Está patente até ao dia 7 de outubro na Gulbenkian “Sarah Affonso e a Arte Popular do Minho”, uma exposição que pretende explorar, tal como o nome indica, a relação da pintora modernista com a arte popular do Minho — zona em que viveu na sua infância durante 10 anos.
A propósito do 120º aniversário de nascimento de Sarah Affonso, “cuja obra tem sido muito pouco investigada e exposta”, citando a Fundação Calouste Gulbenkian, o Museu Calouste Gulbenkian e o Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado (este último com uma exposição a inaugurar em setembro) juntam-se para uma exposição com curadoria de Ana Vasconcelos.
Evoca-se no espaço expositivo o universo de Sarah Affonso através das suas obras de pintura e, em paralelo “os objetos cerâmicos, têxteis, de ourivesaria, que formam parte do léxico visual que a inspirou e onde se incluem empréstimos de museus e colecionadores portugueses”, como explica o mesmo texto no site da fundação.
Sarah, uma artista singular
Sarah Affonso nasce em Lisboa em 1899 mas passa grande parte da sua infância (entre 1904 e 1915) em Viana do Castelo, local que serve de mote para uma grande parte da sua obra. Através das tradições, feiras, procissões e romarias, Sarah Affonso transporta para a pintura as memórias visuais que a acompanharam ao longo da vida e que demarcaram o território da sua infância e juventude.
Idalina Conde ressalta no artigo “Sarah Affonso, mulher (de) artista”, para a Análise Social, que “do Minho dizia ter guardado “um sentido das coisas antigas” e das tradições populares, depois trazidas para uma pintura que igualmente se inspirava nos “bordados” “.
Estuda pintura na Academia de Belas-Artes de Lisboa e faz a sua primeira exposição na Sociedade Nacional de Belas Artes, na mesma cidade. Segue para Paris, onde contacta conhece novos costumes, outros artistas e prepara um caminho para a emancipação — na pintura e na vida. De acordo com a RTP, Sarah é a primeira mulher a frequentar o café Brasileira, no Chiado.
O caminho pela emancipação na pintura vai-se dificultando depois de casar com Almada Negreiros, aos 35 anos, um pintor modernista cujo percurso já era reconhecido à época e com uma projeção que despertou comparações entre as obras de ambos.
É livre de comparações e associações entre a obra de Sarah Affonso e Almada que “Sarah Affonso e a Arte Popular do Minho” se apresenta na Fundação Calouste Gulbenkian. "Muitas vezes recordada como a mulher de Almada Negreiros, é uma artista de nome reconhecido e tem um percurso próprio, de assinalável qualidade, que aqui nos propomos revisitar.”, referem.