Roda Bota Fora estão de regresso à estrada com novos espetáculos de stand-up comedy até junho. Depois de esgotarem as salas de Lisboa, do Porto e de Mafra, Daniel Carapeto, Diogo Abreu, Duarte Correia da Silva, Guilherme Fonseca, Pedro Durão e Pedro Sousa preparam-se para continuar a terceira temporada em novos palcos nacionais.
Seis humoristas reúnem-se em palco para uma noite de stand-up entre amigos que, momentos depois, culmina numa batalha de piadas na qual o público é soberano através dos seus aplausos, assobios, comentários e expressões. Em todas as noites há um convidado surpresa que participa na competição. Por lá passaram já figuras como António Raminhos, Ângelo Rodrigues, Renato Albani e Alexandre Santos.
Em palco o que conta é o desempenho de cada um dos humoristas, o que cada um representa, aquilo prepararam ou aquilo que conseguem engendrar no momento. Não se pode dizer que haja um estilo humorístico que defina cada uma das temporadas, pois o foco está precisamente naquilo que cada humorista traz. Guilherme Fonseca relembra: “Cada um escreve e diz as piadas no seu tom. O que muda de temporada para temporada é apenas a qualidade geral de todos. Por muito que o Durão ganhe mais jogos que eu.” Ao longo destas três temporadas, renovar o humor parece ser um exercício cada vez mais exigente em cada espetáculo, mas Daniel Carapeto acredita que esta vontade de criar “continua, porque nós gostamos todos muito de fazer isto e temos sempre pica para subir a palco”.
Gostos não se discutem, mas muitas vezes não se discute precisamente outra coisa. As suscetibilidades humorísticas diferem de pessoa para pessoa, de auditório para auditório, de público para público. Para muitas pessoas a diferença entre uma piada e um insulto é rapidamente diluída e, por isso, pedimos ao Diogo Abreu para nos explicar a grande diferença entre estas duas intenções: “Quando se diz uma piada o objetivo é fazer rir, sempre. O objetivo do insulto não é fazer rir. O insulto é isso mesmo, um insulto, é ser gratuito. Agora tu argumentas ‘Mas existem piadas que são insultuosas?’ e eu respondo ‘Existem pois’. Aí a diferença está no recetor, ou seja, quem ouve a piada. Uma piada pode ser sempre um insulto e um insulto pode não ofender ninguém, acho que depende. Se eu fizer uma piada racista, por exemplo, para uns isto não vai passar de uma piada (que pode ou não ter graça) e para outros vai ser só um insulto racista (e que pode também ter ou não piada). Acho que é tudo muito relativo. A mim o que me insulta mais é a piada não ter graça. É como diz o poeta, gostos não se discutem, a não ser que fales dos meus.”
A verdade é que para este grupo é difícil viver sem o humor. Quando perguntámos ao Duarte Correia da Silva se conseguia passar um dia sem fazer uma piada respondeu-nos assim: “Sim, se estiver em coma. Ou pior, de ressaca. Num dia normal, mesmo que não escreva uma piada, estou sempre a pensar em ângulos, ideias ou projetos. Não é um esforço, é um traço de personalidade.” Na última década tem sido notória a presença crescente do papel do comediante na nossa sociedade, nomeadamente pelo espaço que foi ganhando no online, mas também em espetáculos e programas televisivos e de entretenimento. Afinal, qual será atualmente o principal papel do humor no caso específico da cultura portuguesa? Lançámos esta pergunta ao Pedro Durão: “Acho que o papel essencial do humor na cultura é meter um sorriso na cara dos portugueses que, muito por causa do fado, costumam acordar carrancudos e sem vontade de viver. O humor é como que a salvação no quotidiano de todos os habitantes deste jardim à beira mar plantado. Diria até que, sem humor, Portugal já tinha sido agregado a outro país, talvez o Canadá.”
Os bilhetes estão disponíveis online. A próximas datas incluem Aveiro (22 de abril), Castelo de Vide (9 de maio), Porto de Mós (23 de maio) e Tomar (13 de junho).