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Opinião de Cátia Vieira

Seis livros para leres este verão!

Nas Gargantas Soltas de hoje, Cátia Vieira sugere seis livros para ler este verão. “O verão é o tempo das leituras que nos prendem e que permanecem connosco até ao ano seguinte. Estes livros são aqueles que encontramos na estante anos depois e sabemos identificar onde e quando foram lidos.”

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Em Portugal, lê-se pouco. Em 2022, o Instituto de Ciências Sociais da  Universidade de Lisboa levou um inquérito a cabo para levantar as práticas culturais dos  portugueses. No caso da leitura, verificou-se que 61% dos portugueses não lêem livros  em papel. 

Na minha página de Instagram (@catiavra), sou seguida por muitos bibliófilos.  Tantos que, por vezes, tenho a sensação de viver numa bolha — uma bolha de amantes  dos livros. Nas conversas, fala-se de enredos e de livrarias a visitar. Algumas ficam perto  de casa, outras do outro lado do mundo. No entanto, há um sentimento sobre o qual se  conversa e do qual eu própria partilho: à medida que os anos vão passando e as  responsabilidades aumentam, há uma tendência para se ler menos. Existem várias  estratégias para contrariar essa rumo (tema para outro artigo!), mas não podemos negar  que o verão se destaca como a estação ideal para pegarmos naquele livro que tem  estado na estante à nossa espera.  

Nesta época, queremos livros que nos façam esquecer a sesta na praia, porque  não conseguimos parar de ler. Precisamos de livros que nos levem a Itália e nos remetam  para paixões antigas. Procuramos a sensualidade do tempo quente e obcecar com  personagens que nos parecem reais. O verão é o tempo das leituras que nos prendem e  que permanecem connosco até ao ano seguinte. Estes livros são aqueles que  encontramos na estante anos depois e sabemos identificar onde e quando foram lidos.  Não sabes o que levar contigo em agosto? Encontra a próxima memória nesta lista: 

1. O Belo Verão de Cesare Pavese

Escrito em 1940, mas publicado em 1949, este romance explora as dinâmicas na  amizade de Ginia, uma aventureira de dezasseis anos, e de Amelia, uma jovem  sofisticada, que já se move pelo meio cultural boémio. Juntas, envolvem-se num mundo  novo. A inocência da Itália rural fica para trás e perseguem a liberdade e sensualidade tão  propícia da estação quente. A escrita de Cesare Pavese é envolvente e vívida, dando-nos  a sensação de percorrer os mesmos trilhos em terra ou sentir a aragem italiana que entra  pelas janelas das casas das personagens. Por esse motivo, não é surpreendente que o  romance tenha sido galardoado com o Prémio Strega, em 1950.  

2. Cleópatra e Frankenstein de Coco Mellors 

Coco Mellors, no seu romance de estreia, apresenta-nos personagens cativantes e  um ritmo de enredo que, tal como a cidade de fundo, nunca para. Cleo mudou-se de  Inglaterra para Nova Iorque para fugir aos seus traumas. Anda de festa em festa, mas  continua praticamente só. Quando o seu visto de estudante está a terminar, conhece  Frank, um homem vinte anos mais velho. Ele tem um negócio de sucesso e aparenta ter  uma estabilidade que fascina Cleo. Perto dele, ela poderá ser feliz e livre para se dedicar  à pintura. Um visto de residente também está ao seu alcance. Por outro lado, Cleo  introduz Frank a um mundo artístico e mais espontâneo, tornando-se também numa razão  para ele levar uma vida mais saudável. Mas nem tudo é perfeito… 

Este é um romance tocante e viciante, que deixa o seu rasto. Acabei-o há meses e  ainda dou por mim a reflectir sobre as personagens e alguns dos diálogos. A ser adaptado  para uma série de televisão atualmente, esta é a oportunidade ideal para se ler Cleópatra  e Frankenstein.  

3. O Último Verão em Roma de Gianfranco Calligarich

E estamos de regresso a Itália. Li este romance curto, no verão anterior, enquanto  estava na Sardenha e foi coup de foudre, como dizem os franceses. Intenso, melancólico  e deprimente são termos que utilizaria para descrever O Último Verão em Roma e, na  minha modesta opinião, esses são os principais ingredientes de que necessitamos. O pior  que pode acontecer é chorarmos no areal. A melhor parte é que ninguém quer saber.  

Neste livro, Leo Gazzarra passa os dias e noites a deambular por Roma com  Arianna ou alcoolizado com o seu amigo Graziano. Determinados tópicos como a solidão,  a multidão, a cidade, as incertezas e a falta de propósito destacam-se neste romance, que  nos arrasa com o seu final.  

4. Perder-se de Annie Ernaux

A presença de Annie Ernaux nesta lista não surpreenderá quem me segue. Um dos  temas principais de Perder-se é a obsessão e é precisamente isso que costumo sentir em  relação aos livros da autora francesa. O tempo passa, mas os resquícios da leitura  permanecem.  

Neste diário, Ernaux narra-nos de forma crua e direta a relação intensa que  manteve com um diplomata russo, mais jovem e casado. Desprovida de uma linguagem  estilizada e com mais detalhe, a escritora apresenta-nos a mesma relação retratada em  Uma Paixão Simples. 

5. Tudo é Rio de Carla Madeira 

Tudo é Rio da autora brasileira Carla Madeira é uma leitura compulsiva.  Provavelmente, é um daqueles títulos que se começa e se termina no mesmo dia. Lucy é a prostituta mais concorrida da cidade. Já Dalva, por oposição, é uma  mulher tradicional e está casada com um homem ciumento, Venâncio. Os três  protagonizam um triângulo amoroso, que desafia o carácter e os limites. O que mais me  cativou neste breve romance foi a linguagem livre e ousada que, sem dúvida, se destaca  e não se esquece.

6. Chama-me pelo Teu Nome de André Aciman 

Tinha de terminar a lista de sugestões com este livro nostálgico e melancólico, que  nos apresenta um romance intenso, tendo como fundo a sensual Riviera italiana. É lá que  um rapaz de dezassete anos e um convidado dos seus pais, que é estudante  universitário, se cruzam e se apaixonam, ao longo das férias de verão. A intimidade e  cumplicidade que surge entre ambos é poética e inesquecível. Depois de nos rendermos  às palavras de Aciman, fica a belíssima e sensorial adaptação cinematográfica para se  ver numa quente noite de verão!

-Sobre Cátia Vieira-

Cátia Vieira diz que não tem ídolos, mas chorou quando o Leonard Cohen e a Joan Didion morreram - e até sabe o mapa astral deles. Também diz que não é grande fã de pessoas, mas não pára de ler livros que esmiuçam a mente humana. Por isso, é que estudou Estudos Portugueses e frequentou o Doutoramento em Modernidades Comparadas, na Universidade do Minho. Como se já não lesse muito (o T1 está a ficar pequeno para as gatas e livros), também escreve. Lola, o seu primeiro romance, foi publicado em 2021, pela Penguin Random House, e encontra-se, neste momento, a escrever a sua segunda obra. À noite, dá-lhe para escrever poesia. Também trabalha como directora criativa na Selafano e fundou a Alma Interior Design Studio, uma marca de design de interiores. Vive em Braga e publica as suas leituras e ideias sobre a vida e o mundo em @catiavra. 

Texto de Cátia Vieira
As posições expressas pelas pessoas que escrevem as colunas de opinião são apenas da sua própria responsabilidade.

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