiência muito interessante, mas meio desesperadora do ponto de vista criativo porque era uma coisa super limitante, orientada por um protocolo de que não era possível escapar. Sempre fugi dessa regulação. Ir contra uma norma faz parte da minha identidade como pessoa. Não é uma questão revolucionária. Não é ir para a rua jogar bomba, é no sentido pessoal. A norma sempre foi colocada para mim como uma coisa desconfortável. Mas vi-me nessa situação de precisar de trabalhar e fui. Nessa época, entrei num curso de pintura na Sociedade Nacional de Belas-Artes e de lá trouxe de volta uma criatividade que hoje se encontra espalhada no Instagram. Foi aí que comecei a firmar uma identidade artística relacionada às artes plásticas e descobri uma relação com um tipo de pintura, traço e abordagem voltada para as questões da sexualidade. Eu estava novamente implicado naquela arte, uma arte que representava a minha identidade. Eu tenho essa repetição de utilizar todos os processos enquanto pessoa nos processos em que estou implicado no trabalho e criação.

(G.) – O que tens de artístico no teu trabalho académico e o que tens da sociologia no trabalho artístico?  

(R.R.S) – Dentro da academia, a questão mais artística que acredito que existe no meu trabalho é a implicação pessoal que dou às minhas publicações, ou seja, eu estou lá. A minha humanidade, as minhas vulnerabilidades, a minha pessoa enquanto Rodrigo está dentro dos meus trabalhos e aproveito essa minha humanidade para transformar num produto académico. Acho que isso traz uma leveza, uma reflexão. Quem lê o texto sente essa implicação, acho que isso pode ser uma questão artística. Traz essa identidade que a arte tem muito, de representar uma situação, uma pessoa, um grupo de pessoas ou um tipo de intervenção. A arte tem essa coisa que é interventiva no ponto de vista social — ela pode ser decorativa, mas a arte que tenho tentado fazer, tem uma conotação de intervenção e eu faço essa intervenção no trabalho académico, quando estou lá. A ideia de academia é sempre essa ideia jornalística da imparcialidade. O jornalista não pode sorrir, o jornalista tem de ter uma posição, não pode falar uma palavra fora do guião.  Isso tem sido mudado, mais nos telejornais do Brasil e dos Estados Unidos, em que os jornalistas são convidados a terem uma humanidade, eles falam, brincam, sorriem e dão opinião dentro do jornal. Isso é uma coisa muito interessante de analisar e as empresas também têm criado uma relação mais humana com os seus clientes, ou seja, estão colocando essa intervenção, que é uma coisa muito informal, dentro de processos extremamente formais. Acho que o que tento fazer é dar alguma fluidez na minha escrita.

Por outro lado, a sociologia do meu trabalho artístico se relaciona quando coloco questões que envolvem um grande grupo, que é o mundo LGBT. A sociologia é o estudo dos grupos sociais e quando aplico isso no meu trabalho, não só falo sobre mim enquanto LGBT, mas também sobre pessoas que se identificam e posso criar um diálogo social e interventivo. Não é só algo estético, de desenho, cor, luz, sombra e perspetiva, mas um trabalho que se relaciona com questões sociais. A questão estética atrai o olhar e um tipo de gosto — essa estética pode favorecer a uma reflexão crítica e social sobre aquela situação retratada no meu trabalho como artista. É um retorno pessoal de descoberta própria de uma sexualidade que eu crio tanto na minha imaginação, como no desenho.

(G.) – Quais são os passos que te fazem chegar a uma obra?

(R.R.S) – No desenho — que é uma coisa que tenho feito muito mais, é diferente da pintura — que tenho feito menos. Antes de dormir, eu desenho, em vez de ler, porque eu posso imaginar coisas. Tenho uma conexão muito forte com a energia sexual, embora esteja paralisada por causa da pandemia [risos]. Ela existe e é uma coisa que não se fala muito. Os artistas geralmente têm uma vertente comercial que obriga a produzirem um tipo de arte. A arte ligada à sexualidade não é comercial, porque a sociedade não a vê como objeto artístico e porque existe uma normatividade estética que despreza a questão erótica como objeto artístico. Isso é um ponto de partida para o meu trabalho, era uma coisa que me incomodava muito porque eu não via pessoas nuas, experimentando a sua sexualidade, sendo retratadas. Eu via sempre pessoas nuas em modo de repouso, que é uma coisa muito relacionada com a ideia de natureza morta. É um corpo que não está em atividade, mas que está em pausa. Se a energia sexual é vital, ela não foi retratada ao longo da história das artes plásticas, talvez algumas artes performativas como o cinema, teatro e a dança. O ponto de partida para a minha criação é pensar sobre a energia sexual. Eu não sou um artista que faz sempre a mesma coisa, depende da minha situação e se receber algum pedido de um cliente. Eu sei que, hoje, a pintura e o desenho são marcados por um tipo de traço e a assinatura dos artistas é essa, eu faço isso mas não me limito.

(G.) – A teologia ajudou-te a compreender a sexualidade em que sentido?

(R.R.S) – Foi a minha aproximação intelectual na compreensão de Deus. Como tive uma abordagem mediada pela questão intelectual, eu desconstruí a imagem de Deus. As desconstruções desses valores aconteceram dentro da teologia porque tive acesso a um conhecimento, que não é acessível do ponto de vista normal de uma igreja cristã. Esse conhecimento não é partilhado, é para um grupo de pessoas. Não partilhar esse conhecimento é uma estratégia de controlo. Uma estratégia de dominação de um grupo de pessoas que vive num mundo mítico, de uma existência de um Deus que não gosta de outros tipos de pessoas.

(G.) – Que conhecimento não é partilhado?

(R.R.S) – É uma desconstrução interpretativa dos textos bíblicos que dão origem à doutrina, ou seja, os textos foram elaborados de uma forma política. A construção dos livros da bíblia foi elaborada pela igreja católica e depois pela igreja protestante, organizada por um grupo de homens de forma a deixar que aquilo fosse público para orientar um grupo. Na teologia você aprende a ler grego e hebraico, essa aproximação de uma língua “original” da Bíblia me fez chegar até ao texto e interpretar de uma forma muito humanizada, sem nada miraculoso. Quando eu leio o texto de uma forma humana, eu entendo que aquelas histórias eram sobre pessoas, não sobre deuses. Era uma história sobre conflitos entre pessoas, o que não retira nada da espiritualidade. A espiritualidade não tem nada que ver com a existência de Deus, tem que ver com o mundo imaginário.  Essa situação ajuda na desconstrução em relação ao Deus, que é baseado na culpa, na vergonha e nas coisas mais ocultas. Esse conhecimento não é partilhado para não desconstruir a ideia de moralidade à volta da igreja. Como a interpretação escrita do grego não tem ambiguidade – não te permite fazer duas interpretações, não é possível interpretar um texto de outra forma porque a língua original não o permite. Por mais que eu queira, estaria a corromper a leitura do texto.

Os teólogos tentam ler os textos mais aproximados do original e dão uma interpretação mais racionalizada daquela situação. O texto mais próximo do original ajuda a diminuir as ambiguidades. Essa racionalização da Bíblia é que a transforma numa coisa humana e consequentemente te liberta daquele jogo que é a religião de controlo, que muitas pessoas permanecem e outras saem. Parei de sentir culpa, de estar preocupado com a existência de Deus e de me dirigir com muita reverência, medo e cuidado, essa situação toda de que a igreja católica cristã fala.  Sinto-me privilegiado e foi o que me motivou a vivenciar a minha vida LGBT. O que aconteceu na igreja para me convidarem a sair, é que eu fui tentar pregar isso com eles.

(G.) – As tuas obras são caracterizadas visualmente por nus masculinos. Existe alguma explicação?

(R.R.S) – A arte plástica sempre usou o corpo das pessoas de qualquer forma, porque foi criada entendendo o conceito de liberdade e expressão de modo truncado, de modo que não é mais o modo atual. Eu acredito que a arte é uma coisa política – ela pode não ser, mas eu acredito que é uma intervenção social, logo, com um teor político. Se ela é política, não pode ter essa ideia de liberdade total porque tem de ser autorreflexiva, se não continua a reproduzir um ambiente de opressão. Teoricamente, não foi criada para oprimir, mas para libertar através de uma reflexão mais crítica. Quando muitos artistas vão para a rua e dizem que fazem porque podem, querem e a arte dá essa liberdade e se for limitada vai morrer, isso é um artista que não fez o seu trabalho de casa para pensar o tempo em que vive. A arte acompanha um tempo. Eu poderia pintar sobre outras épocas, mas eu não sou esse artista . Eu acredito numa arte que reflete a época em que se vive e, nesse sentido, eu preciso me posicionar, porque eu tenho a minha moral e os meus valores. Essa ideia de lugar de fala, de uma reflexão mais crítica, esteve sempre, como um desafio, em volta do meu trabalho. Acho que é uma coisa muito séria, por isso é que desenho só homens, cada vez mais homens conectados à negritude, não só, por um lugar de fala, mas por uma questão de representatividade e insistência dentro do mundo da ilustração. O que tenho tentado é representar esse corpo negro, não só para que os ilustradores brancos vejam esses corpos, mas também para que os homens negros vejam uma representação de si em ereção.  Não é uma coisa muito confortável para um outro homem negro ver uma representação de si nessa situação, pode ser constrangedor. Dentro do grupo LGBT, já é mais normatizado.

"Até quando um pau ereto de um homem negro vai incomodar os fiscais do desenho alheio? Eu coloco uma toalhinha, nas não retiro o pau não" - descrição Instagram

Pode até ser reificado por um grupo de pessoas e isso já aconteceu comigo. Pessoas mandaram-me mensagem a perguntar se eu não achava que desenhando corpos de homens negros em ereção estaria a contribuir para a reificação por parte de pessoas brancas, visto que nós não podemos produzir uma repetição do processo de objetificação desse corpo. Eu respondi que isso podia acontecer, porque as pessoas brancas recebem uma educação onde é natural reificar um corpo negro. O mesmo acontece com o facto de desenhar pénis grandes, mas os pénis grandes existem e os pequenos também — a diferença está em se ser educada para se focar apenas em pénis grandes. É um problema cultural. A arte crítica e política acaba sendo cobrada para ser a Benetton das artes, é muito armadilhoso isso.

Eu fiz uma opção, mas tentando sempre abrir um pouco o meu espectro de imaginação, para a minha própria educação imagética, sobre variadas formas de corpos e de não tentar anular um em detrimento do outro. A crítica é normal, é uma coisa que eu aceito.  Não é a minha intenção, mas o meu trabalho pode ser corrompido.

Foi também por entender que a arte plástica explorou muito o corpo da mulher como um instrumento. Muitas mulheres são retratadas por quadros feitos por homens e não é um padrão o contrário. Não me sinto confortável porque não é o meu lugar de fala e porque, as mulheres foram muito representadas de modo objetificado nas artes, e ainda o são até hoje.

(G.) – Identificas-te como Ativista Gráfico por isso?

(R.R.S) – Para se tornar arte tem de existir um sentido, caso contrário, é um artesanato. O meu desenho podia só ser decorativo, mas a minha produção é reflexiva, tanto para mim, mas também para outras pessoas. A crítica prende-se em trabalhar a questão erótica, dar visibilidade a essa questão sexual de um corpo em atividade, não só em pausa – quando falo em atividade entende-se um corpo com tesão, e dar visibilidade a uma sexualidade negra.

A sexualidade negra é completamente reificada pelo olhar racial dos europeus, caracterizada como uma sexualidade de potência, do homem negro máquina, sempre pronto para o sexo, que tem o pénis grande e está sempre pronto para atender os desejos. A construção da sexualidade do homem negro vai obedecendo a esses imaginários coloniais e o próprio absorve essa ideia de que tem de ser essa potência. Isso é nocivo porque desumaniza. Quando desenho esses corpos, eu quero transformar essa ideia, que também está na minha construção enquanto homem negro, emigrante e LGBT. De certa forma, a ilustração vai curando a minha sexualidade e as ideias coloniais acerca da sexualidade negra.

A sexualidade dos homens brancos foi construída de uma forma muito mais flexível, o homem branco não tem a exigência de ser uma potência e hoje até sente isso como uma ofensa. Pensa na questão do homem branco enquanto LGBT. Há uma autorização social para o homem branco ser gay naturalmente. Um bom exemplo é o jeito francês, com uma conotação muito gay de se ser, porque são mais delicados, requintados, e ligam a um universo muito feminino, ou seja, têm essa autorização social. Enquanto que o homem negro é duro e rígido.

(G.) – Disseste que o homem negro também acaba por ceder à forma como é visto. Alguma vez te sentiste inseguro sobre a tuas obras?

(R.R.S) – Ainda me sinto muito desconfortável porque a síndrome do impostor é recorrente na nossa vida. Nós, pessoas negras, sempre fomos questionadas, o meu processo intelectual na academia portuguesa foi muito complicado em algumas situações porque fui colocado em questão sobre a minha capacidade cognitiva — de produzir conhecimento, porque sou brasileiro. Fui confrontado com isso e outros colegas também.

Eu faço uma abordagem mais criativa e exótica, utilizando a minha identidade como matéria prima do meu trabalho, e acho que essa atração vai-me dando algum espaço.  Saí de um padrão de que os portugueses brancos não conseguem sair. Fazem sempre as mesmas coisas, são sempre avaliados pelas mesmas pessoas e quando chega alguém que é “exótica” do ponto de vista identitário, é atrativo para uma renovação na academia. Eu não convivo 24h com a academia, trabalho a partir de casa e isso me distancia do desgaste social que é conviver com a academia portuguesa. Na época do doutoramento era mais desgastante, porque tinha aulas presenciais.

O processo de diminuição da autoestima vem do Brasil, mas foi muito mais reforçado em Portugal, porque eu não tinha identidade nem empoderamento. O desenho me ajuda a criar espaços de empoderamento. O facto da ilustração não ser considerada arte também acaba por contribuir. Ilustração é desenho e desenho não é visto como arte, no ponto de vista canónico. Você não vai no museu ver ilustração. Eu considero como arte. 

(G.) – Entre outros trabalhos como o desenvolvimento de marca visual do Afrontosas, e o site institucional e identidade visual do FESTin (Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa), como foi criar o cartaz de Sakudi, o próximo filme da cineasta Lolo Arziki?

(R.R.S) –Uma coisa que acho importante desmistificar é que o processo criativo não é uma coisa muito complexa. É uma coisa muito acidental. Todo o meu trabalho é acidental. Começo a fazer uma coisa e faço algo tão banal — no meu ponto de vista—, e que fica interessante. Eu não li nenhum livro para criar o cartaz, apenas  imaginei cores – eu gosto muito de rosa, laranja e azul. Estou participando de um projeto de construção da identidade visual de uma empreendedora moçambicana, e, no processo de criação do trabalho dela, ela mostrou-me muitas estampas de várias capulanas moçambicanas, eu fui guardando aquilo. Quando a Lolo Arziki me convidou, eu fiz uma versão que era uma figura com cílios muitos grandes que parecia uma drag queen. Ela disse que estava lindo, mas que ia trazer uma dificuldade na comunicação com o público cabo-verdiano, que vai interpretar a figura do cartaz como uma drag queen. Recordei-me das capulanas como algo que pudesse criar uma identificação. A cabeça da figura são elementos das capulanas, mas com formas alteradas e com as cores que eu curto. Pode ser um turbante, a capulana, mas podem ser também várias ondas, movimentos ou coisas que estão na cabeça das identidades LGBT. Não foi uma coisa analítica, mas foi aproveitada do quotidiano do meu trabalho e da proximidade com esse universo. O contacto com a negritude, acesso à comunidade africana, com as cores vibrantes que caracterizam essa cultura ancestral, a que nós não tínhamos acesso porque a arte europeia não permitia.

(G.) – Participaste numa conversa online sobre ativismo gráfico na Feira Gráfica de Lisboa em outubro do ano passado (2020). A organização foi acusada de censura porque a gravação da conversa foi lançada contigo a fazer perguntas para quadrados pretos. Como é que te sentiste naquele momento?

(R.R.S) –Foi um racismo de edição de vídeo, porque se aquela conversa tivesse sido ao vivo seria impossível fazer a edição. Eu aceitei participar da conversa porque estava a fim de falar. Decidi fazer aquela pergunta e deu no que deu. Quando acabou a conversa, a organizadora me ligou e falou que os artistas pediram para tirar a participação deles do vídeo, porque não se sentiram confortáveis com a pergunta que eu fiz no final, que aquilo não estava combinado, e eles não gostaram da forma como responderam porque não estavam preparados. Nesse sentido, ela disse que a participação deles seria retirada. Eu disse à organizadora que tinha o direito de fazer o que quisesse porque o vídeo é dela e dei a autorização para usar a minha imagem, podendo fazer o que quisesse com ela, mas que tudo o que ela fizesse teria consequências. Falei para ela se preparar.

Passando um pouquinho, ela me ligou de novo e disse que, de facto, o vídeo iria ser retirado, porque os artistas disseram que a iam processar por uso indevido de imagem e então foi obrigada a retirar.

Eu não tinha noção da dimensão daquilo, portanto não sabia com o que estava mexendo, o que torna a coisa mais interessante porque eu estava bem abaixo deles e ainda coloquei-os mais abaixo de mim, por isso é que causou todo um conflito de egos.

Na mesma hora que a organizadora disse que ia retirar o vídeo e desligou a chamada, eu liguei para os meus amigos e falei: “olha vai rolar isso, vamos fazer o download do vídeo original”. Estava no YouTube e era simples de baixar. Muita gente baixou o vídeo e guardou. Criámos um grupo e esperámos, porque os meus amigos, que são da área artística, conheciam aqueles artistas.

Colocaram o vídeo novamente no ar, aquela coisa ridícula com os quadrados pretos sem som, nos artistas que pediram que a imagem deles fosse retirada, e eu falei a mesma coisa: “Gente vamos fazer o download da edição do vídeo que eles fizeram”. Aí começou o quebra-pau todo. Com a reação que deu, voltaram com o vídeo original. Nesse intermédio a gente foi construindo toda uma narrativa sobre o que eles estavam fazendo do ponto de vista racial e colonial. Estava tudo “na cara”.

Os artistas alegaram que aquilo que tinham pedido era para retirar tudo. A minha resposta foi que qualquer coisa que eles fizessem, seria silenciar a minha pergunta.

Naquele momento, senti-me tranquilo, já estava acostumado com as discussões por causa da academia, mas depois do vídeo editado é que eu entendi o que estava sendo feito, tanto pela Feira Gráfica, que não teve coragem suficiente para enfrentá-los, como pela Câmara Municipal, que não acionou o seu departamento jurídico para tratar da questão, porque envolvia outras pessoas. A Feira Gráfica não foi honesta porque tratou aquilo de um modo pessoal/personalizado, dando preferência para aqueles artistas. Aí eu percebi a violência que estava sendo feita. Não só consumaram o silenciamento como publicaram.

Vídeo de denúncia dos atos de censura realizado por Dusty Whistles

(G.) – A certo momento uma das oradoras diz no vídeo que “acha problemático trazer para uma prática artística o mesmo tipo de exigências políticas que nós podemos exigir de um estado, de uma instituição ou de um organismo público”. A arte é questionável?

(R.R.S) – A arte é super questionável e ela tem de ser questionável porque essa é a razão dela existir, questionar. A ideia de liberdade criativa não é a utilização deliberada de todos os tipos de situação, eu não posso fazer uma arte que representa o holocausto ou de pessoas sendo enforcadas, pessoas em sofrimento, pessoas em estado de escravidão, pois se eu fizer uma coisa dessas, tenho todo o direito e liberdade, mas hoje vou sofrer uma consequência social gigantesca, porque isso foi feito no passado.

Algumas instituições têm tentado fazer o processo de restituição – na Holanda alguns museus têm mudado o nome das obras porque são nomes relacionados a processos coloniais que ofendem as pessoas implicadas. Outro exemplo é o processo de devolução das obras que são roubadas de África.

O momento que nós vivemos hoje de fazer arte não pode ser um momento só de liberdade sem consequências. E nós estamos falando de arte europeia, que é a arte dominante. Nós não falamos de arte africana, de arte asiática, de arte indiana. Nós concentramos a ideia de arte só na arte europeia. Pelo menos no meu caso, o valor estético em relação ao produto artístico, só vem da Europa porque a dominação colonial vem da Europa e a arte vem com ela. O meu imaginário estético da arte, vem da arte europeia, e isso é uma coisa que tenho tentado fazer — desconstruir enfiando, nos meus trabalhos, referências à estética africana. Tento colocar alguma coisa que me dá uma conexão com o universo africano, com o universo brasileiro da natureza por exemplo. Referências de um outro universo que não é fixo na ideia pastel que é a arte europeia. Não têm uma cor vibrante, usar cor é outra situação ligada a uma coisa muito primitiva.

(G.) – Tens uma obra com um pássaro a transportar um pénis branco. Aquele pássaro remete a referências brasileiras?

(R.R.S) – Aquele desenho foi feito depois da conversa da Feira Gráfica de Lisboa. A ideia era de um pássaro brasileiro que arranca aquilo que representa toda a história da masculinidade do homem cis europeu, que é construída em torno do seu pénis. Toda a história do machismo, do falocentrismo é à volta do pénis, então quando aquele pássaro sai arrancando é mesmo essa ideia de que eu, que venho lá dos trópicos e que sou emigrante, arranquei um pouquinho desse ego dos homens europeus. Fiz essa obra bem depois dessa conversa. Por isso é que escrevi na descrição: “A Arte é Falha”.

“A Arte é Falha” de ROD

(G.) – O que foi necessário para passares a adotar uma postura não passiva, mas sim de forma a manter a tua sanidade mental em meio à violência? Que ferramentas utilizas?

(R.R.S) – Eu sou uma pessoa muito tranquila, mas não sou calma. O que me ajudou muito nesta situação foi a ideia de comunidade que foi sendo criada em Lisboa antes disso acontecer. Eu me senti seguro porque eu sabia que tinha outras pessoas que compreendiam e compreenderiam aquela situação junto comigo. A ideia de comunidade, de grupo de afeto, é muito potente para manter a saúde mental no ativismo. Acho que isso foi uma coisa muito positiva e fundamental. Se não fosse isso, não faria nada. Já existia um grupo que vinha antes daquele acontecimento, se eu estivesse sozinho seria incapaz de fazer qualquer coisa.

(G.) – Que outros tipos de censura já sofreste?

(R.R.S) – Se fui censurado nunca reparei, porque a gente tem essa fase na vida de não saber que está sendo censurado ou que está sofrendo racismo. Censura sofri mais no meu trabalho de arte de rua, porque as pessoas destroem muito e só a parte explícita dos desenhos. Arrancam a parte do pénis e deixam o resto do desenho lá. Mutilam simbolicamente o desenho e retiram essa região do corpo que parece não fazer parte dele, que não é uma parte humana. Nossas genitais não são humanas, são outra coisa que não pode ser mostrada. Somos ensinados a viver de modo oculto. Podemos viver contando que seja num modo privado — com muito recalque, vergonha e falta de aceitação.

Recentemente, fui convidado para fazer uma exposição no Largo Residências no Intendente e rolou uma tentativa de censura. Quando me convidaram, eu ainda fui gente boa de perguntar se eles tinham alguma restrição, porque eu desenho gente nua e eles disseram que não, que adoravam o meu trabalho. Separei os meus desenhos e enviei porque eu não estava em Portugal, mas eles queriam fazer com a Ana Stela. A exposição foi no café, não na galeria, e essas exposições são uma forma de angariar clientes, ou seja, é uma forma de usar o nosso trabalho para beneficiar vendas do café — e até aí tudo bem, não tenho problema com isso. No dia da montagem rolou um stress porque a gerente do café chegou, viu os meus desenhos e criou um “wawe” querendo tirar todos desenhos que tinham pessoas nuas e eu falei que só colocava os desenhos que selecionei ou tirava-se tudo. Ela justificou dizendo que o grupo que tem frequentado o café são os idosos, e se entrarem no café e virem esse tipo de desenho, pode assustar e diminuir as receitas. Colocaram os meus desenhos de pessoas nuas numa sala anexa do café e virou a sala censurada. Do ponto de vista simbólico, foi uma censura. As pessoas acham que nós não vamos entender que o que elas estão a fazer, é tokenismo. Tentaram pedir desculpa e disseram que a gerente foi muito inflexível e que cogitaram meter um pano preto em cima das obras, para as pessoas destaparem só quando decidirem ver o desenho.

Eu decidi não me stressar por isso e deixar estar. Se eu fosse o tipo de artista que cria conflito e faz de estrela, fazia a diva, mandava cancelar e editar o vídeo (risos) mas eu não sou esse artista porque esse é o tipo de artista que existe no padrão.

(G.) – Num destaque do Instagram dizes que “o erótico e as nudes têm o poder de libertar as mentes contra o controle normativo dos nossos corpos e desejos”. Porque dizes isso?

(R.R.S) – Obviamente que isso é um statement, uma frase de impacto. Deveria ter esse poder porque a nossa sexualidade é muito reprimida, controlada e nós temos dificuldade de lidar com ela. Muitas pessoas têm dificuldade de se enfrentar no espelho ou com outras pessoas. A sexualidade tem essa conotação libertária, mas a sua energia não é utilizada para isso — nós entendemos que a sexualidade serve apenas para dar gozo, prazer e ejaculação. É uma energia que, por si só, como é muito reprimida, tem esse poder de libertação. Usarmos matéria prima para abrir a nossa cabeça para outras formas de existência, é um caminho possível. Eu estou tentando fazer isso com todas as minhas limitações. Sou muito conservador em vários sentidos, mas é um exercício, um reconhecimento de que isso pode ser benéfico para quebrar algumas cadeias de ensinamento errado sobre isso.

(G.) – Quais são as tuas referências?

(R.R.S) – Uma pessoa que mexeu muito com a minha identidade, que talvez ajude pelo caráter confrontativo do seu trabalho, é a Lin da Quebrada. É uma pessoa que mexe muito comigo porque tem uma forma de trabalhar muito objetiva, confrontativa, crítica e acessível. Acho que essa referência tem que ver com o trabalho que tenho tentado fazer, que se resume em não ser hermético de mais para comunicar, mas trabalhar com alguma intelectualidade que seja acessível. O meu desenho tem essa conotação ilustrativa de mensagem direta e objetiva, tem muitos sentidos isotéricos, subjetivos e ambíguos. A ideia de se ser claro e diminuir a ambiguidade sem ter medo de perder os floreados, num mundo tão cheio de informação, é benéfica. A clareza tem muito que ver com a minha personalidade, é bem virginiano. Pode ser a Lin da Quebrada por agora.

(G.) – Quais serão os próximos passos?

(R.R.S) – Levo comigo uma carreira académica, que é o que me tem dado sustento e pretendo continuar a trabalhar com desenho, ilustração e pintura. Quero investir mais numa carreira artística, expor cada vez mais e entrar nesse circuito. Experimentar a situação de estar vulnerável ao olhar do outro, sendo exposto de uma forma mais física, porque o Instagram funciona como uma vitrine/ uma galeria, mas a abordagem é diferente. Queria experimentar outras abordagens de exposição dos meus trabalhos. Uma coisa para o futuro talvez seria tentar criar mais laços com essa comunidade artística, alternativa, Queer e negra, que está em Lisboa. Acho que uma coisa necessária é tentar criar uma conexão entre esses grupos que estão desconectados.

Texto por Filipa Bossuet
Fotografia da cortesia de ROD_Lx

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20 Março 2024

Fernando Rosas: “Vivemos a segunda crise histórica dos sistemas liberais do Ocidente”

18 Março 2024

Saad Eddine Said: “Os desafios do amanhã precisam ser resolvidos hoje”

6 Março 2024

Catarina Letria: «Diria que o cinema, talvez mais do que a fotografia, está muitas vezes na minha cabeça quando escrevo»

7 Fevereiro 2024

Sandra Araújo: “Qualquer Governo que venha vai ter que dar prioridade à questão da pobreza”

22 Janeiro 2024

Guilherme Proença: “A entropia é, possivelmente, o mecanismo de defesa da natureza”

3 Janeiro 2024

Amanhã com Helena Schimitz: “Nunca paramos para pensar muito no impacto que a violência tem na nossa vida”

21 Dezembro 2023

A resistência que dança: Capoeira e Danças de Rua como expressões de liberdade e identidade

Academia: cursos originais com especialistas de referência

30 JANEIRO A 15 FEVEREIRO 2024

Planeamento na Comunicação Digital: da estratégia à execução [online]

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Comunicação Cultural [online e presencial]

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Narrativas animadas – iniciação à animação de personagens [online]

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Soluções Criativas para Gestão de Organizações e Projetos [online]

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Iniciação ao vídeo – filma, corta e edita [online]

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Introdução à Produção Musical para Audiovisuais [online]

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Iniciação à Língua Gestual Portuguesa [online]

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O Parlamento Europeu: funções, composição e desafios [online]

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Viver, trabalhar e investir no interior [online]

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Planeamento na Produção de Eventos Culturais [online]

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Práticas de Escrita [online]

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Fundos Europeus para as Artes e Cultura I – da Ideia ao Projeto

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Pensamento Crítico [online]

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Jornalismo e Crítica Musical [online ou presencial]

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Investigações: conhece as nossas principais reportagens, feitas de jornalismo lento

22 ABRIL 2024

A Madrinha: a correspondente que “marchou” na retaguarda da guerra

Ao longo de 15 anos, a troca de cartas integrava uma estratégia muito clara: legitimar a guerra. Mais conhecidas por madrinhas, alimentaram um programa oficioso, que partiu de um conceito apropriado pelo Estado Novo: mulheres a integrar o esforço nacional ao se corresponderem com militares na frente de combate.

1 ABRIL 2024

Abuso de poder no ensino superior em Portugal

As práticas de assédio moral e sexual são uma realidade conhecida dos estudantes, investigadores, docentes e quadros técnicos do ensino superior. Nos próximos meses lançamos a investigação Abuso de Poder no Ensino Superior, um trabalho jornalístico onde procuramos compreender as múltiplas dimensões de um problema estrutural.

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